domingo, 10 de julho de 2022

UMA LIÇÃO COM LIÇÕES PARA DAR

 

Antigamente de forma mais dissimulada e agora abertamente, este blogue é também um manual de ensino à distância. Mercê deste propósito, interessa-me mais mostrar agora os erros ou falhas nas fotos do que mostrá-las certinhas e direitinhas, sem nada a acrescentar, porque os homens aprendem com os erros, já tenho a carreira feita e não andamos com uma câmera de televisão atrás de nós no treino, o que diga-se de passagem, daria muito jeito. Este texto reporta-se à aula da última sexta-feira, anteontem, dia 08 de junho e pretende adiantar lições para o treino canino quotidiano. Como quem me conhece bem sabe, abomino e não aceito ser tratado como encantador de cães, porque estendo o que sei a gente comum e não excluo ninguém que me procure. Há também quem me chame de mestre, exactamente como Judas tratou Jesus, o que obviamente também não gosto e dispenso. Na foto acima vemos o grupo que participou na aula de anteontem e na seguinte o meu cuidado com o “love of my life” (Tommy).

Quando se conduz uma cão à trela sobre obstáculos estamos a obedecer a uma das seguintes condições: 1 _ quando estamos a ensinar o obstáculo ao animal; 2 _ a ajudá-lo a melhorar a sua prestação; 3 _ a  tentar eliminar–lhe vícios; 4 _ a aquecê-lo, a musculá-lo e a proceder a recapitulações nas aulas colectivas e 5 _ Sempre que não seja possível abordar os obstáculos com o cão em liberdade, por razões ligadas à boa ordem, à segurança e à salvaguarda do animal e de outros. Na foto abaixo é possível ver a Inês Pedro a conduzir o CA Oliver sobre um castelo com 1 metro de altura no 2º caso, com o objectivo de melhorar a prestação do Oliver. Ainda que o adiantamento da condutora em relação ao cão seja o correcto, ela comete dois erros de condução que farão o cão indevidamente raspar o castelo. O primeiro tem a ver com o facto de se ter virado para o cão, postura que causou travamento ao animal e que por causa disso diminuiu-lhe a altura e amplitude do salto, indução súbita de travamento que levou também o generoso Cão de Água à redução da velocidade. A execução de obstáculos isolados é feita debaixo de uma perspectiva de aceleração constante e não de travamento. O segundo erro tem a ver com a elevação das mãos da condutora que indevida e inexplicavelmente levanta a sua mão direita mais alto do que a esquerda, com o cão a ser conduzido pela esquerda. Neste casos a mão a levantar é a esquerda para valer ao animal, conservando-se a direita em baixo para garantir a mobilidade da marcha de condutor e cão. Se tirássemos a trela das mãos da condutora, juraríamos ver um toureiro a preparar-se para espetar um par de bandarilhas.

No GIF abaixo vemos o nosso especialista em obstáculos de precisão - o CPA Bohr – que vai esgueirar-se por um minúsculo arbusto. Se repararmos com atenção, vemos que o cão descreve um “s” antes de romper pela planta. Por que razão o fez? 1 _ Seria porque intentou fugir do obstáculo e mediante o reparo do dono corrigiu a direcção? 2 _ Porque a irregularidade dos pequenos troncos induziu-o a isso? 3 _  Porque foi imobilizado no sítio errado e viu-se depois obrigado a corrigir a direcção para responder à chamada do dono? A primeira opção é pouco viável para não dizer impossível face à proximidade do cão em relação ao obstáculo, porque o cão teria que ser muito lesto para encadear dois comando diversos praticamente em simultâneo (“em frente” e “não”). Se fosse este o caso, o cão sairia dos arbustos com as orelhas na 3ª posição (abatidas) acusando a correcção, o que não acontece no GIF. A segunda opção é totalmente disparatada e descabida. A opção certa é a terceira, que foi de facto o que aconteceu: o cão que foi imobilizado no sítio errado (demasiado para a direita), viu-se obrigado a corrigir a direcção, por si mesmo, para ir ao encontro do dono.

Retornando à temática dos saltos isolados, porque os cães são quadrúpedes e têm dois pares de membros, quando atrelados, os donos são obrigados a continuar a correr para a frente na saída dos obstáculos e não a obrigar os cães a rodar logo após a transposição – a saltar enviesados – que por norma esforçam e põem risco o primeiro dos anteriores a tocar no chão e obrigam o posterior do mesmo lado a embater contra o corpo do obstáculo. E, quando um salto é feito pela esquerda do condutor e este levanta mais a sua mão direita, está a induzir o cão a rodar erroneamente para a direita, comprometendo desta forma a correcta transposição do animal e a sua integridade física. Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Carlos/Oliver; Inês/Oliver; João/Tommy e Paulo/Bhor. O casal Jorge e Liliana, tal qual turistas de Alcobaça, vieram ver o bom andamento dos trabalhos e deslocaram-se depois a uma feira de comes e bebes, que na ocasião se apresentava bastante concorrida. O tempo condicionou-nos o Plano de Aula e aligeirou os nossos trabalhos. O Tommy continuou a melhorar o “junto” e a aprimorar a sua sociabilização. A reportagem fotográfica coube aos mesmos e o calor foi um verdadeiro carrasco. 

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