Antigamente
de forma mais dissimulada e agora abertamente, este blogue é também um manual
de ensino à distância. Mercê deste propósito, interessa-me mais mostrar agora os
erros ou falhas nas fotos do que mostrá-las certinhas e direitinhas, sem nada a
acrescentar, porque os homens aprendem com os erros, já tenho a carreira feita
e não andamos com uma câmera de televisão atrás de nós no treino, o que diga-se
de passagem, daria muito jeito. Este texto reporta-se à aula da última
sexta-feira, anteontem, dia 08 de junho e pretende adiantar lições para o
treino canino quotidiano. Como quem me conhece bem sabe, abomino e não aceito
ser tratado como encantador de cães, porque estendo o que sei a gente comum e
não excluo ninguém que me procure. Há também quem me chame de mestre,
exactamente como Judas tratou Jesus, o que obviamente também não gosto e
dispenso. Na foto acima vemos o grupo que participou na aula de anteontem e na
seguinte o meu cuidado com o “love of my life” (Tommy).
Quando
se conduz uma cão à trela sobre obstáculos estamos a obedecer a uma das
seguintes condições: 1 _ quando estamos a ensinar o obstáculo ao animal; 2 _ a
ajudá-lo a melhorar a sua prestação; 3 _ a
tentar eliminar–lhe vícios; 4 _ a aquecê-lo, a musculá-lo e a proceder a
recapitulações nas aulas colectivas e 5 _ Sempre que não seja possível abordar
os obstáculos com o cão em liberdade, por razões ligadas à boa ordem, à
segurança e à salvaguarda do animal e de outros. Na foto abaixo é possível ver
a Inês Pedro a conduzir o CA Oliver sobre um castelo com 1 metro de altura no
2º caso, com o objectivo de melhorar a prestação do Oliver. Ainda que o
adiantamento da condutora em relação ao cão seja o correcto, ela comete dois
erros de condução que farão o cão indevidamente raspar o castelo. O primeiro
tem a ver com o facto de se ter virado para o cão, postura que causou
travamento ao animal e que por causa disso diminuiu-lhe a altura e amplitude do
salto, indução súbita de travamento que levou também o generoso Cão de Água à
redução da velocidade. A execução de obstáculos isolados é feita debaixo de uma
perspectiva de aceleração constante e não de travamento. O segundo erro tem a
ver com a elevação das mãos da condutora que indevida e inexplicavelmente levanta
a sua mão direita mais alto do que a esquerda, com o cão a ser conduzido pela
esquerda. Neste casos a mão a levantar é a esquerda para valer ao animal,
conservando-se a direita em baixo para garantir a mobilidade da marcha de
condutor e cão. Se tirássemos a trela das mãos da condutora, juraríamos ver um
toureiro a preparar-se para espetar um par de bandarilhas.
No GIF abaixo vemos o nosso especialista em obstáculos de precisão - o CPA Bohr – que vai esgueirar-se por um minúsculo arbusto. Se repararmos com atenção, vemos que o cão descreve um “s” antes de romper pela planta. Por que razão o fez? 1 _ Seria porque intentou fugir do obstáculo e mediante o reparo do dono corrigiu a direcção? 2 _ Porque a irregularidade dos pequenos troncos induziu-o a isso? 3 _ Porque foi imobilizado no sítio errado e viu-se depois obrigado a corrigir a direcção para responder à chamada do dono? A primeira opção é pouco viável para não dizer impossível face à proximidade do cão em relação ao obstáculo, porque o cão teria que ser muito lesto para encadear dois comando diversos praticamente em simultâneo (“em frente” e “não”). Se fosse este o caso, o cão sairia dos arbustos com as orelhas na 3ª posição (abatidas) acusando a correcção, o que não acontece no GIF. A segunda opção é totalmente disparatada e descabida. A opção certa é a terceira, que foi de facto o que aconteceu: o cão que foi imobilizado no sítio errado (demasiado para a direita), viu-se obrigado a corrigir a direcção, por si mesmo, para ir ao encontro do dono.
Retornando à temática dos saltos isolados, porque os cães são quadrúpedes e têm dois pares de membros, quando atrelados, os donos são obrigados a continuar a correr para a frente na saída dos obstáculos e não a obrigar os cães a rodar logo após a transposição – a saltar enviesados – que por norma esforçam e põem risco o primeiro dos anteriores a tocar no chão e obrigam o posterior do mesmo lado a embater contra o corpo do obstáculo. E, quando um salto é feito pela esquerda do condutor e este levanta mais a sua mão direita, está a induzir o cão a rodar erroneamente para a direita, comprometendo desta forma a correcta transposição do animal e a sua integridade física. Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Carlos/Oliver; Inês/Oliver; João/Tommy e Paulo/Bhor. O casal Jorge e Liliana, tal qual turistas de Alcobaça, vieram ver o bom andamento dos trabalhos e deslocaram-se depois a uma feira de comes e bebes, que na ocasião se apresentava bastante concorrida. O tempo condicionou-nos o Plano de Aula e aligeirou os nossos trabalhos. O Tommy continuou a melhorar o “junto” e a aprimorar a sua sociabilização. A reportagem fotográfica coube aos mesmos e o calor foi um verdadeiro carrasco.
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