O
treino de sábado incidiu maioritariamente sobre a endurance, muito embora as
restantes disciplinas cinotécnicas fossem também abordadas, pelo que dividimos
a aula em duas pares: uma dedicada à ginástica e outra à obediência. Atendendo
à idade dos cães presentes e ao treino que já levam, a pensar na sua
salvaguarda e possível necessidade de evasão, depois de dividirmos o exercício
por fases, optámos por ensinar ao CA Oliver e à CPA Kira o salto sobre uma
cerca de rede, naquele caso específico elevada a 110cm. Antes da prestação
destes cães, que saíram dali a ultrapassar a cerca em liberdade, coube ao CPA
Bohr dar o mote e exemplificar o exercício. Na foto acima estamos perante uma
imagem rara, ao vermos um Cão de Água Português a elevar-se sobre um obstáculo para
além de 110 cm de altura e na segunda, sem razão para qualquer espanto, vemos a
CPA Kira a fazer o mesmo.
Vencido
este obstáculo, passámos para a escada de alvenaria em caracol, obstáculo já
conhecido dos binómios presentes, cuja repetição, pelo aumento da experiência,
transmite maior serenidade e confiança a condutores e cães. Com o cachorro CPA
Marquês presente, considerando a sua robustez e que muito brevemente já vai
fazer 6 meses de idade, também o convidámos para a execução daquelas escadas,
que ele venceu com relativa facilidade.
Com
os ritmos vitais dos cães mais acelerados por causa do calor e querendo juntar
o útil ao agradável - o descanso ao trabalho – optámos por treinar o “quieto” à
distância com os cães à sombra. Curiosamente, talvez por não ter atingido ainda
a sua maturidade sexual ou por estar mais cansado, o cachorro CPA Marquês foi o que melhor se comportou.
Mudando
de cenário e de obstáculos, passando da alvenaria para a natureza, rumámos ao
já nosso conhecido “Jardim das Fisgas”, um pequeno olival que alcunhámos e cujas
oliveiras apresentam troncos bifurcados, em forma de fisga (estilingue no
Brasil), recriando com essa disposição a “vertical cruzada”, obstáculo
artificial e próprio das pistas tácticas. Como seria conveniente e indicado, coube
ao cachorro CPA Marquês, estreante nestas andanças, a fisga mais baixa, para
que confortado com a experiência feliz, venha a mostrar o desejo de ultrapassar
fisgas mais altas.
O
Oliver, o nosso Cão de Água voador, por se elevar na vertical como um helicóptero,
pleno de força e genica alcançou a “fisga 3”, que se eleva a mais de 1 metro de
altura. Encantado com o cão e querendo ser engraçado, o Carlos Silva, seu
condutor, apontando para um plátano com um tronco de 4 m de altura, disse: “Qualquer
dia é aquele!” Se ao invés de um Cão de Água tivesse um Catahoula Cur, tal proeza
poderia ser possível. Vale a pena ver alguns vídeos destes cães a trepar às
árvores, apesar do condicionamento poder habilitar qualquer cão para o efeito,
desde que aconteça no tempo certo e o animal tenha as características
morfológicas necessárias.
Se
o desempenho atlético do Oliver se deve à prática consecutiva e aturada dos
obstáculos, o mesmo não se pode dizer da valente e versátil CPA Kira, que em
menos de 2 meses na escola (vai fazê-los na próxima sexta-feira), conseguiu
equiparar-se aos cães que se encontravam na escola há mais tempo. Assim, como
seria de esperar e com um à vontade tremendo, também ela ultrapassou a fisga de
1 m de altura, salto que já exige alguma precisão. A foto seguinte desnuda o
arrojo desta CPA, que mesmo com o seu condutor imobilizado atrás da linha de
salto, avança confiante e segura para o obstáculo.
Vencidas
as fisgas e depois de um breve momento de supercompensação, passámos para a
execução dos comandos de “à frente” e “atrás” sobre escadas para aliviar os
animais de algum toque inadvertido nos obstáculos anteriores, procedendo em
simultâneo à sua recuperação e musculação. Na foto seguinte, sem deixar dúvidas
a ninguém, é possível ver a energia do CA Oliver na execução do comando “à
frente”.
O
desempenho do cachorro CPA Marquês nestes comandos direccionais foi
satisfatório e melhorá-lo-á com a idade, o tempo e o treino. Para além de ter
melhorado no “quieto”, este cachorro está também a melhorar substancialmente na
sociabilização, devendo agora ser convidado amiúde para o churro e para jogos
de atenção, nomeadamente para a prática da emboscada epara as induções
possíveis.
Já
sem a presença do Oliver, convidámos os binómios Joana/Marquês e Miguel/Kira
para vários exercícios de obediência visando o controlo dos cães, o avivar da
sua marcha e o reforço da sua sociabilização. O CPA Bohr não participou na
totalidade dos exercícios por ser o cão do fotógrafo.
Donos
e cães respeitaram as figuras e os alinhamentos requeridos, acatando as
correcções e procurando a excelência no seu desempenho, o que sempre reconforta
quem ensina e é causa de espanto para quem observa.
Com
um círculo de 36 m delimitado por frondosas árvores, os binómios atrás citados evoluíram
na obediência linear de modo irrepreensível, controlando os condutores com
mestria tanto as evoluções como as imobilizações dos seus companheiros de 4
patas. Durante a obediência linear houve ainda lugar ao “passo de corrida”,
visando a maior destreza dos binómios e a marcha em suspensão dos cães.
Apesar
de mal se conhecerem e de pouco terem trabalhado juntos, a Kira e o Marquês,
como é tão comum observar entre Pastores Alemães, absorveram rapidamente o
escalonamento social fornecido pela matilha escolar. Na foto abaixo, depois de terem
andado em sentido de colisão, vemo-los virados um para o outro, aguardando
pacientemente a chegada dos seu donos.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Carlos/Oliver; Joana/Marquês; Miguel/Kira e Paulo Bohr. A reportagem fotográfica e a sua edição foram da responsabilidade dos fregueses do costume. O Pedro Rodrigues não há quem o veja e o Jorge Filipe quem lhe ponha vista em cima. O dia esteve óptimo, o trabalho rendeu e todos regressaram felizes a casa.
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