Desenganem-se
aqueles que pensam que os brasileiros que estão agora a colonizar-nos regressarão
um dia ao Brasil, porque eles vieram para ficar, estão por todo o lado, não se
importam de ter filhos e são cada vez mais. Nem todos os que vieram e vêm são descendentes
directos e exclusivos de portugueses, o que não impede que alcancem a nossa
cidadania e venham a ser pais de uma nova leva de portugueses. A maioria dos
que chegam vem para trabalhar e é de baixo nível cultural (há excepções), mas a
língua comum vem em seu auxílio e depressa se integram. Também não faltam
turistas brasileiros, os mais endinheirados e aqueles que já cá têm família a
residir. Como difícil é não encontrar um brasileiro, ontem, no decorrer do
treino, deparámo-nos com uma família vinda de Brasília, constituída por um
casal de avós, gente de meia-idade, por um filho advogado e um netinho que não
herdou da avó os olhos azuis, que vieram a Portugal visitar parentes.
Encantados com as prestações do CPA Bohr, acabaram por interagir a gosto com
ele e constituíram-se em obstáculos humanos, proeza que coube à avó e ao neto.
Na foto acima vemos o Pastor lobeiro literalmente a rastejar por debaixo do
garotinho que por pouco não foi parar ao chão. Na foto seguinte podemos ver a
avó e neto a constituírem-se num obstáculo vertical, com a avó a abrigar o neto
como as galinhas fazem com os pintos (avó é avó!).
Estava
na cara que aquela gente era descendente de portugueses, denunciados que foram
pelos seus traços fisionómicos. Se porventura falassem o português de Portugal,
dificilmente alguém diria que eram brasileiros, julgá-los-iam do norte do País,
donde provavelmente terão vindo os seus antepassados, considerando a sua baixa
e atarracada estatura, os olhos e cabelos claros e a ausência de melanina nas
mãos, não se lhes antevendo outras origens a não ser a peninsular. Durante 30
minutos conviveram connosco e com o Bohr, um cão de que dificilmente se esquecerão, pelo que fizeram com ele e pelas muitas fotografias que lhe tiraram.
E o Brasil em Portugal é tal, que há momentos em que pedimos uma informação na rua e alguém acaba por nos responder dolentemente no gerúndio. O Brasil acima do Equador está a crescer “a olhos vistos”, o que não é de espantar, porque fomos para lá de barco em viagens que duravam meses e os brasileiros chegam-nos semanalmente de avião! E o mais engraçado disto tudo, é que precisamos destes imigrantes para suportar o nosso estado social, porque o Portugal dos portugueses tem “velhos do Restelo” a mais e jovens dispostos à aventura a menos. Sim, quer nos agrade ou não, bem depressa as margens do Ipiranga serão trocadas pelas dos rios portugueses. Como já hoje acontece, quando a velhice e a doença nos baterem à porta, olharemos à nossa volta e possivelmente só veremos brasileiros! À parte disto, Brasília apresentou-se e esteve connosco.
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