Ontem de manhã, durante a minha já histórica caminhada matinal e ao chegar a um espaço aberto, ouvi um chilreado agradável que já conhecia, senti-me refrescado e emocionei-me, quando olhei para o céu e vi as andorinhas na sua azáfama. Ao vê-las assim, automaticamente, senti-me regressar à infância e à aldeia onde nasci. Continua a ouvir-se por aí em tom jocoso, porque o racismo existe e é impiedoso, que “é possível tirar um africano de África, mas que é impossível tirar-lhe esse continente da cabeça”. Sem querer justificar o injustificável, há alguma verdade nisto se considerarmos o apego forte e quase inexplicável que cada um tem à terra que o viu nascer, seja ele africano, europeu ou asiático. A chegada destas aves graciosas sempre esteve para mim relacionada com algo de bom, como uma manifestação do relógio biológico apostado em sintonizar a vida de homens e animais. Quando as andorinhas chegavam, sinal da estabilidade do bom tempo, juntavam-se os canários para acasalar e tosquiavam-se os machos, os burros e os cães lanosos, aguardando-se a tosquia das ovelhas para algumas semanas depois. As andorinhas não chegaram ontem, mas chegaram quase um mês atrasadas e em menor número, também elas vítimas das alterações climáticas que fatidicamente pairam sobre nós – o nosso mundo já não é o mesmo, está dar as últimas!
domingo, 3 de julho de 2022
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