segunda-feira, 11 de julho de 2022

ENCORAJAR E COMUNICAR AO INVÉS DE RALHAR E REPRIMIR

 

Quanto se trabalha com um Pastor Alemão e o sucesso tarda, a experiência revelou-me que em 99,9% dos casos a culpa é do dono e não do cão, a menos que o animal provenha de ruim selecção e seja por causa disso de péssima qualidade, o que por vezes sucede a criadores que pouco ou nada sabem sobre a raça, mas que do alto da sua ignorância se gabam de tudo saber. Tal não é o caso da CPA negra GAIA, cuja extraordinária capacidade de interacção foi desprezada como se houvesse nascido com um fraco impulso ao conhecimento, estatuto que assumiu pelo peso ambiental e que quase a condenou a ser mais um cão sem grande préstimo e igual a tantos outros à medida que o tempo foi passando. É sabido que os cães de trabalho ao serem desconsiderados tendem a inventar serviço por falta da interacção necessária e quando assim acontece, injustificadamente, são ainda objecto de ralhetes e reparos de vária ordem. Mais do que passar a vida a dizer para o cão “não faças”, importa aprender a comunicar com ele e encorajá-lo a fazer o que é preciso, sabendo-se de antemão que as possíveis dificuldades do animal são primeiro responsabilidade do incumprimento pedagógico do seu dono, o que nos leva à paciência e à constância nas acções. E esta foi a conclusão a que o Jorge também chegou, redescobrindo, obstáculo após obstáculo, a excelente cadela que tem. Na foto acima vemos a Gaia a saltar em liberdade e pela primeira vez uma cerca de arame plastificado com 1 metro de altura. No GIF seguinte vemo-la a subir um plano inclinado igualmente solta.

Jamais será fácil fazer um cão preferencialmente trotador transitar para o passo de andadura à voz, porque nestes cães o passo de andadura foi na maioria dos casos varrido pela selecção genética. Esta transição extraordinária de andamento, mais rápida do que o passo e menos audível, visa em primeira instância  a salvaguarda do cão e depois a protecção do seu dono e respectivos pertences, permitindo ao animal abordar e capturar intrusos a partir do factor surpresa. Este andamento, tal como sucede com o “rastejar”, deverá ter um comando verbal específico para o accionar e outro já conhecido para o cessar. Na primeira fase do seu ensino este condicionamento acontece sobre dois carris (de pedra, alvenaria, mosaico ou madeira) com uma largura mínima de 9 cm e uma máxima de 12, distando entre si de 12 a 15 cm. Depois de muito labutar e de estar prestes a desistir, ao fazer-se entender e ter encorajado a CPA Gaia, o Jorge conseguiu que a sua lupina negra vencesse a 1ª fase do exercício (GIF abaixo).

O trabalho sabatino do cachorro CPA Marquês assentou essencialmente sobre a obediência e a recapitulação de um obstáculo já seu conhecido. Na obediência linear seguiu os cães mais velhos e teve como Fila-guia o Bohr, aprimorando os comandos direccionais básicos e cumprindo as 3 figuras de imobilização do tricomando básico. Com uma apresentação morfológica que dispensa qualquer reparo, este cachorro, contrariamente ao que diz o seu dono, está melhor na inacção do que na acção, o que não deixa de ser estranho para um cachorro da sua idade, pormenor que desnuda o pouco concurso às barreiras, a novidade de desafios e o desprezo sistemático pelas metas da disciplina de guarda preconizadas pelo Quadro de Crescimento Funcional. Lembro aqui que a totalidade das metas apontadas pelo citado quadro são para acontecer diariamente, porque doutro modo dificilmente provocarão alteração.

No final da aula, já com o calor a pique, com um cão jubilado de pêlo comprido e uma cadela negra, só nos restou colocar ambos os cães sobre um aparelho de musculação para humanos e fazer um “boneco” curioso a lembrar um galheteiro. Escusado será dizer que o CPA Bohr foi poupado durante toda a sessão de treino.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: João/Marquês; Jorge/Gaia e Paulo/Bohr. Todos os cães compareceram no treino de sábado com os seus respectivos lenços de arrefecimento (de refrigeração) A reportagem fotográfica foi da responsabilidade dos mesmos e demos pela falta do CA Oliver e respectivos acompanhantes. O “love of my life” não trabalha aos sábados e muita gente foi para a praia, local considerado o mais indicado para estar nestas ocasiões. Sobre o treino do passado sábado nada mais há a acrescentar (lamentam-se os incêndios que lavram por todo o País).

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