O AZAR NÃO ESCOLHE IDADES

O azar não escolhe idades e sempre estamos sujeitos àquilo que não controlamos, que o diga (por pouco já não dizia) Zhongkai Mao, um cidadão chinês com 77 anos de idade, emigrante nos Estados Unidos, a viver em casa da filha, em Lawrenceville, Gwinnett County, no Estado da Geórgia, que ao final da tarde de anteontem, quando se encontrava a fazer a sua caminhada diária, foi atacado por dois cães que se haviam soltado das redondezas, em 5 Forks Trickum Road, que lhe infligiram ferimentos tão graves que ainda está em risco de perder uma perna, ficando a dever a vida à pronta ajuda de alguns condutores, que de num minuto o libertaram dos seus algozes de quatro patas, animais que depois das suas análises à raiva darem negativo, foram de imediato abatidos e os seus donos indiciados. O Sr. Mao permanece no Gwinnett Medical Center e o seu estado inspira cuidado (há que evitar que as feridas infectem a qualquer preço).

Caso o Sr. Zhongkai Mao não fosse de imediato socorrido e sujeito a uma intervenção cirúrgica, que durou duas horas, provavelmente já teria perdido uma das pernas, a esquerda, que apresenta três buracos que expunham ossos e tecidos musculares, hipótese que não está ainda descartada pelo risco de poder vir a contrair uma infecção. Neste momento está com os dois braços presos ao corpo, que se encontra coberto de pontos. Os médicos que o assistem acreditam que ele irá precisar de enxertos de pele, muito embora só possam ser realizados mais tarde em algumas áreas dos seus braços e pernas, atendendo ao mau-estado em que se encontram. Como o tratamento deste ancião irá exigir muitos anos de reabilitação, a sua filha e o seu genro criaram uma página no GoFundMe para arrecadar donativos, tentando assim arranjar o dinheiro suficiente para lhe valer. Resta dizer que o Sr. Mao, que nem inglês sabe falar, o que foi uma complicação para contactar a família, só está nos States desde o último mês de Fevereiro.

Bem que me apetecia terminar esta chocante notícia com um “no comments”, mas posso terminar dizendo que para casos destes, o melhor que há a fazer, para que seja feita justiça, é ilibar os cães e acusar os donos dos seus crimes! Quantos anos de prisão apanharia um homem se causasse um dolo igual ao perpetrado por estes cães? Matar os animais só serve para inocentar os donos, que provavelmente virão a ter outros cães e cairão no mesmo disparate. Não será punível como autor quem por intermédio de outrem causa tamanho dolo? Como posso eu responsabilizar um cão? Matá-lo sempre será mais fácil. Casos destes não podem repetir-se, porque doutro modo teremos que começar a abrir hospitais de campanha por toda a parte. Não só as armas que matam, certos cães também!