quinta-feira, 28 de setembro de 2023

OLD ENGLISH SHEEPDOG: UMA QUESTÃO DE CLASSE

 

Ao escrever sobre esta raça canina que me é tão querida e que tão bem conheço, estou simultaneamente a prestar homenagem a um cão destes que viveu comigo 23 anos – o Faruk – que nunca me exigiu nada, nem sequer me aborreceu, tudo fez para me agradar e sempre se mostrou feliz, apesar de ter o mau hábito de urinar nas pernas das senhoras de odor mais forte, o que desagradava profundamente as visadas, que eram sempre as mesmas e que obrigava algumas a espreitar antes de saírem de casa e outras a mudar de caminho para evitarem o incómodo. O OLD ENGLISH SHEEPDOG (OES) é famoso pela sua natureza suave e agradável, abundante pelagem desgrenhada, um característico andar de urso e extrema agilidade. Cão excursionista, bastante interactivo, rústico, forte e saudável, que exige ser tratado com boas maneiras, tem ainda como qualidades ser vigilante, corajoso, afectuoso e inteligente, também paciente e protector, um cão de guarda sensato que avisa alto e que é óptimo para as crianças e outros animais de estimação, podendo concorrer a provas de beleza, obediência, agility e pastoreio. Porém, esta raça grande e ossuda, apesar se adaptar bem à vida num apartamento, requer diariamente caminhadas e brincadeiras (jogos). Contrariamente ao que se julga, o Old English Sheepdog não larga tanto pêlo como se imaginaria à partida.

Quanto ao exercício físico de que carece, o OES requer alguma actividade física regular, subsistindo na raça indivíduos com níveis de actividade diferentes. Todavia, eles costumam “desligar o botão” quando entram em casa. Apesar de teimoso, este cão é inteligente e razoavelmente fácil de treinar, abomina repetições sistemáticas, usa preferencialmente a memória afectiva e responde francamente à recompensa. No ensino, pode participar em aulas colectivas sem qualquer problema, tende a bloquear com a coerção e o stress, a marcha é o andamento natural que mais usa, transita de andamentos razoavelmente e o seu galope é mais elástico do que abrangente. Saltos forçados ou corridas em superfícies duras deverão ser evitadas até que estes cães tenham pelo menos 2 anos de idade e as suas articulações estejam totalmente formadas, o que não impede que sejam sociabilizados precocemente. Os conteúdos de ensino a ministrar-lhes deverão pressupor a diversão e a novidade de tarefas – há que evitar a todo custo que fiquem entediados.

O Old English Sheepdog exige uma alimentação de alta qualidade, quer seja ração ou comida confeccionada. A quantidade que um cão adulto deverá comer irá depender do seu tamanho, idade, constituição, metabolismo e nível de actividade. Sobre a actividade há ainda a dizer que estes cães aguentam as amplitudes térmicas porque o seu manto permite o arrefecimento quando necessário e os raios solares não o aquecem em demasia. Como cada cão é um caso (estamos a falar de indivíduos), nem todos precisam da mesma quantidade de comida. Como a raça apresenta tendência para a obesidade, é extremamente importante que os donos verifiquem regularmente o peso dos seus cães, havendo o cuidado de não superalimentá-los, daí a necessidade de observar o consumo de calorias e o seu. As guloseimas que fazem autênticos milagres no treino, não devem ser dadas em demasia para não lhes causar obesidade. Os cinco problemas de saúde que mais afectam o OES são: displasia coxo-femoral; cataratas; atrofia progressiva da retina; hipotireoidismo e surdez, achaques bastantes comuns nas raças grandes e nos cães de pelo encaracolado.

O Old English Dog, também conhecido por BOBTAIL, é um cão curto de origem britânica, com eixos crânio-faciais superiores levemente divergentes o que lhe permite facilmente encontrar pistas recentes e transitar para o galope com alguma facilidade (apesar de nada ter de retriever, pode ser um excelente nadador). Como não é de grandes explosões e é afectuoso, é o companheiro ideal para as crianças e um parceiro vistoso para as senhoras. Poderá ser o parceiro ideal para um idoso desde que possa fazer exercício por si e tenha espaço para isso. Cão típico do ambiente rural, pode executar na perfeição a condução de rebanhos e a guarda de propriedades. Mas se você é daqueles donos que defende a máxima de “donos em casa; cães no canil”, então não adquira um OES, porque eles não suportam ser privados da companhia e do calor das pessoas. Muito mais haveria a dizer sobre este extraordinário cão, que hoje se vê tão pouco, um companheiro capaz de nos acompanhar para todo o lado, uma prenda excelente para um garoto e um verdadeiro subsídio de ensino para quem se quer lançar no adestramento e que não tem pretensões a ser Rambo.

PS: Em termos de similitude, principalmente de carácter, não obstante ser mais pequeno, o cão que cá temos mais parecido com o Bobtail é o Cão de Água Português, um anjo que é igualmente teimoso.

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