sexta-feira, 29 de setembro de 2023

O DOBBY NAS MÃOS DE UMA OLEIRA

 

Ontem dei mais uma lição ao binómio Maria/Dobby objectivando o melhor preparo da dona e consolidar a sociabilização do animal. Debaixo deste propósito, foi o binómio levado para locais bastante concorridos por pessoas, nomeadamente esplanadas onde muita gente vai beber um copo ao final do dia e relaxar depois do trabalho. No entanto, era importante que o Dobby começasse a ter contacto directo com alguém para além da dona e do Adestrador, o que não era de todo uma tarefa fácil. Sem hesitar, levei o binómio para o meio de uma feira temática que dava as boas vindas aos visitantes e despedia-se deles através de diferentes mandalas (foto acima). Numa pequena barraca-stand, encontrámos uma simpática oleira a trabalhar, também mãe de três filhos e psicóloga social, que consegui convencer a ajudar-nos na recuperação do Pastor Alemão, apesar dela ter dito no final da experiência que nunca tinha sentido os seus esfíncteres tão contraídos. A primeira coisa que lhe pedimos foi dar água ao cão (foto abaixo), aproveitando que o animal estava com sede. Depois de algumas lambidelas, o Dobby, como é seu mau-hábito, depois da oleira o ter olhado olhos nos olhos, começou a fixá-la e preparava-se para varrê-la, o que não veio a suceder pela minha pronta intervenção.

Apesar do insucesso da experiência anterior, a oleira ainda se disponibilizou para oferecer biscoitos ao cão, exactamente os da sua preferência, vindos da mochila e das mãos da sua dona. O Dobby abocanhou os biscoitos rápida e suavemente, sem nunca ter lambido as mãos à oleira conforme sempre faz à sua condutora.

A partir daí, o cão sentiu-se mais à vontade com a nova patroa da comida e acabou por ir dar um pequeno passeio com ela, que evoluía tão petrificada quanto o barro cozido. Mas tudo correu bem e correu porque o Dobby já assimilou os comandos básicos da obediência e ainda não foi sujeito ao treino da contra-ordem, capacitação que acontecerá lá mais para diante, quando se encontrar verdadeiramente sociabilizado, porque doutro modo tornar-se-ia descontrolado.

Pouco a pouco, a oleira, de uma simpatia e disponibilidade inexcedíveis, ao tornar-se mais confiante, foi-se soltando e lá ia conseguindo esboçar alguns sorrisos do tipo “parece que desta já me livrei!” A foto seguinte espelha o que acabo de dizer.

Agradecemos vivamente a colaboração da oleira e não lhe comprámos nada, porque nada tinha naquele momento para vender. Se há uma Pátria onde os psicólogos são desvalorizados e mal remunerados essa é a nossa, onde todos se julgam psicólogos e treinadores de bancada. Despedimo-nos daquele local depois de apreciarmos atentamente uma magnífica mandala (1).

Para a semana retomaremos os trabalhos com o até aqui insurrecto Dobby, esperançados em fazer dele um cão capaz, um companheiro que jamais volte a pôr em cheque a sua dona, isto se para tanto ela nos ajudar. Que tenham os dois um bom fim-de-semana, é o que eu desejo!

(1)Mandala é m representação geométrica da relação dinâmica entre o homem e o cosmos, uma figura geométrica em que um círculo está circunscrito num quadrado ou vice-versa. Esta figura possui divisões mais ou menos regulares e é dividida por quatro ou múltiplos de quatro. Uma mandala é também uma espécie de yantra (instrumento, meio, emblema) que nas diversas línguas da Península Indostânica significa “círculo”. As mandalas outra coisa não são do que diagramas rituais geométricos que correspondem a determinado atributo divino e podem também ser uma manifestação de encantamento (mantra).

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