sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

PÓRTICO LATINO: UMA JANELA MULTIFUNCIONAL

Quando montámos a nossa primeira pista táctica na Avessada em 1992, foram muitos os curiosos que nos visitaram, intrigados com a disposição do percurso e com a natureza dos obstáculos, algo que lhes parecia surrealista, de difícil execução e pouco préstimo. Um dos obstáculos que mais os intrigou foi o “Pórtico Latino”, uma janela de pedra encimada por um vértice, assim baptizada pelo seu desenho neo-clássico, a lembrar as casas latinas de duas águas no telhado, o nosso 11º primeiro obstáculo do perímetro exterior que se presta ao aquecimento e manutenção dos atletas caninos, porque todas as transposições rasam o salto natural e cada um dos obstáculos é de índole diferente. Da Avessada até aos dias de hoje, só no território nacional, montámos mais 4 pistas tácticas e o “Pórtico Latino” fez-se presente em todas elas.
O “Pórtico Latino” é uma janela que serve a invasão, a ocultação e a evasão dos cães, uma herança das pistas militares e policiais que se expandiu por todos os continentes, alcançando nomes diversos nas diferentes latitudes, mas servindo os mesmos propósitos, ainda que a configuração comum se remeta exclusivamente ao quadrado de transposição, normalmente com 60cm de lado e elevado do solo à mesma altura. Quando a altura da janela ultrapassa o valor a atrás indicado, estamos na presença de treino específico que visa a preparação dos cães para as situações reais, circunscrito à altura média das janelas de determinado lugar. Quando ela é inferior aos 60cm ou o quadrado é maior, o obstáculo tem um duplo propósito: a iniciação aos obstáculos tipo alvo e a indução aos que lhe dão continuidade, segundo a sua sequência natural e grau de dificuldade (pneu, bóia, tambor, arco e arco do fogo).
A distância horizontal do quadrado de transposição em relação à extremidade do corpo do aparelho indicar-nos-á o seu uso mais frequente e método utilizado para a sua transposição: se exceder os 40cm de cada lado, destina-se a cães conduzidos em liberdade ou aos iniciados pelo adiantamento do seu condutor em relação ao obstáculo, que estabelecendo um segmento de recta entre a sua posição e a do cão garante a transposição segura; se tiver até 40cm, vislumbra-se o ensino à trela ou a celeridade na sequência natural. Do mesmo modo, a espessura do obstáculo também nos indicará qual a mais-valia procurada e os cães a que se destina: quando é inferior a 15cm, procura-se a transposição rápida e a condução em liberdade; quando tem 15cm ou mais, pretende-se aumentar a extensão do salto, recorrer à trela ou dar apoio aos cães para facilitar a sua transposição. Por norma, porque o consideramos um obstáculo de manutenção e indutor, guardamos 40cm para cada lateral do quadrado de transposição e damos-lhe 15cm de espessura. Os materiais que usamos para a sua elaboração ou obedecem à arquitectura do local ou ao fim procurado, podendo ser de alvenaria, réplicas de muros de pedra ou até de madeira (neste caso convém que tenham um caixilho metálico).
De técnica rudimentar para os condutores, o “Pórtico Latino” é um dos obstáculos ideais para iniciar as crianças no mundo dos percursos tácticos, desenvolvendo nelas o desejo de ir adiante, facto difícil de acontecer se as convidássemos para obstáculos mais técnicos, compostos ou complicados, que exigiriam da liderança um mimetismo próprio, outro saber, experiência e maior estímulo. Ao longo da nossa história assim procedemos, convidando todos os infantes recém-chegados para a sua prática.
O “Pórtico Latino” ou janela de invasão sempre fez parte do treino canino das polícias metropolitanas, como subsídio para as manobras de cerco e de surpresa, responsáveis pela captura de marginais, armados ou não, considerando a salvaguarda dos animais, fazendo-se também presente nas pistas militares como preparação contra a guerrilha urbana e como parte integrante de forças de assalto. Quando ao “Pórtico Latino” suceder o concurso aos muros (paliçadas), os cães estarão melhor apetrechados para o combate casa a casa. O salto da janela é também importante para os cães de busca, salvamento e resgate, particularmente diante de terramotos ou de outros cataclismos, quando importa detectar sobreviventes e prestar-lhes socorro, sendo por isso mesmo incorporado nos percursos de pistagem. Por outro lado, verificando-se essas circunstâncias, o salto da janela possibilita ainda a evasão do cão quando roubado, em risco ou em aflição.

BALOIÇAR PARA NÃO TREMER E CHEGAR A TEMPO

Muito antes do Agility surgir, já o baloiço era usado nos cães de utilidade, policiais e militares, como preparação para os cães de guerra e salvamento, prática que remonta aos alvores do séc. XX, muito embora os cães circenses o tenham vindo a utilizar mais cedo. Mais de que um mero obstáculo de competição, o baloiço presta-se a robustecer o carácter dos cães, pelo que todos devem ser convidados para a sua prática e se possível desde cachorros, para que vençam os seus medos e possam evoluir confiantes para os obstáculos a que dá entrada: passadeiras, pranchas, plataformas e pontes oscilantes, que baloiçam em diferentes direcções e divergem em comprimento, largura e altura. Como o baloiço visa a procura do ponto de equilíbrio e a partir dele a saída segura do animal, acaba por subsidiar também o transporte aéreo, marítimo e fluvial dos cães, dotando-os da serenidade que possibilita a procura do equilíbrio e a consequente adaptação aos diferentes meios de transporte.
O baloiço mais comum nos centros caninos portugueses é de 300X34X54cm, porque é barato (por vezes oferecido), fácil de executar e possibilita a prática do agility. Contudo, visando a capacitação específica e a maior autonomia canina, qualquer pista táctica deveria ter vários obstáculos desta índole. O baloiço como os demais obstáculos, são subsídios de ensino a não desprezar, porque cada um deles oferece uma ou mais-valias para a salvaguarda e desempenho dos cães, robustecendo-lhes o carácter pelo peso da experiência e pelo contributo do desenvolvimento físico que aumenta a sua capacidade de resolução. Os cães dedicados à prestação de socorro (detecção, resgate e salvamento), sem o concurso dos obstáculos oscilantes, verão comprometida a sua actuação e raio de acção, terão que ser carregados e causarão delongas fatais para quem vier a precisar deles.

O MAU HÁBITO DE PÔR O CÃO NO MEIO DAS PERNAS

Alguns cães adoram colocar-se no meio das pernas dos donos, particularmente os cachorros e as cadelas, fazendo delas um refúgio ou uma cabana, hábito que de imediato deverá ser contrariado e abolido, considerando a salvaguarda desses animais, dos outros cães e das pessoas que connosco se cruzam, independentemente do serviço ou função a que se destinem. E isto porquê? Porque uma vez acomodados à posição e estando ali a gosto sem qualquer comando de imobilização, tendem a atacar quem deles se aproximar, cães e pessoas, porque sentem “as costas quentes” e não vêem com bons olhos tanto a passagem como a abordagem de estranhos, avançando para cima deles sem ordem para o efeito, o que nos cães pouco sociabilizados e ciumentos é mais do que certo. Por outro lado, tal hábito pode ser fatal para os cães de guarda, que uma vez acostumados à posição, poderão não estranhar que um intruso lhes faça o mesmo e acabe por dominá-los, por imobilização ou deslocação dos ombros, se o cão for de golpe único e nisso persistir. Fica o aviso!

ENTERRAR O PASSADO E ACREDITAR NO FUTURO

O Alex é um Cocker vermelho adulto que foi resgatado num canil de adopção, ignorando-se por completo donde veio e pelo que passou. Adoptado pela João, tem mostrado fenómenos de agressividade e ausência de sociabilização, carregando sobre qualquer cão e descarregando também na dona. Um número considerável de cockers vermelhos não precisa de grandes motivos para se comportar assim, acabando alguns abatidos, abandonados ou desprezados. Conhecedora das dificuldades do cão e apostada na sua recuperação, a João trouxe-o para o treino e ele tendo vindo a melhorar, revelando uma aptidão e disponibilidade pouco esperadas.
Até ao alcance das alterações desejadas, que breve surgirão, para além de maior acuidade técnica, a condutora necessita de se concentrar e de não se deixar trair pelas emoções, libertando o Alex do stress e recompensando-o de acordo com as suas vitórias. Bem sabemos quão difícil é a um desempregado com mais de quarenta anos ter paz e manter a serenidade depois de ter sido mordido. Mas uma coisa é certa: diante do descalabro não adianta perder a cabeça, já que a perca da esperança é pior do que a desgraça, porque precisamos de clarividência para continuar a lutar. Não podemos apagar o histórico do Alex, mas podemos enterrar o seu passado pela novidade de procedimentos que produz a alteração. Recuperar o cão irá ser mais fácil do que recuperar a dona, porque o animal vai para onde o levam e a dona vê-se num beco sem saída. Os arrufos do Alex não serão também reflexos da instabilidade da João? Por vezes, homens e cães são muito iguais, porque uns não têm perspectiva de futuro e os outros sucumbem às agruras do presente. Força João, nós acreditamos em ti, oxalá o exemplo do Alex te sirva de estímulo para ires mais adiante!

MASTER: A HISTÓRIA DO PATINHO FEIO

O Master e o seu irmão Lobinho, ambos excelentes cães de trabalho, nasceram dum beneficiamento há muito procurado que visava a recuperação das qualidades laborais presentes nos CPA’S da primeira metade do Sec. XX, o que felizmente neles veio a suceder. Infelizmente o Lobinho morreu precocemente. Melhor sorte teve o Master que acabou pertença do Dr. José Gabriel, um advogado cuja classe, elegância e espírito de sacrifício associadas ao cuidado, ao empenho e à paixão, fizeram dele um cão estimado e um verdadeiro campeão. Ao contrário do seu irmão, que sempre foi muito bonito e parecia um boneco de peluche, o Master até aos 4 meses de idade parecia um “bicho-do-mato”, porque era desconfiado e pouco agradável à vista, vindo posteriormente, quando atingiu a maturidade sexual, a evidenciar rara beleza e uma parceria invejável. Se a beleza lhe veio da ascendência, o carácter foi-lhe também moldado pela dona, uma senhora que o adorava e que passava a maior parte do tempo com ele, alguém que não esquecemos e de quem sentimos falta, uma amiga cuja morte nos empobreceu.
Até aos sete meses de idade, o Master era um atleta desajeitado, “um quebra-paus”, dando a sensação de ter nascido avesso aos obstáculos. No mesmo espaço de tempo “pendurava-se à esquerda” e rebocava o dono, inviabilizando o “junto” e estoirando o seu condutor, homem há muito arredado do exercício físico. Pouco a pouco e com uma pequena ajuda nossa, o binómio começou a destacar-se e o Master passou de marreta a mestre, tanto na ginástica quanto na obediência, atingindo performances físicas pouco vistas e uma obediência inquestionável. Certa vez, lá para as bandas da Serra do Calvo (Lourinhã), numa pista táctica mal elaborada, copiada pela nossa, sem contudo obedecer às suas escalas, o que tornava aqueles obstáculos quase impossíveis de transpor, o Master conseguiu vencê-los à primeira e sem qualquer dificuldade. Para se ter uma ideia aproximada da capacidade de resolução deste excelente pastor, convém ver com atenção a foto que se segue, um obstáculo composto pela Ponte-Quebrada e pelo Tambor. A Ponte-Quebrada encontra-se aberta a 2m e o tambor ao centro também elevado a 2m, assente sobre duas verticais, com um comprimento de 80cm e uma abertura ogival de 60x45cm. Como se pode ver pela posição da cauda, o Master foi surpreendido no 1º momento da transposição, dentro do tambor e quando se preparava para alcançar o 2º bloco da Ponte Quebrada.
Dono de uma elasticidade, força e precisão extraordinárias, sendo seguro, sereno e valente, para além de generoso e bem sociabilizado, o Master veio a revelar-se um exímio nadador, próprio para a tracção e um excelente cão de terapia, sendo inúmeras vezes utilizado como embaixador da escola junto das crianças, que o adoravam e acabavam por conduzi-lo. Apesar de guardar e guardar bem, o patinho feio que virou cisne, serviu de mestre e incentivo para os cães mais jovens na prática da endurance, disciplina que parecia ter sido feita para ele, já que nela ultrapassou tudo o que havia para vencer, apesar de cão urbano e de companhia.
Testado em altitude e chamado a trabalhar nos mais variados ecossistemas, hábil na transição dos simulacros para as situações reais, evidenciando com isso a supremacia dos códigos absorvidos, que lhe garantiam a adaptação fácil, o Master era capaz de se ginasticar sobre tudo que aparecesse, para sua alegria, gáudio do dono e espanto de quem assistia.
O Master e o Lobinho foram, em termos de criação, a resposta à alternativa norte-americana do Pastor de Shiloh, já que nasceram com 1/8 de branco na construção, contribuição visível no focinho de ambos, sem máscara e com as faces brancas, apesar de ambos não ultrapassarem os 68cm de altura e os 40kg de peso. Por causa dessa infusão, contrária ao estalão actual da raça, que irradiou os exemplares brancos da sua selecção, nenhum deles teve qualquer registo. O Master cresceu na Escola ao lado do PM, um gato siamês que o acompanhou nas aulas e que o ajudou na sociabilização, um companheiro diferente que via como igual.
Muito mais haveria para dizer acerca do Master, que apesar de velhinho continua ao lado do dono, descansando agora das tarefas que tão bem cumpriu, enquanto cão escolar, de companhia, trabalho e terapia. Virá a desaparecer mais rápido do que a sua memória, porque foi único e excepcional, um amigo disponível, franco e leal como poucos, o nosso “Turudinho”!

SOFIA & BALTAZAR

A Sofia e o Baltazar constituíram-se num binómio de eleição na primeira década deste século, destacando-se entre nós na ginástica cinotécnica, já que outra coisa não seria de esperar, pois a Sofia é professora de Educação Física e o cão um clássico 70/42 (70cm de altura e 42kg de peso), descendente do melhor da nossa escola e vocacionado para altas performances atléticas. A Sofia colaborou inúmeras vezes como duplo numa série televisiva que empreendemos, substituindo diversos actores nos ataques perpetrados pelos cães (voluntária e gratuitamente). Foram “reis” na Ponte-Quebrada, onde o Lobeiro atingiu a marca de 3.25m. A foto acima regista um desses momentos, onde são visíveis a garra da condutora e a agilidade do Pastor Alemão. Tecnicamente nada há a corrigir e a foto transborda de emoção. Obrigado Sofia, foi um privilégio ter uma aluna como tu. Felicidades campeã!

O RUI DO KEN OU O KEN DO RUI?

O Rui Santos chegou-nos à escola com o Ken, um cachorro Rottweiler que veio a ser companheiro de classe do Master, porque tinham sensivelmente a mesma idade. Pareciam almas gémeas em termos de desembaraço, tanto antes como depois, evoluindo a par e passo até ao despontar das aptidões. Desde muito cedo se percebeu da cumplicidade existente entre o Rui e o Ken, ao ponto do condutor ser conhecido como Rui do Ken, como se não tivesse e não fosse importante o seu nome de família. Graças ao escalonamento escolar e à aplicação Rui, o Rottweiler evoluiu para além do expectável à sua raça, evidenciando mais-valias pouco vistas em rottweilers, nomeadamente uma tremenda capacidade atlética, ao nível dos melhores. De obediência era excelente e nunca teve entraves na disciplina de guarda, assimilou rapidamente a linguagem gestual e fazia tudo com alegria, com os olhos postos no dono e pronto para novos desafios. Era seguro, sereno, amigo do seu amigo e incorruptível, nunca apresentou problemas na sociabilização e bem depressa chegou à condução em liberdade.
Para desgosto de todos nós (dono, adestrador e alunos da escola), o Ken pereceu alguns dias depois do seu dono ter terminado o curso de monitores, de modo inesperado e após alguns dias de agonia, sem se saber ao certo o que vitimou, apesar de assistido e perante opiniões médico-veterinárias contraditórias. Na sua breve passagem entre nós granjeou bom-nome por toda a parte e enalteceu o nosso trabalho, representando-os amiúde por todo o lado e arrancando do público merecidos aplausos. Participou ainda num episódio televisivo e serviu de referência para os binómios mais novos. Hoje queremos homenagear o Ken, um Rottweiler com um coração do tamanho do mundo, de olhar bondoso e fiel que cedo nos deixou. Relembrá-lo é também enaltecer o Rui, a sua dedicação, rigor e trabalho. Pouco tempo depois da morte do Ken, o Rui adquiriu um Pastor Alemão red sable (vermelho), o Red, agora com quase oito anos, com o qual alcançou igual cumplicidade e destaque. Breve levará para casa uma cachorra da mesma variedade cromática. Do Ken guardamos a sua generosidade e alegria, os momentos que dividimos com ele e as suas performances inigualáveis, um peso-pesado que voava.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos deu o seguinte resultado:
1º _ ­ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
2º _  A CASOTA DO CÃO, editado em 28/12/2009
3º _  PASTOR DE SHILOH: SUPER-CÃO OU DECEPÇÃO, editado em 23/01/2014
4º _  AFONSO: O ANÃO QUE SE FEZ GIGANTE, editado em 23/01/2014
5º _  A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013 

TOP10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O Top10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Estados Unidos, 4º Alemanha, 5º China, 6º Reino Unido, 7º Ucrânia, 8º Espanha, 9º França e 10º Luxemburgo. 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

AFONSO: EL ENANO QUE SE HIZO GIGANTE

Teniendo en cuenta el número de lectores de lengua castellana que tenemos, hemos decidido contarles la historia de Afonso en el idioma de Cervantes, un cruce de Chow-Chow con una Pastora Alemana (Tuly y Kalinka), un perro pequeño de 53cm y 27kg que se hizo gigante por todo lo que nos ha dado. Ha nacido de color arena y con la mitad de la lengua azul, robusto, valiente, muy curioso y dedicado a su dueña, además de ser gracioso y muy travieso. Empezó su entrenamiento con cuatro meses de edad, entre Pastores Alemanes y Rottweilers, todos bastante mayores que él. Con el paso del tiempo se convirtió en el número uno y en una leyenda de la escuela. Tuvo un excelente rendimiento en todos los ejercicios cinotécnicos, incluso en vigilancia y resistencia, mereciendo la admiración de todos. Con una gran capacidad de aprendizaje, se destacó en obediencia y  superación de obstáculos, independientemente del tamaño, grado de dificultad o nivel de resolución, lo que le dio motes como “Alfonso-resuelve”, “perro-ordenador”, “perro-máquina” “super-toy” y “chino volador”.
Durante años participó en todas las exhibiciones escolares, alegrando a los niños y brindándole el público muchos aplausos. Participó en varias películas y series de televisión, entrando en escena muy adulado. Capaz de llevar a cabo 40 ordenes al gesto, en un abrir y cerrar de ojos, Afonso descansa ahora de todas sus tareas, tiene 13 años y se encuentra muy bien mecánicamente, aunque un poco sordo y afligido por las cataratas, se encuentra junto a los pastores alemanes que todavía quedan de cuando era joven. Rendirle homenaje es reconocer el excelente trabajo realizado por Maria Duarte, su dueña y compañera a lo largo de su vida. El “chino volador” todavía corre cuando está suelto, vigila su espacio y no pierde de vista a su dueña.
Cuando se muera Afonso y se marche para las infinitas ensenadas destinadas a los perros, seguiremos hablando de sus hazañas, disponibilidad y servicio, llevando otros a este nivel, sabiendo que son pocos los que lo conseguirán, pero seguros que algunos llegarán, ya que para eso trabajamos! Si por casualidad existiese el título de “rey” en el mundo de los perros, seguramente se le concedería a Afonso, príncipe de la generosidad, rey de nuestros corazones. Fuerza valiente, resiste un poco más, todavía no estamos preparados para tu despedida y es una suerte tenerte a nuestro lado!
PS: A versão em português deste texto, também nesta edição, encontra-se antes do RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS.

O CÃO E OS BRINQUEDOS: CUIDADOS A HAVER

Tal qual o Tabuleiro de Simulação, que prepara os condutores para a técnica de condução, os brinquedos preparam os cães, para as futuras acções reais. Infelizmente, estes acessórios de trabalho são vendidos a granel e sem qualquer tipo de explicação ou recomendação, desacompanhados de literatura e isentos de fiscalização, o que nos parece abusivo diante do bem-estar animal. O brinquedo é para o cão um objecto de pertença, algo que considera seu e que fará parte integrante do seu crescimento. Assim, havendo a certeza de sucesso no imprinting, o cachorro deve fazer-se acompanhar para o novo lar de algum objecto que lhe é familiar, (um pedaço de manta; um brinquedo; etc.), para que a sua adaptação não resulte estranha e implique num corte com o passado, comportamento visível nos cachorros que se comportam como bichos nos novos lares de adopção, como se oriundos doutra galáxia.
Na instalação doméstica, os primeiros pertences do cão devem ser aqueles objectos que teima em abocanhar e com os quais insiste em identificar-se (sapatos; pantufas; pedaços de roupa, etc.), coisas incapazes de lhe causar dano ou atentar contra a sua saúde. Sobre eles despertará o seu sentimento territorial e evidenciará os seus impulsos à luta, à defesa e ao poder. Chama-se a estes objectos de estímulo: “proto-cobaias”, porque antecedem e preparam a futura captura das cobaias escolares (figurantes). É evidente que a loja tem tudo, brinquedos bem bonitinhos e do agrado dos donos, fazendo-lhes encher o olho, contudo, para que surtam efeito, carecem de aceitação e podem ser ou não do agrado e interesse do cão. Como o cachorro não vai à loja, deve ser ele a escolher os primeiros brinquedos, aqueles objectos pessoais e domésticos, que são da sua predilecção, que facilitam a identificação dos donos e que promovem o bem-estar social do animal.
À medida que o tempo passa e a instalação “at home” acontece, novos brinquedos devem ser-lhe apresentados, cada um com funções diferentes e de acordo com os impulsos que se pretendem desenvolver, por serem deficitários ou necessitarem de potenciação. Estamos agora na fase da “experiência directa”, aquele período na vida do cão que antecede o treino propriamente dito e que importa ser variado e rico, graças à variedade dos brinquedos pedagógicos que possibilitam diferentes desafios. Só se alcança o propósito dos brinquedos mediante a recompensa, que é o reconhecimento pelo trabalho efectuado pelo cão, que se esforça para se para se sentir aprovado. Como a muda dos dentes acontece, normalmente, entre os 4 e 5 meses, convém que nesse período, o cão roa os brinquedos, cordas ou bonecos, mas é indesejável abaná-los na sua boca ou suspendê-lo pelos objectos. E isto porquê? Para se evitarem prognatismos e mordeduras anómalas, já que os seus maxilares se encontram em formação.
Antes dos seis meses de idade, nenhum brinquedo que evolui em diferentes direcções deverá ser apresentado a um cachorro, para não se atentar contra a formação dos seus ombros e incorrer na sua luxação. Nos cães de raça grande e de crescimento prolongado, este período de segurança deverá ser alargado até ao perfeito equilíbrio entre o comprimento e a altura do cachorro. Por norma, só aconselhamos brinquedos desse tipo às fêmeas depois do primeiro cio e aos machos quando já levantam a pata para urinar. As anomalias “dorso selado” e “divergência de mãos”, quando não são hereditárias, resultam inúmeras vezes da escolha errónea de um brinquedo ou do seu abuso.
Com os brinquedos é possível ensinar todo o currículo de obediência de modo descontraído e alegre, mercê do despertar da memória afectiva canina, difícil é actuar sem eles e operar o cumprimento pronto e imediato de uma ordem, o que a ninguém espanta, já é quase impossível ensinar, seja o que for, sem qualquer tipo de supercompensação. Nisto deverá haver equilíbrio e um norteamento prévio acerca das funções do cão (caça; companhia; guarda, etc.). Assim, a distribuição e o convite para os brinquedos deverá depender do trabalho a destinar-lhe, porque tanto pode subsidiar a sua sociabilização como condenar a sua vigilância, quando usados como jogo e manobra de distracção. Também aqui, “o segredo é a alma do negócio”, os brinquedos usados não devem ser do conhecimento geral, porque eles reforçam a liderança e ela não deve rolar pelas pedras da calçada. Quem os pode dividir com o cão? Somente o agregado familiar, em prol da pedagogia e da salvaguarda do animal.
Como já foi dito no capítulo “ A IMPORTÂNCIA DE SER ELEMENTO NEUTRO”, os brinquedos podem ser usados como auxiliares na convalescença e recuperação de um cão, mas sua função terapêutica ainda abrange outros benefícios e opera satisfatoriamente noutras áreas. Imagine-se um cão debaixo do “efeito campainha”, que evolui com a cabeça nivelada pelo dorso, será que um brinquedo na mão do condutor não ajudará à sua eliminação? Usando o mesmo método, não será possível eliminar ou atenuar o “efeito vassoura”, quando os cães evoluem com a cabeça abaixo da linha do dorso? É evidente que sim! Não somos contra o uso escolar dos brinquedos até ao seu 3º ciclo (10 meses), usamo-los inclusive como medida de recurso junto dos “binómios doentes”, como estímulo prós diferentes impulsos herdados caninos, como introdutores à guarda de objectos, como indutores à pistagem e temo-los presentes nos momentos de super compensação. Se não o fizéssemos seríamos tontos e não alcançaríamos as vantagens que nos oferecem. Normalmente aconselhamos o seu uso doméstico e evitamos, quando possível, o seu uso escolar, por causa da distracção e confusão que operam, substituindo-os pelo cão que vai na frente e pela simpatia existente entre cães e cachorros. Depois do 3º ciclo escolar, altura em que os alvos requeridos são reais, apenas os usamos nos momentos de supercompensação, como reconhecimento do trabalho prestado e como inibidores de stress. O brinquedo sendo um meio, não pode e não deve ser um fim, a menos que seja uma réplica fiel daquilo que o cão irá ter pela frente.
Todo e qualquer brinquedo tem de ter em conta o cão a que se destina e estar de acordo com o seu estado etário, morfologia e grau de desenvolvimento, substituindo e complementando o que anteriormente lhe houvera sido distribuído. Também os brinquedos reclamam o uso progressivo, a passagem do fácil para o difícil, do simples para o complexo. E brinquedos não são só bolas; nós de corda; churros e toda a parafernália existente no mercado, são também jogos associados à forma e ao lugar, aprendidos pelos sentidos maiores, que se encontram presentes nos cães, (olfacto e ouvido). Os brinquedos existentes no mercado resultam de protótipos usados por diferentes escolas ou adestradores, sendo exemplares menos rudimentares e mais apresentáveis do que os originais. Vendedores e clientes desconhecem a sua utilidade, os primeiros mandam-nos vir porque se vendem e os últimos porque o cão do lado tem um igual! No meio de tudo isto e borrifando-se para a saúde animal, há por aí gente com responsabilidades pedagógicas que indevidamente engorda neste negócio. Para que não continuem a aumentar os disparates causados pelos brinquedos da moda, no intuito de cessar as lesões que podem causar e evitar o seu uso indevido, qualquer brinquedo, por mais inofensivo que nos pareça, deve merecer a aprovação do adestrador escolar. Convém lembrar que as diferentes disciplinas cinotécnicas exigem diferentes brinquedos, ainda que os primeiros sejam comuns a todas elas.

PASTOR DE SHILOH: SUPER-CÃO OU DECEPÇÃO?

Quem anda nos cães há algum tempo sabe que os Pastores Alemães acima dos 68cm ou são muito bons ou muito maus, excepcionais ou de fraco préstimo, sendo mais comum o segundo caso diante dos aspectos morfológico, psicológico e funcional, considerando os problemas inerentes ao gigantismo (pernaltismo, excesso de peso, panosteíte, displasia, desaprumos, perca de prontidão, desinteresse, instabilidade psíquica, dificuldades locomotoras, alteração do andamento preferencial, etc.). Não obstante, e disto não nos excluímos nós também, qualquer criador de cães de trabalho, depois de desvendar os segredos da raça, tentará “fazer” um cão maior, mais robusto, mais fiável e menos nervoso, que no passado já existiu, sem perder a capacidade de aprendizagem, a graciosidade de andamentos e a polivalência que sempre caracterizou a raça: um super-cão, à imitação do super-soldado há muito procurado e ao que sucede na indústria automobilística, onde os modernos jipes alemães juntam à força a velocidade e a capacidade de manobra dos carros ligeiros.
Inebriada pelo mesmo sonho, rendida aos Pastores Alemães de outrora, que conheceu na sua infância, nas montanhas da Alemanha, bons cães familiares, extraordinariamente inteligentes, equilibrados, robustos e grandes, a Sr.ª Tina Barber decidiu recriá-los nos Estados Unidos da América, na década de 60 do século passado, valendo-se de linhas europeias de origem alemã, norte-americanas e canadianas do CPA, estas últimas oriundas das linhas inglesas que descendiam directamente das teutónicas da primeira metade do século XX e que se fizeram presentes nos dois grandes conflitos mundiais dessa época, onde granjearam fama nas múltiplas funções militares que desempenharam. Esta “nova” raça, ainda não reconhecida pela FCI, ganhou o nome de Shiloh Shepherd Dog (Pastor de Siloh) por apego pessoal da sua criadora a uma promessa bíblica. Nos anos 80, no intuito de reduzir a angulação pélvica, aumentar a ossatura e minorar diversos problemas genéticos, típicos no CPA, optou-se por acrescentar à raça um pequeno percentual de sangue de Malamute do Alasca, descendendo o actual Shiloh Shepherd também dele, o que nos pareceu uma medida acertada, uma vez que os pastores maiores, quando cruzados entre si, ou perdem algumas características lupinas ou enveredam pelo pernaltismo, menos valias que obstam à sua prontidão, versatilidade, resistência e capacidade de marcha.
Esta pequena adição de sangue do Malamute do Alasca, para além de melhor caracterizar a raça, porque a beneficiou, aumentou-lhe funções e estendeu-lhe novas atribuições, tornando-a também própria para o reboque de trenós, para o carregamento de acessórios e para o salvamento a longas distâncias, tanto dentro como fora de água, sem contudo perder a territorialidade que lhe garante a guarda de pessoas e rebanhos, coisa difícil de acontecer se o percentual de sangue Malamute fosse mais alto. Por outro lado, para além do aumento da robustez, de uma melhor caracterização e de maior resistência às intempéries, o cão do Alasca ainda contribui para um melhor equilíbrio de carácter, tornando o de Pastor Siloh mais sociável, auto-confiante e menos sujeito a provocações, o que o vem tornando próprio para o convívio com crianças e idosos, desenvolvendo a partir do CPA uma capacidade superior de aprendizagem e uma valentia pouco vistas. Dócil de trato e de coração generoso, pode vir a constituir-se num excelente cão de terapia. Em simultâneo, porque é também corajoso, ele é capaz de dar a sua vida para que a dos seus não se extinga, o que o capacita como guardião.
Tina Barber, os seus descendentes e seguidores abraçaram um tarefa hercúlea ao formar o Shiloh Shepherd, porque de imediato se viram a braços com as diferentes displasias e com a panosteíte, afinal tão comuns nos cães maiores ou gigantes, o que em nada abona em favor da raça, constituindo-se inclusive no pior dos seus flagelos. Recentemente foi levado a cabo um programa exaustivo e detalhado que muito reduziu a incidência da displasia da anca e do cotovelo. Os últimos dados que nos chegaram indicam que o percentual de displasia atinge os 8,3% dos indivíduos e que esse valor tende à redução, o que não deixa de ser uma óptima notícia. Más notícias são as dissensões entre os criadores da raça, difíceis de acordar quanto à sua evolução, que com isso tardam o seu reconhecimento pela FCI. Ainda que a displasia venha a ser irradiada, sobra ainda a panosteíte na fase de crescimento, os problemas de inchaço e torção, a síndrome do supercrescimento bacteriano do intestino delgado e a insuficiência pancreática exócrina, heranças maioritariamente transmitidas pelo CPA e das quais não temos valores estatísticos. Estas incapacidades ou insuficiências, para quem já criou Pastores Alemães, apesar de indesejáveis e fruto da endogamia que vem vitimando o cão alemão, não são motivo para alarme e podem ser suavizadas ou ultrapassadas pelo concurso aos veterinários. Estamos em crer que a breve trecho serão também eliminadas no Pastor de Shiloh, já que nem todos padecem desses males.
Quanto mais conhecemos sobre o que disse e fez saber Tina Barber, mais lhe enaltecemos os seus propósitos na criação desta raça, porque pôs o dedo na ferida e quis sará-la, demonstrando ao mesmo tempo um algum conhecimento do CPA (mais por observação do que pela experiência), criando uma via alternativa para a salvaguarda dos Pastores Alemães do passado, conservando no Shiloh Shepherd a sua ancestral capacidade de aprendizagem e robustez há muito desaparecidas, conseguindo com isso eliminar os tremeliques visíveis nos CPA’s contemporâneos, demasiado nervosos, sensíveis, instáveis, imprevisíveis e irritadiços, lembrando os seus primos belgas que grassam agora por toda a parte. A via criada por Tina Barber não é única para o mesmo propósito, porque o cruzamento do CPA com cães orientais tem-se revelado também excelente, nomeadamente os híbridos CPA X Chow-.Chow, opção que experimentámos e da qual alcançámos excelentes resultados, como foi o caso do Afonso, mais conhecido na Acendura como o “Cão Computador”, que juntava à extraordinária capacidade de aprendizagem um carácter impoluto e incorruptível, características que lhe garantiam uma funcionalidade e autonomia notáveis. Sobre esta temática vale a pena ler o que Konrad Lorenz fez saber acerca dos seus experimentos.
Mas tornemos ao Pastor de Shiloh, um cão rectangular com dois tipos de pelagem (curta e comprida), uniforme ou bicolor, com uma grande variedade de cores e combinações, que lhe irão possibilitar a prestação e a sua camuflagem em qualquer ponto do globo, ecossistema e amplitude térmica (desde que escolhido de acordo), capaz de efectuar resgates e salvamentos em águas mais frias, onde outros não se sentirão tão à vontade, um exímio, resistente e rápido marchador que pode ser também usado como cão de tracção ou de carga, graças à sua envergadura e peso (os machos pesam entre 54 e 65kg e as fêmeas entre 45.5 e 54.5kg, aceitando-se para os primeiros o peso mínimo de 50.skg e para as últimas 36kg). A altura nos machos oscila entre 71 e 76cm e nas fêmeas entre 66 e 71cm, subsistindo ainda alguns indivíduos notoriamente mais altos em ambos os sexos na mesma proporção ou desproporção que a encontrada no Pastor Alemão (entre +15 e +23%). Ao momento, as diferenças entre os estalões das duas raças não são muitos significativas, diferindo essencialmente no comportamento, tamanho e envergadura, porque o Shiloh é mais equilibrado de carácter, mais alto e mais robusto, o que se compreende diante do propósito inicial da raça, a recriação dos antigos pastores alemães.
Pondo a mão em seara alheia e sabendo-se da validade das diferentes opiniões, achamos que, à luz do propósito inicial da raça, determinadas regras na transmissão cromática do Pastor de Shiloh deveriam cingir-se às acontecidas entre os Pastores Alemães, para que não surjam exemplares estranhos ou raros, como é o caso mal conseguido dos Shiloh Panda, que a continuar, obrigará a uma subvariedade ou aos limiares de uma nova raça.
Para além disso, estranhamos o focinho demasiado escorrido de alguns exemplares, fenómeno que atribuímos aos pastores alemães utilizados na sua formação, a lembrar mais o do “Rattus Norvegicus” do que o transmitido pelo Malamute do Alasca, o que lhes dá um aspecto de muito gastos ou envelhecidos (felizmente não são todos). As discussões em torno do Pastor de Shiloh pecam por falta de objectividade e os seus criadores de igual pecado. Pensamos que falta à raça uma maior caracterização e uniformidade, que para além da sua versatilidade, deverá ser criada com propósitos específicos visando a sua utilidade e continuidade. O Shiloh Shepherd, longe de ser uma decepção, é um super-cão em formação e já tem alguns protótipos, falta produzi-lo para o uso que garantirá as suas mais-valias. Se o Sec. XIX  formou as diferentes raças caninas e o XX foi caracterizado pela endogamia, porque os homens aprendem com os erros, o XXI será certamente o da hibridação, tal qual se baralham as cartas para se dar de novo, para que as mazelas do passado e do presente não se perpetuem no futuro. Tina Barber teve um sonho e começou a construí-lo, caberá agora aos novos criadores continuá-lo ou abandoná-lo. Independentemente da opção tomada, o objectivo só poderá ser o de produzir um cão melhor. Oxalá consigam! A canicultura agradece e os criadores de Pastor Alemão ficam na expectativa.
Nós por cá (Acendura Brava), mais conservadores e menos ambiciosos, mais oficinais do que idílicos, agarrados aos nossos pergaminhos e gratos pelo que recebemos, apesar de já termos abandonado a criação, continuaremos a defender e a aconselhar uma política de “quadro aberto” para a perpetuação do Cão de Pastor Alemão, sem infusão doutras raças e baseada na contribuição de todas as variedades cromáticas presentes na raça, dominantes, recessivas e outras quase desaparecidas, como é caso dos cães cor de areia, também descritos como dourados ou de manto vermelho, ainda presentes nas linhas inglesas e nas do Leste europeu, sobre os quais falaremos brevemente e que ainda surgem no Pastor de Shiloh, porque queremos ligar o passado ao futuro evitando os erros do presente. Diante do que tem sido feito e considerando as mais-valias do Lobo Checo, do Lobo Italiano e dos Pastores Holandeses, enquanto alternativas para o melhoramento do CPA, a opção norte-americana do Pastor de Shiloh parece-nos a mais credível, porque já a experimentámos e não produz, a exemplo dos outros que atrás mencionámos, exemplares semi-lobos, instintivos, desconfiados, deficitários de préstimo, encerrados em si mesmos e de difícil parceria, contrariamente ao Pastor Alemão, um cão para todos, versátil, seguro, fácil de conduzir, esforçado, alegre, disponível e companheiro, um genuíno cão popular.

AFONSO: O ANÃO QUE SE FEZ GIGANTE (versão em Português)

Atendendo ao número de leitores de língua castelhana que temos, decidimos contar agora a história do Afonso na língua de Cervantes, um cruzado de Chow-Chow com uma Pastora Alemã (Tuly e Kalinka), um pequeno cão de 53cm e 27kg que se tornou gigante pelo muito que nos deu. Nasceu cor de areia e com metade da língua azul, robusto, valente, muito curioso e dedicado à sua dona, para além de ser gracioso e muito traquinas. Começou o seu treino aos quatro meses de idade, entre Pastores Alemães e Rottweilers, todos muito maiores do que ele. Com o decorrer do tempo ultrapassou-os a todos e tornou-se numa lenda da escola. Teve um aproveitamento brilhante em todas as disciplinas cinotécnicas, mesmo na guarda e na endurance, merecendo a admiração geral. Com uma tremenda capacidade de aprendizagem, notabilizou-se na disciplina de obediência e na transposição de obstáculos, independentemente do seu tamanho, grau de dificuldade ou nível de resolução, o que lhe valeu alcunhas como “afonso-resolve”, “cão-computador”, “cão-máquina” “super-toy” e “chinês voador”.
Durante anos participou em todas as exibições escolares, alegrando as crianças e arrancando do público imensos aplausos. Participou em vários filmes e séries televisivas, entrando em cena debaixo de ovação. Capaz de executar 40 comandos ao gesto, num abrir e piscar de olhos, o Afonso descansa agora de todos os seus afazeres, alcançou os 13 anos de idade e encontra-se mecanicamente muito bem, apesar de um pouco surdo e atribulado pelas cataratas, alojado ao lado dos Pastores Alemães que restam da sua mocidade. Render homenagem ao Afonso é reconhecer o excelente trabalho operado pela Maria Duarte, sua dona e companheira ao longo da sua existência. O “chinês voador” ainda corre quando solto, toma conta do seu espaço e não perde a dona de vista.
Quando o Afonso morrer e partir para as enseadas infindas destinadas aos cães, nós continuaremos aqui a falar das suas façanhas, disponibilidade e serviço, levando outros a elevação dos seus cães, sabendo que muito poucos o conseguirão, mas certos que alguns irão lá chegar, pois para isso trabalhamos! Se por acaso houvesse o título de “rei” no mundo canino, certamente seria atribuído ao Afonso, príncipe da generosidade, rei dos nossos corações. Força valente, resiste por mais um pouco, ainda não estamos preparados para a tua partida e é muito bom ter-te ao nosso lado! 

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
2º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em15/06/2011
3º _ A CASOTA DO CÃO, editado em 29/12/2009
4º _ O CÃO LOBEIRO: UM SILVESTRE ENTRE NÓS, editado em 26/10/2009
5º _ EU QUERIA UM PASTOR ALEMÃO, DE PREFERÊNCIA TODO NEGRO, editado em /05/06/2010

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país deu o seguinte resultado:
1º Portugal, 2º Estados Unidos, 3º Brasil, 4º Alemanha, 5º Reino Unido, 6º México, 7º Rússia, 8º Angola, 9º China e 10º Guiana Francesa.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

OS 7 FACTORES RECORRENTES NOS ATAQUES CANINOS MORTAIS

Recentemente, a revista científica Journal of the American Veterinary Association publicou um estudo em que foram identificados pontos comuns em casos de ataques caninos mortais, baseado no trabalho de cinco investigadores do National Canine Research Council, que ao invés de se valerem da informação relatada pelos media, se basearam em relatórios de detectives de homicídio e agências de controlo animal, entrevistando em simultâneo os polícias envolvidos nos casos, que ocorreram entre 2000 e 2009. Durante a investigação, os seus autores descobriram que a informação que iam obtendo não era a mesma divulgada pelos media e que estes chegaram a divulgar erros factuais ao público, nomeadamente na atribuição da raça dos cães, uma vez que a divulgada como responsável não era a mesma que constava nos relatórios policiais e isso aconteceu em 90% dos casos, o que não nos espanta, nem lá nem aqui, considerando a falência dos meios de comunicação e a sua necessidade de sensacionalismo, corroborados por interesses político-económicos.
Para além doutras conclusões, os investigadores identificaram 7 factores recorrentes nos ataques caninos mortais:
  • Em 87,1% dos casos não estava ninguém presente com força suficiente para conseguir impedir o ataque;
  • Em 85,2% dos casos a vítima não tinha qualquer relação com o cão;
  • Em 84,4% dos casos os cães não se encontravam esterilizados;
  • Em 77,4% dos casos a vítima não tinha capacidade para interagir com o animal ou devido à idade ou condição física;
  • Em 76,2% dos casos os cães eram mantidos num “quintal” e não eram tratados como verdadeiros animais de companhia;
  • Em 37,5% dos casos o dono não tratava correctamente o animal;
Em 21,1% dos casos o dono abusava ou negligenciava o cão.Em 80,5% dos ataques mortais estiveram presentes quatro ou mais factores dos acima listados, sendo que a raça do cão não fez parte de nenhum deles.
“Estranhamente”, as conclusões do estudo efectuado apontam que, na maioria dos casos, os problemas de relacionamento e a incapacidade do dono de compreender o comportamento canino são os factores que provocam os acidentes e que estes não são provocados por raças específicas supostamente mais predispostas à agressividade. O estudo indica ainda que a tendência para evitar/minimizar os ataques dos cães deve passar por uma abordagem multi-variada focada essencialmente em:
  1. Educação do dono e de como este deve lidar adequadamente com o animal;
  2. Melhor compreensão do comportamento canino;
  3. Educação dos pais e crianças em relação à segurança quando convivem com um cão;
  4. Maior pressão sobre os cães potencialmente perigosos e donos irresponsáveis.
Comentando o que nos fizeram saber, lamentamos que na década estudada tenha morrido uma média de 25 pessoas por ano à boca dos cães, apesar do crime matar muito mais naquelas paragens e no ano transacto ali terem sido executados 43 reclusos, isto segundo os números da Amnistia Internacional. Analisando os factores recorrentes percebe-se que a maioria das vítimas eram crianças, idosos e pessoas debilitadas, estranhos que pisaram indevidamente os terrenos dos cães, eventualmente entregues à sua guarda, onde se encontravam confinados e isentos de qualquer tipo de sociabilização, podendo ou não terem sido espicaçados para o efeito. Por outro lado, e aqui não sabemos se por negligência ou malvadez, ainda que em menor número, os donos de alguns cães também contribuíram para esse terrível desfecho. Sobre a ausência da esterilização não nos pronunciamos, porque somos contra ela e entendemos haver outros meios para o controlo dos cães, muito embora a possamos recomendar diante de lideranças impróprias ou ineficazes como medida extrema para a protecção de outrem.
Sem ser por nós encomendado, este estudo veio dar-nos razão e justificar todo o nosso trabalho tanto o prático como o teórico, porque insistimos numa boa instalação doméstica, na salvaguarda, bem-estar e longevidade dos cães, defendemos a sua excursão diária, trabalhamos para a sua sociabilização e temos como prioritária a disciplina de obediência, executando tudo isso em diferentes ecossistemas. Ministramos aulas teóricas, instituímos a liderança dos donos, promovemos a leitura de manuais de comportamento caninos, convidamo-los a interagir com todos os cães escolares, apostamos no desenvolvimento dos seus índices atléticos, aceitamos gente de qualquer idade e ensinamos todos a evitar e a defender-se dos ataques caninos, para além de valermos aos cinófobos e de dividirmos gratuitamente a nossa experiência através deste Blog, respondendo a todos e valendo a muitos que nem sequer conhecemos, para que não venham a ser vítimas dos cães de certa gentalha espalhada pelo Mundo. Responsabilizamos os donos pelos cuidados devidos aos cães e insistimos para que aconselhem outros a fazê-lo. Convidamos as crianças para as nossas aulas e ensinamo-las a abordar, a respeitar, a interagir e a lidar com nossos os cães, enfatizando-lhes procedimentos, manobras e cautelas que podem salvar-lhes a vida. O estudo realizado pelo National Canine Research Council não nos trouxe nada de novo, antes justificou todo o nosso labor em prol dos homens e dos cães. Quem desejar saber mais sobre o estudo levado a cabo pela entidade atrás referenciada aqui fica o seu link:
http://www.nationalcanineresearchcouncil.com/.