segunda-feira, 4 de julho de 2022

EVASÃO DE CERCAS, ESCADAS, FISGAS E PASSO DE CORRIDA.

 

O treino de sábado incidiu maioritariamente sobre a endurance, muito embora as restantes disciplinas cinotécnicas fossem também abordadas, pelo que dividimos a aula em duas pares: uma dedicada à ginástica e outra à obediência. Atendendo à idade dos cães presentes e ao treino que já levam, a pensar na sua salvaguarda e possível necessidade de evasão, depois de dividirmos o exercício por fases, optámos por ensinar ao CA Oliver e à CPA Kira o salto sobre uma cerca de rede, naquele caso específico elevada a 110cm. Antes da prestação destes cães, que saíram dali a ultrapassar a cerca em liberdade, coube ao CPA Bohr dar o mote e exemplificar o exercício. Na foto acima estamos perante uma imagem rara, ao vermos um Cão de Água Português a elevar-se sobre um obstáculo para além de 110 cm de altura e na segunda, sem razão para qualquer espanto, vemos a CPA Kira a fazer o mesmo.

Vencido este obstáculo, passámos para a escada de alvenaria em caracol, obstáculo já conhecido dos binómios presentes, cuja repetição, pelo aumento da experiência, transmite maior serenidade e confiança a condutores e cães. Com o cachorro CPA Marquês presente, considerando a sua robustez e que muito brevemente já vai fazer 6 meses de idade, também o convidámos para a execução daquelas escadas, que ele venceu com relativa facilidade.

Com os ritmos vitais dos cães mais acelerados por causa do calor e querendo juntar o útil ao agradável - o descanso ao trabalho – optámos por treinar o “quieto” à distância com os cães à sombra. Curiosamente, talvez por não ter atingido ainda a sua maturidade sexual ou por estar mais cansado, o cachorro CPA Marquês foi o que melhor se comportou.

Mudando de cenário e de obstáculos, passando da alvenaria para a natureza, rumámos ao já nosso conhecido “Jardim das Fisgas”, um pequeno olival que alcunhámos e cujas oliveiras apresentam troncos bifurcados, em forma de fisga (estilingue no Brasil), recriando com essa disposição a “vertical cruzada”, obstáculo artificial e próprio das pistas tácticas. Como seria conveniente e indicado, coube ao cachorro CPA Marquês, estreante nestas andanças, a fisga mais baixa, para que confortado com a experiência feliz, venha a mostrar o desejo de ultrapassar fisgas mais altas.

O Oliver, o nosso Cão de Água voador, por se elevar na vertical como um helicóptero, pleno de força e genica alcançou a “fisga 3”, que se eleva a mais de 1 metro de altura. Encantado com o cão e querendo ser engraçado, o Carlos Silva, seu condutor, apontando para um plátano com um tronco de 4 m de altura, disse: “Qualquer dia é aquele!” Se ao invés de um Cão de Água tivesse um Catahoula Cur, tal proeza poderia ser possível. Vale a pena ver alguns vídeos destes cães a trepar às árvores, apesar do condicionamento poder habilitar qualquer cão para o efeito, desde que aconteça no tempo certo e o animal tenha as características morfológicas necessárias.

Se o desempenho atlético do Oliver se deve à prática consecutiva e aturada dos obstáculos, o mesmo não se pode dizer da valente e versátil CPA Kira, que em menos de 2 meses na escola (vai fazê-los na próxima sexta-feira), conseguiu equiparar-se aos cães que se encontravam na escola há mais tempo. Assim, como seria de esperar e com um à vontade tremendo, também ela ultrapassou a fisga de 1 m de altura, salto que já exige alguma precisão. A foto seguinte desnuda o arrojo desta CPA, que mesmo com o seu condutor imobilizado atrás da linha de salto, avança confiante e segura para o obstáculo.

Vencidas as fisgas e depois de um breve momento de supercompensação, passámos para a execução dos comandos de “à frente” e “atrás” sobre escadas para aliviar os animais de algum toque inadvertido nos obstáculos anteriores, procedendo em simultâneo à sua recuperação e musculação. Na foto seguinte, sem deixar dúvidas a ninguém, é possível ver a energia do CA Oliver na execução do comando “à frente”.

O desempenho do cachorro CPA Marquês nestes comandos direccionais foi satisfatório e melhorá-lo-á com a idade, o tempo e o treino. Para além de ter melhorado no “quieto”, este cachorro está também a melhorar substancialmente na sociabilização, devendo agora ser convidado amiúde para o churro e para jogos de atenção, nomeadamente para a prática da emboscada epara as induções possíveis.

Já sem a presença do Oliver, convidámos os binómios Joana/Marquês e Miguel/Kira para vários exercícios de obediência visando o controlo dos cães, o avivar da sua marcha e o reforço da sua sociabilização. O CPA Bohr não participou na totalidade dos exercícios por ser o cão do fotógrafo.

Donos e cães respeitaram as figuras e os alinhamentos requeridos, acatando as correcções e procurando a excelência no seu desempenho, o que sempre reconforta quem ensina e é causa de espanto para quem observa.

Com um círculo de 36 m delimitado por frondosas árvores, os binómios atrás citados evoluíram na obediência linear de modo irrepreensível, controlando os condutores com mestria tanto as evoluções como as imobilizações dos seus companheiros de 4 patas. Durante a obediência linear houve ainda lugar ao “passo de corrida”, visando a maior destreza dos binómios e a marcha em suspensão dos cães.

Apesar de mal se conhecerem e de pouco terem trabalhado juntos, a Kira e o Marquês, como é tão comum observar entre Pastores Alemães, absorveram rapidamente o escalonamento social fornecido pela matilha escolar. Na foto abaixo, depois de terem andado em sentido de colisão, vemo-los virados um para o outro, aguardando pacientemente a chegada dos seu donos.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios:  Carlos/Oliver; Joana/Marquês; Miguel/Kira e Paulo Bohr. A reportagem fotográfica e a sua edição foram da responsabilidade dos fregueses do costume. O Pedro Rodrigues não há quem o veja e o Jorge Filipe quem lhe ponha vista em cima.  O dia esteve óptimo, o trabalho rendeu e todos regressaram felizes a casa.

Sem comentários:

Enviar um comentário