Um
veterinário camarário japonês, YORIYUKI OKUDA, residente
na Província de Gifu, na Ilha de Honshu, é o presidente de um projecto
comunitário local chamado “TOMONAWA”,
que
significa em japonês um companheiro ou um amigo muito próximo. O projecto visa
apoiar os donos idosos dos animais de estimação, quer eles sejam cães, gatos ou
porquinhos-da-índia. Se há um lugar no mundo onde os animais de estimação são
muito populares, esse lugar é o Japão. Também ali a consciência do bem-estar
animal tem vindo a aumentar e muitos proprietários de animais de estimação
idosos querem que os seus animais sejam exemplarmente cuidados, desejo que o
projecto comunitário Tomonawa garante e pretende continuar a garantir.
A
coisa funciona assim: os membros deste projecto pagam uma contribuição fixa
para o fundo comunitário, bem como contribuições mensais e o grupo assume os
cuidados com os respectivos animais caso os seus donos não tenham condições de
fazê-lo. No caso do falecimento dos donos, o grupo Tomonawa garante que os
animais não irão parar a um abrigo, cuidando deles. Ao aderir ao grupo Tomonawa,
os novos membros pagam uma taxa única de 100.000 ienes (aproximadamente 634
euros) e uma taxa de 1.000 ienes (aproximadamente 6,34 euros) mensalmente. Eles
também deverão concordar em pagar pelo menos um milhão de ienes
(aproximadamente 6.340 euros) para que o animal possa ser cuidado até ao fim da
sua vida, se necessário, o que poderá ficar lavrado num testamento. Até ao
momento, o projecto, que foi fundado em 2017, cuidou de seis cães e gatos cujos
donos morreram ou não conseguiram continuar a tratar deles sozinhos. Alguns dos
animais também puderam ser colocados em novas famílias, o que foi excelente.
Apesar
dos custos reais dos cuidados variarem de animal para animal, no Tomonawa todos
pagam a mesma quantia, no que é semelhante a um seguro. É assim que se apoiam
uns aos outros e isso distingue-os dos serviços clássicos de cuidados com
animais de estimação, que podem rapidamente tornar-se caros nos casos
particularmente complexos. Projectos comunitários como o Tomonawa ainda não
estão muito difundidos no Japão. Yoriyuki Okuda gostaria de mudar isso. “O nosso
objectivo é popularizar os sistemas de assistência comunitária como uma opção e
espalhá-los por todo o Japão”, disse ele. Um projecto destes tem pernas para
andar em qualquer parte do mundo e os mais empreendedores já pensarão em lares
ou em cadeias de lares de alta qualidade para cães!
Para
os mais interessados adianta-se que no extremo oeste do Japão, um projecto
semelhante está em andamento na província de Fukuoka - o Café Gatto – uma
mistura entre um café para gatos e um abrigo para animais. Recentemente têm afluído
ao café muitos filhos e parentes de donos de animais idosos que estão preocupados
com o bem-estar dos animais, o que obrigou o Café Gatto a lançar o seu próprio
programa comunitário. Os membros devem depositar 3.000 ienes (aproximadamente
19 euros) por mês durante três anos, bem como um pagamento único de 500.000
ienes (aproximadamente 3.160 euros) para cobrir custos futuros. Se necessário,
o café assumirá o cuidado integral do respectivo gato até ao fim da sua vida. Atendendo
aos valores solicitados, os pedidos de inclusão no programa continuam a
aumentar. No café suspeitam que a pandemia do Covid-19 contribuiu para que mais
pessoas tomassem precauções na eventualidade de situações imprevistas. Kaoru
Togita, que dirige o Café Gatto, também enfatiza o mesmo: “Existem
surpreendentemente poucos passos que você pode tomar quando alguém decide que
não pode tratar mais de um animal de
estimação”, disse ela, esperando que mais ofertas sejam desenvolvidas e que os
donos de animais de estimação as considerem.
Tendo em conta que nos lares portugueses já existem mais cães do que crianças e que muitos casais ao não terem filhos optam por substituí-los por cães, os lares para cães vão ter forçosamente que existir, quer provenham de projectos comunitários ou da iniciativa privada, porque são já hoje viáveis e necessários, podendo vir a ser altamente rentáveis de acordo com a filosofia e a respectiva concepção dos projectos. Por mais estranho ou bizarro que nos pareça e por pior que nos soe aos ouvidos, a verdade é esta: tudo o que as crianças tiveram, os cães já têm ou virão a ter!
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