quinta-feira, 21 de setembro de 2023

VAMOS LÁ FALAR ACERCA DA RAIVA

 

Ao falar sobre este assunto, sinto-me grato às anteriores gerações de portugueses que através da vacinação eliminaram do nosso território a raiva, doença terrível que continua a matar dezenas de milhares de pessoas pelo mundo afora, cabendo-nos agora a nós manter o País livre deste flagelo que tanto sofrimento causa aos infectados que conseguem sobreviver-lhe. Ontem, a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS) pronunciou-se mais uma vez sobre a raiva, adiantando que é uma doença viral evitável por vacinação que ocorre em mais de 150 países e territórios; que causa dezenas de milhares de mortes todos os anos, principalmente na Ásia e em África, 40% das quais são crianças com menos de 15 anos de idade; que os cães são a principal fonte de mortes humanas por raiva, contribuindo com até 99% de todas as transmissões de raiva para humanos.

A raiva pode ser prevenida através da vacinação de cães e da prevenção das suas mordeduras; que após uma potencial exposição de pessoas a um animal raivoso, elas podem valer-se da profilaxia pós-exposição (PEP), que consiste na lavagem imediata e completa da ferida com água e sabão por 15 minutos, uma série de vacinações anti-rábicas e, se indicado, a administração de imunoglobulina anti-rábica ou anticorpos monoclonais, que podem salvar vidas. Globalmente, a raiva causa um custo estimado de 8,6 mil milhões de dólares por ano e que uma abordagem de saúde única garante o envolvimento de múltiplos sectores e comunidades locais para consciencializar e conduzir campanhas de vacinação em massa de cães.

Depois de enunciar estes factos importantes sobre a raiva, a OMS, num capítulo que denominou de “Visão Geral”, faz saber que esta doença viral zoonótica, evitável por vacinação, afecta o sistema nervoso central. Assim que os sintomas clínicos aparecem, a raiva é virtualmente 100% fatal. Em até 99% dos casos, os cães domésticos são responsáveis pela transmissão do vírus da raiva aos humanos. No entanto, a raiva pode afectar animais domésticos e selvagens, espalhando-se para pessoas e animais através da saliva, geralmente através de mordeduras, arranhões ou contacto directo com mucosas (olhos, boca ou feridas abertas). Crianças entre 5 e 14 anos são vítimas frequentes. A raiva está presente em todos os continentes, excepto na Antártica, com mais de 95% das mortes humanas a ocorrer na Ásia e na África.

Contudo, os casos de raiva raramente são notificados e os números registados diferem muito da carga estimada. A raiva é uma das doenças tropicais negligenciadas (DTN) que afecta predominantemente populações já marginalizadas, pobres e vulneráveis. Embora existam vacinas e imunoglobulinas humanas eficazes para a raiva, estas muitas vezes não estão prontamente disponíveis ou acessíveis aos necessitados. Gerir uma exposição à raiva, onde o custo médio da profilaxia pós-exposição à raiva (PEP) é actualmente estimado em uma média de 108 dólares americanos (juntamente com custos de viagem e perca de renda) pode ser um fardo financeiro catastrófico para as famílias afectadas, cuja renda diária média pode ser tão baixa como de 1 a 2 dólares por pessoa.

Todos os anos, mais de 29 milhões de pessoas em todo o mundo recebem PEP. Estima-se que isso evite centenas de milhares de mortes por raiva anualmente. Globalmente, o fardo económico da raiva transmitida por cães é estimado em 8,6 mil milhões de dólares por ano, além do trauma psicológico não calculado para indivíduos e comunidades. Como já se disse, a raiva é uma doença evitável por vacinação. A vacinação de cães, incluindo cachorros, é a estratégia mais rentável para prevenir a raiva nas pessoas porque interrompe a transmissão na sua origem. Além disso, a vacinação canina reduz a necessidade de PEP. A educação sobre o comportamento canino e a prevenção de dentadas, tanto para crianças como para adultos, é uma extensão essencial dos programas de vacinação contra a raiva e pode diminuir tanto a incidência da raiva humana como o fardo financeiro do tratamento de dentadas caninas.

Estão disponíveis vacinas muito eficazes para imunizar pessoas após uma exposição (como PEP) ou antes de uma exposição à raiva. A profilaxia pré-exposição (PrEP) é recomendada para pessoas com certas ocupações de alto risco como trabalhadores de laboratório que manuseiam raiva viva e vírus relacionados com a raiva e pessoas cujas actividades profissionais ou pessoais possam levar ao contacto direto com morcegos ou outros mamíferos que possam estar infectados com raiva (funcionários de controlo de doenças animais e guardas florestais). A PrEP também pode ser indicada para viajantes ao ar livre e pessoas que vivem em áreas remotas e altamente endémicas para a raiva, com acesso local limitado a produtos biológicos anti-rábicos.

Porque não era meu objectivo reproduzir na íntegra o documento da OMS (que está ao dispor de todos), mas alertar para a importância da vacina anti-rábica para a saúde da população mundial, não reproduzi ou comentei os capítulos relativos aos Sintomas, ao Diagnóstico, à Transmissão e à Profilaxia pós-exposição (PEP), o que não me impede de realçar aqui os perigos do tráfego de animais vindo do Leste europeu e de outros continentes, onde a raiva não foi ainda irradiada, razão que continua a justificar de sobremaneira a vacinação anti-rábica dos cães nascidos em Portugal. Infelizmente, e isto dói, as doenças são implacáveis com os miseráveis!

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