Devido
à quantidade de meios usados e ao carácter implacável das perseguições,
instintivamente, torno-me solidário com os foragidos nos Estados Unidos, porque
a desproporção de forças é tal que dificilmente escaparão com vida e eu penso
que ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém. Duas semanas depois de se
ter evadido de uma prisão na Pensilvânia, nos Estados Unidos, o brasileiro
Danilo Cavalcante de 34 anos (na foto seguinte), foi finalmente preso numa área
arborizada depois que uma aeronave captou o sinal do seu calor durante a noite.
Foi perseguido por mais de 500 polícias desde a sua fuga ocorrida no passado
dia 31 de agosto, depois de ter sido condenado a prisão perpétua por ter matado
em abril de 2021 a sua ex-namorada na frente dos seus dois filhos pequenos.
Numa entrevista colectiva, o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, disse que
Cavalcante foi “detido sem nenhum tiro” pouco depois das 8h, horário local (12h
GMT), de onde, quarta-feira, exaltando o “trabalho extraordinário” da aplicação
da lei pela captura de Cavalcante. A polícia disse aos repórteres que uma
equipa de busca composta por patrulhas montadas, cães e aeronaves se espalhou
pela floresta de South Coventry Township sob chuva e trovões durante a noite.
A
polícia foi atraída para Cavalcante por um alarme anti-roubo de uma residência.
Um avião da Drug Enforcement Administration captou um sinal de calor no solo à
01h00, mas a aeronave teve que cessar as suas buscas devido ao mau tempo. Uma
equipa tática com cerca de duas dezenas de polícias começou a aproximar-se da
fonte de calor por volta das 04h00, localizando Cavalcante quatro horas depois.
O tenente-coronel da Polícia do Estado da Pensilvânia, George Bivens, disse numa
entrevista colectiva: “Eles conseguiram avançar muito silenciosamente.
“Cavalcante não se apercebeu de que estava cercado até que isso aconteceu, o
que não o impediu de tentar escapar”. "Ele começou a rastejar pela
vegetação rasteira, carregando consigo a sua espingarda (roubada)." Uma
unidade texana da Alfândega e Protecção de Fronteiras dos EUA, com pelo menos
um cão, fazia parte desta equipa tática. O cão, um pastor Belga Malinois de
quatro anos chamado Yoda, “subjugou” Cavalcante enquanto este tentava fugir, averbando-lhe
uma “pequena mordida”. “Ele continuou a resistir, mas foi levado à força sob
custódia”, disse o tenente-coronel Bivens. Cavalcante ficou com “um ferimento
no couro cabeludo” e será “avaliado clinicamente” antes de ser levado para uma
prisão, disseram autoridades.
Depois
desta captura efectuada pelo Pastor Belga Malinois (na foto abaixo), o nome “YODA”
não dirá só respeito à personagem de ficção científica criada pelo realizador norte-americano
George Lukas para as “Star Wars” e não significará apenas “Guerreiro” ou “Aquele
que sabe”, independentemente da palavra provir do sânscrito ou do hebraico,
porque o nome reporta-se também a um valente cão e por causa dele significará
doravante também “Aquele que captura”. Depois de ter visto tanta gente armada
até aos dentes, pensei que a morte do foragido brasileiro seria inevitável e
tê-lo-ia sido se o cão não tivesse entrado em acção – sim, o cão salvou-lhe a
vida!
Brevemente,
Cavalcante comparecerá no tribunal sob a acusação de fuga por crime, disse o
procurador-geral da Filadélfia num comunicado. Imagens dos media locais mostram
o brasileiro algemado com um blusão sujo dos Philadelphia Eagles, a ser
escoltado até uma carrinha preta blindada da polícia. Uma grande equipa de polícias
em uniformes camuflados é vista a posar para várias fotos com o seu prisioneiro
tal como foi encontrado antes de ser encerrado no veículo. O tenente-coronel
Bivens disse que “não que ele não se sentiu nada incomodado” com o facto de os
policiais terem tirado as fotos. "Estes homens e mulheres trabalham
arduamente em circunstâncias muito difíceis. Eles estão orgulhosos do seu
trabalho", disse ainda aos repórteres. Os três comissários do condado de
Chester disseram num comunicado conjunto que a captura de Cavalcante “acaba com
o pesadelo das últimas duas semanas”. Eles disseram que as autoridades
penitenciárias fizeram “algumas mudanças imediatas para reforçar a segurança naquela
prisão”, incluindo a contratação de novos guardas para os serviços de
segurança. Uma semana depois de ter sido condenado à prisão perpétua sem
liberdade condicional, Cavalcante “amarinhou como um caranguejo” entre duas
paredes e escalou uma cerca de arame farpado para escapar da prisão do condado
de Chester, cerca de 50 quilômetros a oeste da Filadélfia, onde aguardava
transferência para uma nova instalação. O seu método de fuga foi o mesmo
utilizado por outro preso, Igor Bolte, em maio.
A flagrante falha de segurança na prisão e a evasão do fugitivo solitário de uma caçada humana movida por policias equipados com óculos de visão nocturna, cães, drones e apoio aéreo durante duas semanas envergonharam as autoridades. Os residentes do condado de Chester ficaram nervosos perante vários avistamentos recentes, com uma estação de TV local a relatar até um aumento de vendas nas lojas de armas. Durante a fuga, a polícia disse que Cavalcante tentou entrar em contacto com associados, incluindo a sua irmã. Ela não o ajudou e mais tarde foi levada sob custódia por violação da lei de imigração. Na terça-feira, alertaram que o assassino fugitivo havia entrado numa garagem aberta da região e fugido com uma espingarda de calibre 22 enquanto o proprietário da casa disparava vários tiros na sua direção. Familiares da ex-namorada que ele assassinou, Deborah Brandão, estão sob proteção policial 24 horas por dia. A fuga e a prisão de Cavalcante ganharam as manchetes no seu país natal, onde usuários das redes sociais comemoraram o fim da caçada humana. Numa entrevista ao site de notícias brasileiro G1, a irmã de ex-namorada assassinada disse que a prisão de Cavalcante “traz muito alívio”. “Tínhamos medo que ele se vingasse da minha família”, disse Sílvia Brandão ao canal. “Ficámos com muito medo porque sabemos do que ele é capaz.” Para além de assassinar Deborah Brandão, Cavalcante é também acusado de assassinar em 2017 um jovem amigo por causa de uma dívida não paga no estado do Tocantins, no centro do Brasil. Tão depressa não voltaremos a ouvir falar dele, a menos que volte a fugir e, se o fizer, dificilmente terá a mesma sorte!
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