quinta-feira, 5 de abril de 2018

NÃO VALE A PENA PROCURAR ONDE NÃO HÁ!

O mercado dos cães de guarda segue a mesma tendência do verificado no dos cães em geral e nunca foi tão barato comprar aqui um bom guardião, graças às compras pela Internet que aumentaram a concorrência pela vinda de cães do estrangeiro substancialmente mais baratos, ainda que nalguns casos de qualidade pouco recomendável. Esta invasão de cães apanhou os canicultores portugueses desprevenidos, que acostumados à ausência de concorrência, não optaram pela procura de novos mercados, no que foram ajudados pelo pouco prestígio e quase nenhum empreendedorismo. Se no passado recente ainda era possível alguma hegemonia dos criadores portugueses no mundo da lusofonia, com as vendas online ela sucumbiu de vez, porque os angolanos e cabo-verdianos que foram nossos clientes, optaram por procurar cães para si sem o nosso aval e conselho.
Mesmo assim, com os preços tão baixos, a demanda por cães de guarda diminuiu ao invés de aumentar, menor procura que se deve também ao altíssimo número de cães propostos para a adopção, animais provenientes de um sem número de abrigos que induziram a uma baixa de preços média de 58,33% nos cães com pedigree. Tradicionalmente influenciados pela cultura do “bom e do barato” (os cães castrados não podem comer muito porque engordam), certos indivíduos, que não são assim tão poucos, procuram em vão cães de guarda nos abrigos caninos, vindo mais tarde a “devolvê-los” por erro na sua escolha ou por precariedade de serviço, resultado já esperado pelo particular destes cães, que mais depressa guiarão cegos do que serão cães de guarda, porque se o fossem, não seriam abandonados e depois de castrados, ainda menos o serão.
Que cães posso encontrar nos canis de acolhimento? Animais mais saudáveis e longevos que muitos “puros”; companheiros dedicados, meigos e pacíficos; pouco exigentes e de fácil adaptação, próprios para a brincadeira e para desportos caninos moderados, de fácil integração no agregado familiar e de fácil sociabilização com estranhos, ainda que muitos possam apresentar-se medrosos ou tremer diante de trovoadas, de determinados sons e disparos, o que logo será justificado com possíveis maus-tratos anteriores, o que nem sempre corresponde à verdade, porque os cães não nascem todos iguais, em quase todas as ninhadas há cobardes e a castração a todos sonega a última réstia de valentia. Não é dela que se valem para “amansar” os cães mais agressivos, beligerantes e de difícil controlo?
Não, não vale a pena procurar onde não há. Se quer um cão de guarda genuíno e capaz, então terá que abrir os cordões à bolsa, apesar de não necessitar de os abrir na totalidade. Antes de optar pela compra, certifique-se se necessita verdadeiramente de um cão assim, que o seu agregado familiar está de acordo consigo e se tem condições e disponibilidade para o ter, garantindo-lhe a saúde, o bem-estar, o treino e a protecção. Lembre-se que só entre os psicopatas é que os cães de guarda estão sempre em maioria, não para caçar ladrões, mas para dar caça “aos macaquinhos” que trazem na cabeça.

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