Sem
querer faltar ao respeito às respectivas vítimas, que são dignas de toda a
minha solidariedade, todas as calamidades valem vários de dias de notícias,
assim aconteceu com o terramoto em Marrocos, está a acontecer com as inundações
na Líbia e virá também a acontecer com o American Bully-XL, agora apanhado no
meio de uma verdadeira caça às bruxas no Reino Unido, não sendo por isso de estranhar
que a imprensa britânica procure diariamente relatar para os seus leitores
novos incidentes envolvendo este valente e perigoso cão norte-americano. No
bairro de Castlemilk, na cidade escocesa de Glasgow, no passado dia 1 de Maio,
Zuko, o American Bully-XL de Gary Mulligan, jovem de 28 anos, atacou até à
morte o Yorkshire Terrier Milly, propriedade de Agnes Donaldson. Zuko derrubou
a Sra. Donaldson antes de agarrar e sacudir Milly violentamente. O Yorkshire
terrier sofreu perfurações no rim e teve que ser abatido. Mulligan admitiu
possuir um cachorro perigosamente fora de controlo. O pulso da Sra. Donaldson
foi partido em dois lados quando ela caiu na sequência do ataque. Uma placa de
metal teve que ser inserida no seu pulso e ela viu-se obrigada a usar um
aparelho ortodôntico.
Diz-se que a raça bully XL teve a sua origem nos Estados Unidos no final da década de 1980, quando os Pit Bull Terriers Americanos e os American Staffordshire Terriers foram cruzados. Desde então, eles híbridos foram cruzados com outras raças para criar um cão ainda mais musculoso e robusto. Um incidente em Birmingham no fim-de-semana foi o mais recente de uma série de ataques recentes e que obrigaram a secretária do Interior, Suella Braverman, a investigar se a raça deveria ou não ser banida. O xerife John McCormick (na foto seguinte) ordenou que Mulligan, o dono do cão que matou o Yorkshire, fizesse 300 horas de trabalho não remunerado, além de lhe impor a proibição de ter cães durante 10 anos (dez anos de pois dificilmente se agradará de um cão igual). McCormick disse: “Aqueles que escolhem ter esses animais como animais de estimação devem aceitar as responsabilidades e consequências que daí decorrem”. O tribunal ouviu que a senhora Donaldson se encontrava a caminhar naquela área com sua sobrinha-neta de dois anos e seu cachorro de quatro. Zuko, o American Bully Terrier - descrito como grande e musculoso - foi avistado à distância sem supervisão. A dita Donaldson sentiu-se intimidada e foi-se embora. A delegada do Ministério Público Katie Bell disse a propósito: “O cão grande começou a correr em direcção ao cão de Agnes Donaldson.
“Agnes
tentou abraçar o seu cão para protegê-lo, mas o cão grande atirou-se a ela,
fazendo-a cair sobre o pulso. “Quando ela caiu, Donaldson deixou cair o seu cão
e o seu grande oponente conseguiu alcançá-lo e imediatamente começou a
mordê-lo, agarrando-o pela mandíbula e sacudindo-o violentamente.” O tribunal
ouviu que o ataque só parou depois que Zuko avistou outro cão mais pequeno e
foi atrás dele. Milly foi levada a um veterinário, mas Donaldson foi informada
mais tarde que o seu cão tinha morrido. Zuko foi posteriormente abatido por
motivos médicos, pois sofria de dificuldades respiratórias. Marisa Borland, advogada
de defesa de Mulligan, disse ao tribunal que o seu cliente reconheceu não haver
adotado as medidas adequadas, dizendo: “Ele aceita total responsabilidade pelo
cachorro estar sob seu controle e tem contrição e empatia apropriadas sobre o
que aconteceu e que aconteceu na frente de uma criança pequena. "Ele
(Mulligan) aceita que é uma ofensa grave." O xerife McCormick concluiu: “O
público está muito atento às pessoas que optam por ter um animal de estimação
desta natureza e aqueles que o fazem devem aceitar as consequências de deixar
de cuidar deles adequadamente”.
Não há dúvida que a desmesurada agressividade dos American Bully-XL está longe de ser uma mera coincidência, como não é ocasional a sua força e envergadura, factores que automaticamente dispensam a maioria dos donos de virem a ter um cão assim, considerando a robustez física que lhes é exigida e a necessidade objectiva e absoluta do controlo dos cães – estamos de facto diante de um cão potencialmente perigoso e por isso mesmo condenado ao extermínio nos moldes actuais. Contudo, todo o alarido que é feito à sua volta transtorna as pessoas e trá-las com os nervos à flor da pele – a caça às bruxas já começou!
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