sexta-feira, 20 de abril de 2018

UM COELHO SAÍDO DA CARTOLA

O Dr. Luis Pedro Coelho e colegas do Laboratório Europeu de Biologia Molecular, em colaboração com a Nestlé Research, avaliaram o microbioma1 intestinal de duas raças de cães e descobriram que o conteúdo genético do microbioma dos cães mostrou muitas semelhanças com o microbioma intestinal humano, sendo mais semelhante do que o microbioma encontrado em porcos ou ratos. O mesmo Dr. Coelho, autor correspondente do estudo, comentou a propósito: “Encontrámos muitas semelhanças entre o conteúdo genético dos microbiomas intestinais humanos e caninos. Os resultados dessa comparação sugerem que somos mais parecidos com o melhor amigo do homem do que inicialmente pensávamos." Os pesquisadores descobriram que as mudanças na quantidade de proteínas e carboidratos na dieta tiveram um efeito similar na microbiota2 de cães e humanos, independente da raça ou sexo do cão.
Verificou-se que os microbiomas de cães com sobrepeso ou obesos respondem melhor a uma dieta rica em proteínas em comparação com os microbiomas de cães magros; isso é consistente com a ideia de que microbiomas saudáveis são mais resilientes. A importância desta descoberta levou o autor atrás citado deste estudo a concluir: “Estas descobertas sugerem que os cães poderiam ser um modelo melhor para estudos de nutrição do que porcos ou ratos e poderíamos usar dados de cães para estudar o impacto da dieta na microbiota intestinal dos seres humanos, e os humanos poderiam ser bom modelo para estudar a nutrição de cães. "Muitas pessoas que têm animais de estimação consideram-nos como parte da família e, como os humanos, os cães têm um problema crescente de obesidade. Portanto, é importante estudar as implicações das diferentes dietas.”
Os cães do presente estudo foram todos alimentados com a mesma dieta-base de ração comercial disponível durante quatro semanas, depois foram randomizados em dois grupos: um grupo consumiu uma dieta rica em proteínas e pouco carboidrato e o outro grupo consumiu uma dieta rica em carboidratos3 e baixa proteína também num período de quatro semanas. Um total de 129 amostras de fezes caninas foram colectadas às quatro e oito semanas. Depois, os pesquisadores extraíram o ADN dessas amostras para criar o catálogo do gene do microbioma intestinal de cães, que continha 1.247.405 genes. O catálogo do gene do intestino canino foi comparado com os catálogos de genes existentes no microbioma intestinal de humanos, Os autores advertem que, embora humanos e cães hospedem micróbios muito semelhantes, eles não são exactamente os mesmos micróbios, mas cepas muito próximas da mesma espécie.
Dito isto e a propósito, sempre recordo alguém que dizia e com muita razão: “O que não serve para mim, não serve para o meu cão!” Não é novidade para ninguém que o salmão criado em viveiro é uma grande porcaria, por ser cancerígeno e não apresentar as vantagens para a saúde do que é criado em liberdade. Que salmão irá para às rações caninas? Como o criado em liberdade é mais raro e muito mais caro, dificilmente irá lá parar. Diante destes factos, julgo que por ignorância, ainda há gente que dá rações aos seus cães com base em salmão e que o come a um preço bastante acessível e convidativo. Tem dono que é cego!
1 Microbioma = Comunidade estável de microrganismos de um ecossistema. 2 Microbiota = Comunidade de microrganismos que partilham o interior de um organismo vivo. 3 Carboidrato = Composto formado pela combinação de moléculas de água com as de outro composto. = CARBO-HIDRATO, HIDRATO DE CARBONO.

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