terça-feira, 12 de setembro de 2023

DATURA STRAMONIUM: DONOS E CÃES NÃO DEVEM COMER “FIGOS” DESTA FIGUEIRA

 

Pessoas e cães estão rodeados de plantas espontâneas ou invasoras que tanto podem contribuir para a sua sobrevivência como para a sua morte, algumas mais conhecidas, outras esquecidas e outras completamente desconhecidas, que dependendo da sua toxidade, depois de ingeridas, poderão ser fatais. Por causa disto, quem tem crianças e cães não se pode dar ao luxo de ter as plantas que quer no seu quintal ou jardim, por mais bonitas e apelativas que sejam. Como não podia deixar de ser, esta não é a primeira vez que me debruço sobre o tema, mas hoje vou dedicar exclusivamente este artigo à DATURA STRAMONIUM, nome científico para uma planta herbácea exótica e invasora, erecta e anual a que popularmente chamamos de FIGUEIRA-DO INFERNO, planta que não deverá ser ingerida por ser tóxica, chegando a ser fatal em doses mais elevadas, estando esta espécie disseminada de norte a sul de Portugal continental, onde é também conhecida por estramónio, erva-do-diabo, erva-das-bruxas, erva-dos-mágicos, figueira-brava, castanheiro-do-diabo e pomo-espinhoso, entre outros nomes.

Esta espécie tóxica, devido a presença de várias substâncias alcalóides, de onde se destacam a atropina e a escopolamina, que provocam uma acção neurotóxica ao actuar sobre o sistema nervoso parassimpático, causando sintomas de delírio, sendo perigosa para o homem, para os animais de estimação e para o gado. Toda a planta é altamente tóxica, o que faz com que a ingestão do seu sumo, das suas sementes ou de um chá feito a partir das suas folhas causem séria intoxicação com efeitos muito fortes e graves, tais como alucinações, ansiedade, confusão e em alguns casos causar coma. Os efeitos no sistema nervoso iniciam-se normalmente 1 hora após a ingestão e ter uma duração de 24 a 48 horas. As alucinações causadas por esta planta tanto podem ser visuais como auditivas e quando severas acabam por ser uma ameaça, não só para o intoxicado, mas também para os outros. A hipertermia (alta temperatura corporal) pode também resultar da ingestão desta herbácea, que interfere no arrefecimento do corpo, podendo tornar a pele ruborizada e seca ao toque.

A somar a isto, a Figueira-do-Inferno aumenta a pulsação e a tensão arterial, uma vez que a atropina contida na planta pode causar arritmia cardíaca ou outra anormalidade no ritmo cardíaco, podendo inclusive causar uma paragem cardíaca, como já foi noticiado. Pode ainda causar náuseas e vómitos em alguns indivíduos, para além de retenção urinária ou incapacidade de urinar, porque os compostos químicos presentes na planta são anti-espasmódicos, podendo interferir na capacidade da bexiga de se contrair e libertar a urina do corpo, o que geralmente leva ao aumento da sede, condenando os indivíduos à necessidade imediata de ingestão de líquidos (uma intervenção médica para evitar complicações do sistema urinário pode ser necessária aos indivíduos que não conseguem esvaziar a bexiga após tê-la usado). Pode ocorrer ainda a diminuição do trânsito gastrointestinal, o que impede o organismo de expelir os produtos químicos da planta, efeito que tende a durar por um longo período de tempo.

Penso que não é preciso dizer mais nada sobre a perigosidade desta herbácea para pessoas e animais. Na suspeita do seu cão ter ingerido parte desta planta, os seus ouriços ou sementes, leve-o de imediato ao veterinário. Nessa impossibilidade ligue imediatamente para o CIAV do INEM (Centro de informação Antivenenos) através do número 800 250 250. Para não dar ideias a ninguém nem subsídios para os inimigos dos cães, não vou divulgar aqui as várias maneiras de eliminação de sentinelas caninas e vulnerabilizar os seus proprietários através do uso da Datura, ao invés, e esse é meio dever, vou adiantar medidas e conselhos para evitar que os cães venham a ser intoxicados por esta planta. A eliminação total e completa destas plantas é a medida mais importante a tomar para quem tem crianças e cães. Para além de extremamente perigoso, é anedótico ter um hotel ou uma escola canina rodeados de figueiras-do-inferno, como é completamente descabido ter um cão de guarda rodeado de plantas destas, porque melhor não se poderia armar um ou mais ladrões. Assim, a eliminação desta planta tóxica deverá ser feita no interior das nossas propriedades, nos terrenos limítrofes e nos caminhos que lhes dão acesso. Com a falta de cautela que por aí vai, caso a sorte não protegesse os incautos, há muito que o azar teria sido coroado rei!

É evidente que um cão pode ser ensinado a detectar a Figueira-do-Inferno e a não comê-la, o que seria altamente recomendável e de grande utilidade, atendendo à perigosidade desta planta, que ainda por cima tem um odor distintivo, o que auxilia de sobremaneira a sua detecção. Como há na nossa flora mais plantas e ervas tóxicas do que se julga, quando se fala em bater determinado território antes de se soltar um cão, não estamos apenas a falar de acidentes naturais, de animais silvestres, armadilhas ou de produtos químicos nocivos, mas também da presença das plantas tóxicas mais conhecidas, muitas vezes causadoras graves problemas para a saúde dos animais. Todos temos que saber e conhecer quais as plantas tóxicas mais comuns para nós e para os nossos fiéis amigos.

PS:A Datura Stramonium é também usada para a produção de medicamentos.

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