Em França, uma mulher de
32 anos foi gravemente ferida por dois cães na quarta-feira, dia 30 de agosto
de 2023, perto de La Rochelle, quando passeava o pequeno cão dos seus pais, um
Pinscher, na cidade de Sainte-Soulle (Charente-Maritime). Os cães agressores,
dois Epagneul Breton, saíram-lhe ao caminho perto de uma fazenda, conforme relatou
o jornal diário Sud-Ouest. Ao tentar defender o seu cão, a jovem foi mordida
várias vezes nas mãos, braços, pernas e ancas, segundo detalhou o citado diário.
Uma vez hospitalizada, precisou de ser operada duas vezes. “Ela estava coberta
de sangue, despedaçada, como se tivesse sido atingida por um machado”,
confidenciou o irmão da vítima, um bombeiro que interveio depois de ser
alertado por um vizinho. A caminhante apresentou queixa à gendarmaria de
Nieul-sur-Mer, assim como sua mãe, cujo cão ficou também ferido. Para o dono
dos spaniels, este ataque é “incompreensível”. Os cães viviam livremente nas terras
agrícolas sem nunca terem mordido em ninguém até àquele momento, sendo encerrados logo após o incidente. O Prefeito de Sainte-Soulle, Bertrand Ayral,
rotulou o incidente de “acidente dramático, mas isolado”.
Vamos lá desmistificar aquilo que para o agricultor francês, dono dos Epagneul Breton, é um “ataque incompreensível”. Se há cães com um inveterado e forte instinto de caça, no topo da sua lista encontramos o normalmente simpático e dócil Epagneul Breton, um cão de aponte de históricos e reconhecidos créditos cinegéticos. Como cão de caça que é, sabe usar os dentes e se não for condicionado previamente, poderá até despedaçar a caça. Dois cães destes, a conviverem diariamente e a caçar juntos, ao estimularem-se mutuamente, constituem-se de facto numa matilha caçadora. A invasão do seu território pela caminhante despertou-lhes a curiosidade e a presença do Pinscher o seu instinto de caça. Ao tentar ocultar e proteger o pequeno cão, a jovem ainda mais acirrou nos cães o desejo de caçá-lo, mordendo-a na tentativa de alcançá-lo. Assim, o Pinscher foi a causa do ataque e o seu responsável o dono dos cães, que ao invés de os ter presos, tinha-os à solta, considerando o seu histórico social anterior. É bem provável que a jovem naquelas circunstâncias tenham entrado em pânico, o que poderia ainda contribuir mais para aquele desfecho. A exclamação do agricultor que o levou a considerar aquele ataque de “incompreensível”, fez-me lembrar aqueles vizinhos que diariamente dão de comer a cães abandonados e por vezes até algum tipo de abrigo. Mas se algum desses animais causar algum acidente, bem depressa dirão que o animal é um desconhecido e que não tem dono, como se ele houvesse caído ali de pára-quedas.
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