segunda-feira, 18 de setembro de 2023

COREIA DO SUL: CELEUMAS À VOLTA DA PROIBIÇÃO DO CONSUMO DA CARNE DE CÃO

 

Os legisladores sul-coreanos estão a ponderar a introdução de uma nova lei que proíba a venda e o consumo de carne de cão no seu país. Esta nova lei irá receber o nome da esposa do presidente Yoon Suk-yeol e da primeira-dama Kim, uma defensora dos direitos e do bem-estar dos animais. Esta semana no Facebook, o legislador do Partido do Poder Popular (PPP), Park Dae-chul, escreveu: “É Chegada hora de acabar com o consumo de cães”, na certeza de que o projecto de lei passe por um processo completo de revisão parlamentar. O principal partido da oposição, o Partido Democrata, muitas vezes conhecido por lutar contra a administração Yoon, também concordou em apoiar a medida, segundo informou o South China Morning Post. Esta legislação está a ganhar apoio nas redes sociais, com muitos sul-coreanos a chamar de “bárbaro” o acto de consumir carne canina.

Com o passar dos anos, a carne canina tem vindo a perder cada vez mais clientes, porque os jovens preferem outras carnes. Porém, como seria de esperar, a decisão governamental de proibi-la totalmente acabou por causar sérias preocupações na indústria da carne de cão na Coreia do Sul, por colocar em risco os meios de subsistência de várias pessoas (temos pena!). Muitos questionam também o porquê do nome da primeira-dama para a nova lei. No início de abril, Kim Keon Hee (na foto seguinte) prometeu acabar com o consumo da carne de cão, o que enfureceu os proprietários das fazendas de carne canina, que a acusaram de tirar “o direito às pessoas de comer”. Yoo Seong-min, um antigo líder do PPP, criticou alguns parceiros políticos por desmaiarem com a Primeira Família e por promoverem uma “democracia liberal” como um “comunista totalitário”. “Aqueles (legisladores do PPP) que trataram o presidente como um deus e o lisonjearam de maneira genial, estão agora estão a lisonjear também a primeira-dama”, disse ele, adiantando que foi a primeira vez que viu uma lei receber o nome da esposa de um presidente.

Entendo perfeitamente as declarações de Yoo Seong-min e acho que fazem todo o sentido, porque nas sociedades orientais e nisso reside a sua força, tradicionalmente, os governantes tendem a ser divinizados e os chefes venerados. É possível que a atribuição do nome da primeira-dama à nova lei seja abusiva, mas o que importa para os sul-coreanos do presente e do futuro é que o consumo da carne de cão seja banido, muito embora ninguém saiba se no futuro se verão ou não obrigados a este consumo – espera-se que não!

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