sexta-feira, 30 de junho de 2017

TREINE-O MAS NÃO O MATE!

Apesar de raramente treinarmos os nossos cães com guloseimas, temendo engodos assassinos e preferindo o convite para a evasão juntamente com a felicitação como formas de recompensa, sabemos que este é o método mais usado nos tempos que correm e é-o por dispensar maiores requisitos técnicos aos agentes de ensino e também por ser do agrado dos cães, que na sua inocência ignoram ao que estão a condená-los.
Segundo fez saber o “The Telegraph”, na sua edição on-line do passado da 26 deste mês, muitas das guloseimas que estão a ser distribuídas aos cães no Reino Unido, Estados Unidos e Austrália, estão a causar-lhes graves problemas de saúde. Estes alimentos nocivos, invariavelmente usados no adestramento canino, são na maioria dos casos produzidos na China, muito embora os haja doutras proveniências.
Para além de a considerarmos contra-indicada, por ser indutora à eliminação dos cães, a distribuição de guloseimas está agora a envenená-los gradualmente, pormenor que os seus donos ignoram e que Samuel Johnson, grande vulto das letras inglesas do Século XXVIII, sintetizou na seguinte frase: “O inferno está cheio de boas intenções”. Fica o aviso e, guloseimas por guloseimas, mais vale que cada um fabrique as suas!

quinta-feira, 29 de junho de 2017

PARA QUANDO OS FILHOS?

Nas sociedades europeias e ocidentais, ainda que de forma tímida e experimental, os cães começam a acompanhar os donos nas suas idas para o trabalho, política que se saúda atendendo ao bem-estar dos animais, que necessitam de 3 a 5 horas diárias de atenção e aos benefícios que a sua companhia oferece.
Quanto aos cães, a justiça está ser feita e nada há a acrescentar. E quanto aos filhos? Não necessitarão eles de crescer ao lado dos pais ou continuaremos até como até aqui, a largá-los de manhã e a ir buscá-los à noite, somente a acordá-los e a deitá-los? Porque não os levamos para o trabalho como fazemos com os cães? Merecerão porventura menor cuidado?
Para Larissa Waters, Senadora do Partido dos Verdes no Parlamento Australiano, que está a escrever páginas futuras nos dias presentes, parece não haver dúvidas: o lugar dos filhos é ao lado dos pais, tanto em casa como no trabalho.
É bem possível que os cães nos causem menos incómodo  e façam-nos sentir mais confiantes e confortáveis do que os filhos, mas a quem deveremos devotar as nossas vidas: a nós mesmos, aos animais ou aos nossos filhos? Penso que todos sabemos qual é a resposta certa!
Para além da dissolução das famílias e da baixa taxa de natalidade que nos condena, o que sobra para as escassas crianças que vingam entre nós e que carecem do apoio familiar? Talvez um montão de actividades e um cão para as acompanhar! 

quarta-feira, 28 de junho de 2017

NEM TUDO SÃO ROSAS!

Uma pesquisa levada a cabo juntos dos hospitais norte-americanos pelo Tufts Institute for Human-Animal em colação com a Tufts University e publicada no “American Journal of Infection Control” deste mês, dedicada a avaliar dos possíveis riscos causados pelos cães de terapia em uso naquelas unidades de saúde, para além de concluir das melhorias físicas e psicológicas visíveis nos doentes humanos visitados, revelou lacunas nas políticas de segurança e saúde tanto dos pacientes como dos animais utilizados para aquele fim, já que muitas unidades hospitalares não respeitam as directrizes recomendadas para as visitas de animais.
De acordo com os resultados alcançados por este estudo, não se pode ignorar que há pessoas que são alérgicas aos animais utilizados, alguns deles sem o comportamento adequado e apresentando todos um risco potencial de doenças zoonóticas, risco este que aumenta quando os protocolos de saúde, higiene e lavagem das mãos são descuidados. Outro risco a considerar advém dos cães que comem pensos ou guloseimas de carne crua, muito mais sujeitos à contaminação com bactérias como a Campylobacter, Salmonella e Cryptosporidium, agentes patogénicos passíveis de comprometer a saúde de cães, pessoas e a dos doentes de débil imunidade.
Muitos dos hospitais entrevistados não consideravam até ao momento estes riscos, pelo que 4% dos hospitais e 22% das instituições de cuidados de saúde não tinha qualquer política ou prática de defesa contra isso e 16% dos hospitais e 40% dos lares de idosos requeriam apenas dos cães um único para sempre válido registo de saúde, apesar de 82% dos hospitais e 98% dos lares de idosos aceitarem no interior das suas instalações cães de terapia (os restantes apenas aceitavam cães de serviço).
E os dados continuam: 26% das unidades atrás referidas não exigiram um certificado de saúde aos cães que usaram como terapia; 70% consentiu na entrada de animais que se alimentavam de carne crua; 26% não solicitaram especificamente um teste fecal aos cães; 7% não tinham como requisito a vacinação anti-rábica; 66% dos cães utilizados não se encontravam credenciados pelas entidades reconhecidas para tal e mais de metade dos que exigem testes de comportamento optaram por chamar sempre os mesmos cães. Como o estudo foi limitado na sua amostra, este deverá servir de embrião para outros sujeitos à mesma temática.
Obviamente que saudamos com imensa alegria a entrada dos cães de terapia nas unidades de saúde humanas, considerando os seus benefícios para o bem-estar e recuperação dos pacientes, como acontece já hoje nos Estados Unidos, mas lá como cá, há que minimizar os riscos para a saúde de ambos. Oxalá o nosso permissivo País, hábil a correr atrás do prejuízo, aprenda com os erros dos outros e não enverede pela mesma balda.
E já agora, cuidadinho com os cãezinhos a quem franqueamos a entrada nas nossas casas e com as mãozinhas lavadas depois de mexermos nos alheios, isto se tivermos crianças pequenas, cães, cachorros ou ninhadas, para já não falarmos na confecção da comidinha que sempre exigiu mãos bem lavadas e várias vezes, quer se use luvas ou não, já que doença não é saúde e porcaria condimento!

DEA 1.1 NEGATIVO: UM GRANDE NEGÓCIO

Enquanto o sangue salvar vidas, tanto de pessoas como de animais, não deixará de ser um chorudo negócio para alguns, como acontece também acontece no panorama canino. Apesar da esmagadora maioria dos proprietários doar gratuitamente o sangue dos seus cães, essa gratuidade não deixará de ser acompanhada de algumas contrapartidas, que acompanharão esses animais para toda a vida, mesmo quando já não puderem ser dadores (alimentação, acompanhamento médico e tratamentos). 
Como essas contrapartidas acabam por aliviar orçamentos e subsidiar outros projectos, há quem faça dos seus quintais e do grosso dos seus cães um verdadeiro banco de sangue. E se já há pouco sangue à disposição dos veterinários, caso assim não fosse ainda menos haveria e, até que chegasse e não chegasse, muito cão morreria.
Existem mais grupos sanguíneos caninos do que humanos (mais de treze) e um deles sempre apresenta escassas reservas - o DEA 1.1 negativo, presente em muitos Dobermans, Galgos, Boxers, Pastores Alemães, Retrievers, Airedale Terriers, Weimaraners, Bulldogs Americanos, Pointers e Bull Terriers ingleses, entre tantos outros. 
“DEA”, Dog Erythrocyte Antigen (em português: antígeno eritrocitário canino) é a designação reconhecida internacionalmente para identificar os diferentes grupos sanguíneos caninos, o equivalente ao nosso “Rh”. Os cães portadores de DEA negativo são dadores universais e por isso mesmo bastante procurados.
O grupo somático mais solicitado para o efeito é o dos lebréis, nomeadamente os Greyhounds que são referidos internacionalmente como “dadores universais”, porque o sangue de 70% deles pode ser usado em todas as raças, apresentando ainda como vantagem adicional o facto de ser muito rico em glóbulos vermelhos, o que torna os grandes criadores e/ou proprietários de Greyhounds num alvo preferencial de quem reclama e necessita do sangue daqueles cães, apesar de qualquer cão, com raça definida ou não, poder ser dador de sangue.
Quem faz a colheita do sangue tem em consideração 7 condições básicas para eleger cães dadores, são elas: os animais terão que ter uma idade compreendida entre 1 e 6 anos de idade; não necessitam de ser de uma raça específica; devem pesar 25 kg no mínimo; carecem de ser saudáveis, amistosos e bem-comportados nos consultórios dos veterinários; encontrar-se livres dos parasitas do coração, de pulgas e carraças; disponíveis para doar sangue de 2 em 2 meses e residirem nas cercanias de quem efectua as recolhas.
Nos países europeus de primeira linha, aqueles que dizem circular a maior velocidade, normalmente credores e não devedores, graças a frutíferas campanhas públicas e à respectiva sensibilização das populações, não faltam cães dadores de sangue, contrariando o que aqui se passa, onde essas campanhas são inexistentes, os dadores são caçados à meia-volta e a recolha do sangue invariavelmente obriga a deslocações de várias centenas de quilómetros. Caso pretenda que o seu cão seja dador de sangue, procure o seu veterinário e solicite o seu parecer, pois gostar de cães é também valer aos alheios.

domingo, 25 de junho de 2017

NOVOS AVANÇOS NA DETECÇÃO DE RESTOS HUMANOS

Pesquisadores da Universidade inglesa de Leicester, liderados por Jonathon Brooks, estudante de doutorado em Química daquele estabelecimento superior de ensino britânico, estão a trabalhar em conjunto com as polícias do Reino Unido para melhorarem a precisão dos cães policiais na identificação de restos humanos em investigações criminais, analisando os aspectos químicos da decomposição, nomeadamente os compostos orgânicos voláteis (COV) emitidos quando a matéria biológica se decompõe.
Esta equipa de investigadores pretende saber quais sãos os produtos químicos que os cães têm vindo a detectar, se apenas um composto ou uma combinação desses compostos, estando simultaneamente a trabalhar com os adestradores policiais convidando-os ao uso dessas substâncias no treino dos seus cães. Os pesquisadores provaram que apesar dos diferentes tecidos se decomporem em diferentes taxas, eles dividem perfis de COV similares, muito embora o ambiente a que se encontrem expostos possa alterar-lhes esse mesmo perfil, o que sugere que as amostras usadas pelas forças policiais não são por vezes representativas dos restos humanos enterrados.
Estes investigadores britânicos estão a usar grande variedade de técnicas analíticas para caracterizar e medir as substâncias libertadas pela decomposição dos tecidos, trabalhando em paralelo com os adestradores policiais para que os seus cães reconheçam esses diferentes compostos, porque à medida que o corpo humano se decompõe, liberta essas pequenas moléculas para o ambiente adjacente, sendo muitas delas detectadas pelos cães. Dependendo das condições encontradas, diferentes compostos serão lançados e os cães terão que ser capazes de reconhecer grande variedade de moléculas.
Este apoio dos investigadores tem-se revelado primordial para o treino dos cães destinados à detecção de cadáveres, já que as amostras entregues às forças policiais para esse fim são geralmente limitadas, o que pode ter como consequência uma redução significativa da eficácia nas investigações criminais. A equipa da Universidade de Leicester está a trabalhar em paralelo com os Hospitais Universitários daquela cidade e com polícias de todo o país para determinar como esses dados poderão vir a ser usados nas investigações criminais no futuro. Por outro lado, a Universidade de Leicester, a única que aplica a “cromatografia multidimensional”, o que melhora a separação das misturas químicas complexas e o entendimento do processo de decomposição, está a trabalhar em paralelo com os laboratórios das Universidades Tecnológica de Sidney na Austrália e com os da Universidade de Liége na Bélgica.
Como os cães de cadáveres no Reino Unido se encontram limitados ao uso de amostras de animais no treino, por determinação da legislação em vigor, a contribuição dos colaboradores australianos, que recentemente abriram uma instalação de decomposição humana, ao porem o seu site e laboratório à disposição dos seus parceiros ingleses, permitiram-lhes avançar no conhecimento analítico que sustenta aquela investigação singular.
Visando um treino mais adequado e uma maior eficácia dos cães nas investigações criminais, estão a ser introduzidos protocolos na Grã-Bretanha que permitem o uso pelas forças policiais de restos humanos doados pelos hospitais. Mas como isso ainda não foi implementado, a regularidade, consistência e suprimento de tecido humano para esse fim são ainda desconhecidos. Sobre o assunto três conclusões podemos tirar de imediato: que a ciência e a cinotecnia cada vez mais se entreligam, que à medida que a ciência avança mais sabemos de cães e que a utilidade destes companheiros não pára de aumentar.  

PIADA DA SEMANA: PORQUE NÃO FICOU LÁ A FAZER AS VEZES DELE?

Nos alvores do século passado, quando os homens do norte rumavam ao Brasil e deixavam as suas esposas para trás com os filhos, uma delas, ao descer as escadas do seu quintal, que davam para um caminho público, ouviu de um homem que por ali passava, vindo de chegar uma vaca ao boi, animal que pertencia a um tal Lauro, a maliciosa sentença: “Ai Rosinha, eu só queria ter tanta freguesia como o boi do Lauro!
A pobre mulher, adivinhando-lhe as intenções e seguindo os seus afazeres, respondeu-lhe: “ Então se assim é, porque não ficou lá a fazer as vezes do boi?

ARQUITECTOS DE BARRACAS PARA CÃES DE GENTE RICA

Todo o arquitecto sonha em seguir a sua vocação e fazer aquilo que gosta: projectar, supervisionar e executar obras relativas ao controlo e desenho do espaço habitado (urbanismo, paisagismo e diversas formas de design). Infelizmente a vida não está fácil para os arquitectos em Portugal, apesar do País necessitar da sua arte como de pão para a boca, poucos são os que alcançam um atelier próprio e que são frequentemente procurados, acabando muitos noutras ocupações profissionais bem diversas da sua especialização (os biólogos, etólogos, veterinários, advogados e outros tantos queixar-se-ão do mesmo).
Um dos textos mais lidos deste blogue, para espanto nosso, é “A CASOTA DO CÃO”, editado em 19/12/2009, que se encontra até hoje no 4º lugar da preferência dos leitores. E espantam-nos que ocupe esse lugar porque a maioria dos cães actuais coabita com os seus donos debaixo do mesmo tecto (pelo menos era isso que julgávamos).
Em Londres está sediada uma empresa que se dedica à construção de barracas de luxo para cães, chama-se “HECATE VERONA” e parece não ter mãos a medir, pensando agora estender o seu negócio para os Estados Unidos e depois fazê-lo a nível global. O preço das “barracas” oscila entre os 35.000 e os 178.680 € e há ao momento vários modelos à escolha dos clientes.
A ideia destas casotas de luxo resultou das seguintes perguntas: O que impede as casas dos cães de serem tão elegantes e bonitas como as dos seus donos? Por que não deverá ser um arquitecto a desenhá-las? O que impedirá que sejam em simultâneo elegantes e práticas (funcionais)? Poderiam estas casas ter portas, janelas, gravuras em miniatura e serem proporcionais aos cães? Já que o cão é um membro da família, não poderá ter uma mansão igual à do seu proprietário onde se possa deitar requintadamente ao ar livre? A resposta a estas perguntas resultou na criação de várias mansões majestosas para cães, cuja aparência real complementa os jardins e os arredores das casas onde se encontram.
A inovação da “Hecate Verona” consiste na mistura entre a tecnologia e o artesanato, dando emprego a arquitectos e artesãos acostumados à construção de iates de luxo, que operam as suas construções a partir do mármore, do alumínio e de madeiras de reconhecida qualidade, tais como o carvalho e a faia. As “casotas-palacete”, que são feitas à medida e cuja fabricação demora de 2 a 4 meses, são resistentes à água e à humidade e os seus pisos e terraços aos riscos.
Fabricadas debaixo do mesmo conceito das “casas inteligentes”, estas luxuosas habitações caninas contam com controlos e automatismos para a iluminação, aquecimento refrigeração e ar condicionado, para além de câmeras e telas habilitadas para a Internet, que garantem de imediato e à distância a interacção entre donos e cães.
Talvez tudo isto nos pareça loucura tomando como parâmetro a realidade que nos cerca e uma tremenda desfaçatez face à miséria que vítima diariamente milhões de pessoas no mundo, uma verdadeira insanidade e um atentado à dignidade humana se considerarmos que até ontem só haviam sido recolhidos para as vítimas do incêndio de Pedrógão Grande cerca de 200.000 €, preço sensivelmente igual ao de uma só casota de luxo topo de gama.
Porém, a ideia pioneira da “Hecate Verona”, criou novos postos de trabalhou, manteve outros e continua a gerar riqueza, dando trabalho a alguns que doutro modo dificilmente o alcançariam. Será que não haverá por cá ninguém capaz de se concorrer com ela? Faltar-nos-ão bons arquitectos, exímios artesãos, jovens ambiciosos ou empresários capazes? Há quem diga que temos tudo menos iniciativa!

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos obedeceu à seguinte ordem de preferência:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ COMO PROCEDER COM OS CÃES GUIAS DE CEGOS, editado em 04/81/2010
3º _ A DILUIÇÃO DO VERMELHO ATÉ CHEGAR AO BRANCO, editado em 26/03/2015
4º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
5º _ O CÃO LOBEIRO: UM SILVESTRE ENTRE NÓS, editado em 26/10/2009
6º _ WHO ARE THESE STRANGERS IN THE NIGHT?, editado em 21/06/2017
7º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
8º _ O GUARDA DAS GALINHAS, editado em 05/04/2014
9º _ ROTTWEILER E SERRA DA ESTRELA (AQUILO QUE OS UNE E SEPARA), editado em 07/01/2010
10º _ PASTOR DE SHILOH: SUPER-CÃO OU DECEPÇÃO?, editado em 23/01/2014

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Estados Unidos, 4º Holanda, 5º Alemanha, 6º Ucrânia, 7º Rússia, 8º Moçambique, 9º França e 10º Reino Unido.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

OS CÃES NÃO CONFIAM EM QUE LHES FALA COM RAIVA

Um estudo realizado em 2016 pela Brigham Young University, sediada na Cidade de Provo, Estado do Utah/USA, publicado na revista “Animal Cognition”, mostrou que os cães não confiam nos seus donos quanto estes estão raivosos ou falam-lhes com raiva, o que normalmente tem com consequência uma resposta tardia por parte dos animais. Diante disto e particularmente nas situações mais difíceis, há que manter a normalidade nos gestos, temperar os ímpetos e irradiar felicidade para os cães, porque doutro modo estaremos a subsidiar-lhes a desconfiança que os induz ao medo e ao incumprimento das ordens que podem salvar-lhes a vida. Relembramos que a prestação de um condutor canino é avaliada pela sua frequência respiratória, pela mímica que emprega e pela entoação que empresta à transmissão das ordens (comandos). Ainda que nalguns casos um condutor canino necessite de ser um actor, porque a tanto lhe obriga a inteligência, jamais deverá ser colérico ou valer-se da cólera como subsídio de ensino. Ao dizermos isto, vêm-nos imediatamente à memória algo que aprendemos na equitação e que antigamente víamos escrito nas paredes dos picadeiros: “Todo o cavaleiro que se excede perde o direito de ser obedecido”. Agora já sabe: quanto estiver com os nervos em franja, deixe que o seu cão o acalme, não o ponha no mesmo estado!

WHO ARE THESE STRANGERS IN THE NIGHT?

Como fantasmas apressados em florestas, estes cinco binómios trabalham pela noite dentro causando espanto a quem os vê, porque passam céleres e compenetrados ignorando tudo ao seu redor, evoluindo em formações inesperadas e mudando constantemente de direcção, como frémito antigo que reclama o seu lugar. O que moverá estes homens e cães a avançar pela noite adentro? Basicamente o amor que lhes mantém viva a esperança e a vontade de sonhar que nunca se cansa!

FALTOU DIZER O ESSENCIAL: SÃO ESTERILIZADAS OU NÃO?

Recebemos um email de um leitor que já tem uma cadela e pretende adoptar outra, onde nos pede alguns conselhos para facilitar a apresentação e a coabitação das duas, porque certamente irão dividir o mesmo espaço e serão objecto da mesma atenção. Infelizmente não nos foi adiantado se as cadelas foram esterilizadas ou não, dado muito importante para um aconselhamento mais acertado, muito embora não nos custe acreditar que ambas já tenham sido objecto de esterilização, o que facilitará de sobremaneira os procedimentos a haver.
O leitor em questão adoptou à cerca de ano e meio uma cadela cruzada de Pastor Alemão com Malinois (será?), que segundo ele peca por ser desconfiada com as pessoas, ter fraco impulso ao alimento e ser “possessiva” e ciumenta com os outros cães. Dentro de pouco tempo pretende adoptar outra cadela mestiça, agora com 18 meses, a pesar entre os 23 e os 25 kg e a residir num hotel canino, onde presumivelmente terá aulas de sociabilização e adestramento básico, demonstrando ser “super sociável com humanos e animais”, o que pesou na sua escolha considerando que poderá ajudar na sociabilização da outra?! Para evitar os ciúmes da primeira em relação à chegada da segunda, este cinófilo pensa pôr em prática os seguintes procedimentos: apresentá-las num local neutro (com a cadela residente junto ao dono); deixá-las interagir e brincar; levá-las depois para casa, onde a princípio não dividirão brinquedos e comerão em separado, merecendo ambas igual atenção. Na eventualidade doutros e melhores procedimentos, solicita este leitor o seu adiantamento.
Vamos por partes. A melhor maneira de sociabilizar um cão não é forçá-lo à coabitação com outro no seu território mas ser-lhe anterior. Sempre será mais fácil sociabilizar dois cães de géneros diferentes do que do mesmo género, sendo mais difícil ainda sociabilizar cadelas adultas desconhecidas entre si. Entre Pastores Alemães e Serras da Estrela sobressai uma incompatibilidade somática que geralmente resulta em escaramuças muito sérias. Ao contrário do que este nosso leitor imagina, a cadela que pretende adquirir nada tem de Serra da Estrela, uma vez que o seu focinho, crânio e estrutura indiciam a presença de um lupino na sua construção (será Um Pastor Alemão?), o que é uma boa notícia em favor da desejada harmonia que espera alcançar com as duas cadelas. Por outro lado, ficámos sem saber o eu nos quis dizer com “desconfiança dos humanos” em relação à cadela que já possui, se demonstra medo ou agressividade? Independentemente da razão, ela terá também que ser sociabilizada com pessoas, porque doutro modo transmitirá à vindoura, por ser mais antiga em casa, todas as impropriedades que nela estão presentes. Os procedimentos que nos adiantou para sociabilizar as cadelas estão certos, muito embora o seu proveito não seja automático e exija tempo e paciência. Obrigado pelo contacto, estamos sempre ao seu dispor.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

CALEB: O CÃO QUE PRECISA DE UM DONO BILINGUE

Segundo noticiou o “metro.co.uk” on-line, na sua edição do passado dia quinze do corrente mês, um Pastor Alemão chamado Caleb, alojado agora num centro de acolhimento em Warwickshire/UK, animal de quatro anos de idade e dado para a adopção, precisa urgentemente de um dono bilingue, que para além de falar inglês saiba também falar polaco, porque o cão apresenta dificuldades em obedecer na língua de Shakespeare e não se furta a fazê-lo em língua polaca por ter sido ensinado nesse idioma (todas as imagens que ilustram este texto são do cão aqui tratado).
O cão precisará mesmo de um dono bilingue? De um tradutor para ser codificado noutra língua? Apresentará grandes demoras na absorção de novos significados? Na verdade não irá precisar de um dono bilingue ou de um tradutor e não apresentará demoras na absorção de novos significados desde que se descubra a técnica por detrás dos comandos absorvidos pelo animal, que uma vez decifrada possibilitará a troca de idiomas sem maiores dificuldades.
Ao conhecer-se a técnica por detrás da obtenção dos comandos ou figuras, um cão pode sentar-se debaixo de qualquer idioma: “senta”, “sentado”, “assis”, “sits”, “sitzt”, “assenta-te” e por aí adiante, sucedendo exactamente o mesmo com os restantes comandos nele previamente instalados, pelo que a blindagem de um código vai para além do idioma utilizado, porque doutro modo todos os cães seriam indubitavelmente poliglotas. 
Do que o nosso amigo Caleb necessita é de um dono que o ame, estude e se faça compreender, porque a linguagem vai para além das palavras e não se estagna ou esgota num idioma, incorpora-se e ganha forma na mímica que facilita o entendimento entre homens e cães. Ainda bem que este cão não foi ensinado em aramaico, porque se assim fosse teria que encontrar um dono exegeta, o que não seria assim tão fácil! Sempre se ouve cada uma!

DE CURAÇAO PELA PRIMEIRA VEZ!

Pela primeira vez tivemos a primeira meia-dúzia de leitores de Curaçao, um país insular das Antilhas Menores, ao Sul do Mar das Caraíbas, na região holandesa, a 40 milhas marítimas da costa norte da Venezuela, sob administração e constituinte do Reino dos Países Baixos (Holanda). A sua capital é Willemstad e tem 3 línguas oficiais: papiamento, neerlandês e inglês. A Ilha foi descoberta pelos espanhóis em 1499, foi um grande entreposto de escravos no tempo da governação holandesa e também “a casa mãe dos judeus sefarditas nas Américas”, presença ainda visível nos seus descendentes e nos nomes atribuídos a algumas casas comerciais. Destino turístico de eleição, Curaçao tem muito a oferecer a quem o visita, nomeadamente uma “Holanda tropical”, uma cultura crioula, uma população hospitaleira e paisagens paradisíacas. Queremos mais leitores de Curaçao, sejam bem-vindos.  

“NENHUMA MARÉ, AMPLITUDE TÉRMICA, ACIDENTE OU FENÓMENO NATURAL NOS PÁRA“

A frase acima sempre foi ouvida na Acendura Brava como sinónimo de outras três: “quer faça chuva ou sol, o treino nunca pára”, “o que importa que os outros descansem ou durmam?” e “o céu é o nosso limite”. Não se procurava com esta pedagogia de ensino estoirar donos e rebentar cães, mas dotar os binómios da endurance necessária pelo esforço razoável, tornando-os pelo rigor do treino menos temerosos, mais solícitos e operacionais. Assim fomos, continuamos e continuaremos a sê-lo!