sexta-feira, 1 de setembro de 2023

SERRALHA: APANHAVAM-NA, DEIXAVAM-NA SECAR DE UM DIA PARA O OUTRO E DAVAM-NA AOS COELHOS.

 

Ao preço que os legumes estão, muita gente limita o seu consumo ao mínimo, nomeadamente os mais velhos que tanto precisam deles e que menos dinheiro têm. No entanto, quem tem filhos não pode fugir às despesas, muito embora as crianças de hoje tenham outras preferências, quiçá incutidas pelos erros alimentares dos seus pais. Quem confecciona diariamente comida para os seus cães e enriquece as suas dietas com verduras, sabe quanto isso lhe pesa na carteira, para além de nem sempre encontrar os vegetais que procura. Contudo temos uma alternativa barata e ao alcance de qualquer um – a Serralha – uma planta herbácea, espontânea que existe em todo a parte e que tem o nome científico de Sonchus oleraceus, reconhecida desde a antiguidade como comestível, sendo ideal para substituir os espinafres ou o alho francês no arroz a distribuir aos cães. Na confecção dos pensos caninos, que são normalmente cozidos, prefiro usar as plantas mais desenvolvidas, migando miudinho talos e folhas, ao invés de optar pelas plantas mais tenras e jovens, cujas propriedades a desaparecer com a fervura.

Esta planta herbácea muito do agrado dos coelhos bravos, era outrora apanhada, deixada a secar de um dia para o outro e distribuída depois aos coelhos domésticos. Como planta comestível que é, ela não é boa só para os cães, mas também para os humanos quando cozida, frita ou refogada, em recheios e massas de pão, panquecas, omeletes, em saladas e até em sumos compostos. Quando comida em salada (crua), o seu sabor é ligeiramente amargo, nada que uma pitada de sal e um pouco de azeite não resolvam. Há quem diga que o seu paladar lembra o dos espinafres, muito embora eu o acho mais parecido com o da rúcula, o que para os cães não é nenhum problema, já que têm menos papilas gustativas do que nós.

A Serralha pode ser usada na alimentação dos cães e na nossa em conjunto com outros vegetais, fazendo uma excelente parceria com a urtiga silvestre (Urtica dioica L.) nos pensos de arroz ou massa destinados aos nossos fiéis amigos, desde que respeitadas as necessárias proporções, não apresentando o seu consumo qualquer contra-indicação. A Serralha é rica em propriedades medicinais, fibra cálcio, fósforo, manganês, magnésio, ferro, potássio, cobre e zinco, também nas vitaminas A, B, C, D e E. Contém também flavonóides, compostos antioxidantes, antivirais, antibacterianos e anti-inflamatórios que podem ser encontrados em alguns alimentos, especialmente nas plantas medicinais, frutas e vegetais.

É normalmente requerida para o tratamento do vitiligo, é usada como estimulante do apetite, melhora a digestão, fortifica o sistema nervoso e pode fortalecer a imunidade. Há quem diga que pode também prevenir a anemia, mas certo é que torna a pele e os cabelos mais saudáveis, o que é uma óptima notícia para o manto dos cães. As propriedades da Serralha não se esgotam aqui, quer convertida em chá ou usada como cataplasma. Recorri à distribuição desta herbácea perante cães com dificuldades metabólicas e intolerâncias alimentares específicas. No passado falei dos benefícios para os cães da urtiga comum e hoje falei da serralha, basicamente para estimular nos meus leitores a curiosidade que leva ao saber, para que melhor possam sobreviver com os seus cães enquanto outros claudicam.

PS: Convém não confundir a Serralha (Sonchus oleraceus) com a dente-de-leão (Taraxacum officinale). A Serralha quando é jovem é idêntica ao dente-de-leão, mas quando cresce fica com um caule longo e produz um cacho de flores amarelas nas pontas. O Dente-de-leão não tem caule e produz apenas uma flor muito maior.

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