Ao
escrever sobre esta raça canina que me é tão querida e que tão bem conheço,
estou simultaneamente a prestar homenagem a um cão destes que viveu comigo 23
anos – o Faruk – que nunca me exigiu nada, nem sequer me aborreceu, tudo fez
para me agradar e sempre se mostrou feliz, apesar de ter o mau hábito de urinar
nas pernas das senhoras de odor mais forte, o que desagradava profundamente as
visadas, que eram sempre as mesmas e que obrigava algumas a espreitar antes de
saírem de casa e outras a mudar de caminho para evitarem o incómodo. O OLD ENGLISH SHEEPDOG (OES) é
famoso pela sua natureza suave e agradável, abundante pelagem desgrenhada, um
característico andar de urso e extrema agilidade. Cão excursionista, bastante
interactivo, rústico, forte e saudável, que exige ser tratado com boas
maneiras, tem ainda como qualidades ser vigilante, corajoso, afectuoso e
inteligente, também paciente e protector, um cão de guarda sensato que avisa
alto e que é óptimo para as crianças e outros animais de estimação, podendo
concorrer a provas de beleza, obediência, agility e pastoreio. Porém, esta raça
grande e ossuda, apesar se adaptar bem à vida num apartamento, requer diariamente
caminhadas e brincadeiras (jogos). Contrariamente ao que se julga, o Old
English Sheepdog não larga tanto pêlo como se imaginaria à partida.
Quanto
ao exercício físico de que carece, o OES requer alguma actividade física
regular, subsistindo na raça indivíduos com níveis de actividade diferentes.
Todavia, eles costumam “desligar o botão” quando entram em casa. Apesar de
teimoso, este cão é inteligente e razoavelmente fácil de treinar, abomina repetições
sistemáticas, usa preferencialmente a memória afectiva e responde francamente à
recompensa. No ensino, pode participar em aulas colectivas sem qualquer
problema, tende a bloquear com a coerção e o stress, a marcha é o andamento
natural que mais usa, transita de andamentos razoavelmente e o seu galope é
mais elástico do que abrangente. Saltos forçados ou corridas em superfícies
duras deverão ser evitadas até que estes cães tenham pelo menos 2 anos de idade
e as suas articulações estejam totalmente formadas, o que não impede que sejam
sociabilizados precocemente. Os conteúdos de ensino a ministrar-lhes deverão
pressupor a diversão e a novidade de tarefas – há que evitar a todo custo que
fiquem entediados.
O
Old English Sheepdog exige uma alimentação de alta qualidade, quer seja ração
ou comida confeccionada. A quantidade que um cão adulto deverá comer irá
depender do seu tamanho, idade, constituição, metabolismo e nível de
actividade. Sobre a actividade há ainda a dizer que estes cães aguentam as
amplitudes térmicas porque o seu manto permite o arrefecimento quando necessário
e os raios solares não o aquecem em demasia. Como cada cão é um caso (estamos a
falar de indivíduos), nem todos precisam da mesma quantidade de comida. Como a
raça apresenta tendência para a obesidade, é extremamente importante que os
donos verifiquem regularmente o peso dos seus cães, havendo o cuidado de não
superalimentá-los, daí a necessidade de observar o consumo de calorias e o seu.
As guloseimas que fazem autênticos milagres no treino, não devem ser dadas em
demasia para não lhes causar obesidade. Os cinco problemas de saúde que mais
afectam o OES são: displasia coxo-femoral; cataratas; atrofia progressiva da
retina; hipotireoidismo e surdez, achaques bastantes comuns nas raças grandes e
nos cães de pelo encaracolado.
O Old English Dog, também conhecido por
BOBTAIL, é
um cão curto de origem britânica, com eixos crânio-faciais superiores levemente
divergentes o que lhe permite facilmente encontrar pistas recentes e transitar
para o galope com alguma facilidade (apesar de nada ter de retriever, pode ser
um excelente nadador). Como não é de grandes explosões e é afectuoso, é o companheiro
ideal para as crianças e um parceiro vistoso para as senhoras. Poderá ser o parceiro
ideal para um idoso desde que possa fazer exercício por si e tenha espaço para
isso. Cão típico do ambiente rural, pode executar na perfeição a condução de
rebanhos e a guarda de propriedades. Mas se você é daqueles donos que defende a
máxima de “donos em casa; cães no canil”, então não adquira um OES, porque eles
não suportam ser privados da companhia e do calor das pessoas. Muito mais
haveria a dizer sobre este extraordinário cão, que hoje se vê tão pouco, um
companheiro capaz de nos acompanhar para todo o lado, uma prenda excelente para
um garoto e um verdadeiro subsídio de ensino para quem se quer lançar no
adestramento e que não tem pretensões a ser Rambo.
PS: Em termos de similitude, principalmente de carácter, não obstante ser mais pequeno, o cão que cá temos mais parecido com o Bobtail é o Cão de Água Português, um anjo que é igualmente teimoso.
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