O Dr. Luis Pedro Coelho e
colegas do Laboratório Europeu de Biologia Molecular, em colaboração com a
Nestlé Research, avaliaram o microbioma1 intestinal de duas raças de cães e
descobriram que o conteúdo genético do microbioma dos cães mostrou muitas
semelhanças com o microbioma intestinal humano, sendo mais semelhante do que o microbioma
encontrado em porcos ou ratos. O mesmo Dr. Coelho, autor correspondente do
estudo, comentou a propósito: “Encontrámos muitas semelhanças entre o conteúdo
genético dos microbiomas intestinais humanos e caninos. Os resultados dessa
comparação sugerem que somos mais parecidos com o melhor amigo do homem do que
inicialmente pensávamos." Os pesquisadores descobriram que as mudanças na
quantidade de proteínas e carboidratos na dieta tiveram um efeito similar na
microbiota2
de cães e humanos, independente da raça ou sexo do cão.
Verificou-se que os
microbiomas de cães com sobrepeso ou obesos respondem melhor a uma dieta rica
em proteínas em comparação com os microbiomas de cães magros; isso é
consistente com a ideia de que microbiomas saudáveis são mais resilientes. A
importância desta descoberta levou o autor atrás citado deste estudo a concluir:
“Estas descobertas sugerem que os cães poderiam ser um modelo melhor para
estudos de nutrição do que porcos ou ratos e poderíamos usar dados de cães para
estudar o impacto da dieta na microbiota intestinal dos seres humanos, e os
humanos poderiam ser bom modelo para estudar a nutrição de cães. "Muitas
pessoas que têm animais de estimação consideram-nos como parte da família e,
como os humanos, os cães têm um problema crescente de obesidade. Portanto, é
importante estudar as implicações das diferentes dietas.”
Os cães do presente estudo
foram todos alimentados com a mesma dieta-base de ração comercial disponível durante
quatro semanas, depois foram randomizados em dois grupos: um grupo consumiu uma
dieta rica em proteínas e pouco carboidrato e o outro grupo consumiu uma dieta
rica em carboidratos3 e baixa proteína também num período de
quatro semanas. Um total de 129 amostras de fezes caninas foram colectadas às
quatro e oito semanas. Depois, os pesquisadores extraíram o ADN dessas amostras
para criar o catálogo do gene do microbioma intestinal de cães, que continha 1.247.405
genes. O catálogo do gene do intestino canino foi comparado com os catálogos de
genes existentes no microbioma intestinal de humanos, Os autores advertem que,
embora humanos e cães hospedem micróbios muito semelhantes, eles não são
exactamente os mesmos micróbios, mas cepas muito próximas da mesma espécie.
Dito
isto e a propósito, sempre recordo alguém que dizia e com muita razão: “O que
não serve para mim, não serve para o meu cão!” Não é novidade para ninguém que
o salmão criado em viveiro é uma grande porcaria, por ser cancerígeno e não
apresentar as vantagens para a saúde do que é criado em liberdade. Que salmão
irá para às rações caninas? Como o criado em liberdade é mais raro e muito mais
caro, dificilmente irá lá parar. Diante destes factos, julgo que por ignorância,
ainda há gente que dá rações aos seus cães com base em salmão e que o come a um
preço bastante acessível e convidativo. Tem dono que é cego!
1 Microbioma = Comunidade estável de
microrganismos de um ecossistema. 2 Microbiota = Comunidade de
microrganismos que partilham o interior de um organismo vivo. 3 Carboidrato
= Composto formado pela combinação de moléculas de água com as de outro
composto. = CARBO-HIDRATO, HIDRATO DE CARBONO.
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