Ontem
dei mais uma lição ao binómio Maria/Dobby objectivando o melhor preparo da dona
e consolidar a sociabilização do animal. Debaixo deste propósito, foi o binómio
levado para locais bastante concorridos por pessoas, nomeadamente esplanadas
onde muita gente vai beber um copo ao final do dia e relaxar depois do
trabalho. No entanto, era importante que o Dobby começasse a ter contacto
directo com alguém para além da dona e do Adestrador, o que não era de todo uma
tarefa fácil. Sem hesitar, levei o binómio para o meio de uma feira temática
que dava as boas vindas aos visitantes e despedia-se deles através de
diferentes mandalas (foto acima). Numa pequena barraca-stand, encontrámos uma
simpática oleira a trabalhar, também mãe de três filhos e psicóloga social, que
consegui convencer a ajudar-nos na recuperação do Pastor Alemão, apesar dela
ter dito no final da experiência que nunca tinha sentido os seus esfíncteres
tão contraídos. A primeira coisa que lhe pedimos foi dar água ao cão (foto
abaixo), aproveitando que o animal estava com sede. Depois de algumas
lambidelas, o Dobby, como é seu mau-hábito, depois da oleira o ter olhado olhos
nos olhos, começou a fixá-la e preparava-se para varrê-la, o que não veio a suceder
pela minha pronta intervenção.
Apesar do insucesso da experiência anterior, a oleira ainda se disponibilizou para oferecer biscoitos ao cão, exactamente os da sua preferência, vindos da mochila e das mãos da sua dona. O Dobby abocanhou os biscoitos rápida e suavemente, sem nunca ter lambido as mãos à oleira conforme sempre faz à sua condutora.
A
partir daí, o cão sentiu-se mais à vontade com a nova patroa da comida e acabou
por ir dar um pequeno passeio com ela, que evoluía tão petrificada quanto o
barro cozido. Mas tudo correu bem e correu porque o Dobby já assimilou os
comandos básicos da obediência e ainda não foi sujeito ao treino da
contra-ordem, capacitação que acontecerá lá mais para diante, quando se
encontrar verdadeiramente sociabilizado, porque doutro modo tornar-se-ia
descontrolado.
Pouco
a pouco, a oleira, de uma simpatia e disponibilidade inexcedíveis, ao tornar-se
mais confiante, foi-se soltando e lá ia conseguindo esboçar alguns sorrisos do
tipo “parece que desta já me livrei!” A foto seguinte espelha o que acabo de
dizer.
Agradecemos
vivamente a colaboração da oleira e não lhe comprámos nada, porque nada tinha
naquele momento para vender. Se há uma Pátria onde os psicólogos são
desvalorizados e mal remunerados essa é a nossa, onde todos se julgam
psicólogos e treinadores de bancada. Despedimo-nos daquele local depois de
apreciarmos atentamente uma magnífica mandala (1).
Para a semana retomaremos os trabalhos
com o até aqui insurrecto Dobby, esperançados em fazer dele um cão capaz, um
companheiro que jamais volte a pôr em cheque a sua dona, isto se para tanto ela
nos ajudar. Que tenham os dois um bom fim-de-semana, é o que eu desejo!
(1)Mandala é m representação geométrica da relação dinâmica entre o homem e o cosmos, uma figura geométrica em que um círculo está circunscrito num quadrado ou vice-versa. Esta figura possui divisões mais ou menos regulares e é dividida por quatro ou múltiplos de quatro. Uma mandala é também uma espécie de yantra (instrumento, meio, emblema) que nas diversas línguas da Península Indostânica significa “círculo”. As mandalas outra coisa não são do que diagramas rituais geométricos que correspondem a determinado atributo divino e podem também ser uma manifestação de encantamento (mantra).
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