Eu
não aprecio as políticas de Jair Bolsonaro, actual presidente do Brasil, os
seus discursos populistas, as desculpas esfarrapadas que encontra, as asneiras
que faz e diz em nome da nação que representa. Penso até que o homem só se
representa a si próprio e que anda por demais enfronhado com o seu culto
pessoal e empenhado em arranjar “encosto” para amigos e familiares, numa
formação oligárquica de compadrio igual a tantas outras que o Brasil tão bem
conhece. Para não me alongar mais sobre o assunto, acreditar em Bolsonaro é
para mim sinónimo de ignorância, pelo que jamais poderia ser presidente de
qualquer outra nação civilizada, livre e democrática.
Mas
a minha opinião vale o que vale e ainda vale menos quando me pronuncio sobre
assuntos de uma país estrangeiro, que não me diz respeito e no qual não exerço
o meu direito de voto, verdades desconsideradas por Marcelo Rebelo de Sousa,
Presidente da República Portuguesa, nesta sua última viagem oficial ao Brasil,
quando entendeu sentar-se tanto com Bolsonaro como com Lula da Silva, num gesto
de profundo desrespeito pelo presidente brasileiro democraticamente instituído
e ainda no poder. Como resultado deste imbróglio, Jair Bolsonaro e bem,
desmarcou um encontro que tinha sido previsto para Brasília com o presidente
português, assim como o respectivo almoço onde ambos pretensamente confraternizariam.
Mais uma vez o excessivo paternalismo de Marcelo traiu-o, já que ele não foi a Terras de Vera Cruz para dar lições de democracia ou “lançar achas” para dentro da sociedade brasileira, já em chamas e a pagar o preço das suas opções. Marcelo foi ao Brasil representar o País e prestou um mau serviço à nossa política externa, aos portugueses e aos brasileiros, porque não soube respeitar o seu anfitrião e tratou as instituições dos últimos como se fossem abstractos poderes coloniais. Ao imiscuir-se daquele modo na política brasileira, a vergonha que Marcelo está a passar, está a passá-la a todos nós. Quereria este senhor tão ilustre e de tão provecta idade lançar um novo “grito do Ipiranga”? Se foi, não seria o primeiro português a fazê-lo (o outro nasceu em Queluz), mas penso que não teria a mesma sorte, porque vai sair do Brasil agachado, não como um paladino da liberdade, mas como um malfadado paladino da mediocridade – Chumbou, Sr. Professor! E depois, Bolsonaro aproveitou a ocasião para virar-lhe as costas e mandá-lo com indiferença àquela parte malcheirosa – o traque guerreiro abafou o ósculo da paz!
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