quinta-feira, 7 de julho de 2022

O REGRESSO DA GAIA

 

Depois de duas semanas de ausência, a Gaia voltou ontem aos treinos. A ausência desta CPA negra, arisca como poucas e irrequieta como mula afobada pelas moscas, deve-se em primeira instância ao particular social e aspirações da família que a tornou sua, um casal jovem, com um casalinho de filhos gracioso, de origem humilde e que vive do seu trabalho, mas que salutarmente é também empreendedor e ambicioso, ao ponto de ousar trocar um apartamento por uma moradia, aventura que lhes está a sair do pêlo e que tem obrigado a esticar ainda mais o seu parco orçamento, o que invariavelmente obriga-o a procurar trabalho extra e a abraçar pequenos negócios. E o “esticanço” tem sido tal que a cadela entrou também na “estica”, vendo empobrecido o seu penso diário e sendo privada de vir à escola, contratempos que não lhe tiraram a alegria de vida e que ao serem transitórios, são felizmente reversíveis. Apesar de brincalhona (há dias em que não pensa noutra coisa), devido à sua valentia e audácia, a Gaia carece de maior controlo e sociabilização, para que não venha a ser o diabo da sua rua, isto sem transtornar a sua formação como cadela de guarda. Na foto acima, debaixo destes propósitos, vemo-la pular e a abraçar um jovem feirante, cuja candura e doçura ficaram também estampadas na fotografia. Na foto seguinte, para melhorar os seus índices atléticos, neste momento bem abaixo do expectável (não há tempo para ela), vemo-la a saltar uma cerca natural com um repuxo ao fundo.

Como o salto não era muito alto e extenso, estando por isso ao alcance do jubilado Bohr sem grande esforço, convidámos este CPA lobeiro de pêlo comprido para a sua execução, transposição que fez de modo irrepreensível. A foto abaixo, com o seu quê de artístico e romântico, demonstra o que acabei de dizer.

Com uma feira de diversões na nossa frente, barulhenta como não podia deixar de ser, dirigimo-nos para lá no intuito de familiarizarmos os nossos cães com aquela algazarra e música maluca, pedindo-lhes inclusive que ficassem ali quietos e afastados dos donos. Na foto seguinte vemos os dois CPA’s deitados, paralelamente, numa escada de acesso a um atrelado de jogos repleto de bolas.

E como os “comes e bebes” nunca podem faltar numa feira popular, achei por bem embrenhar-me nela com os cães, não só para os familiarizar com o ambiente ou sociabilizá-los com aquela numerosa gente, mas também para que se desinteressassem de alguma comida descuidada no chão, assim como ensiná-los a não pedir comida a estranhos e a não saltar para cima das mesas alheias, nem tampouco surripiar algum petisco que nelas se encontre. À parte disto, é de todo conveniente acostumar os cães às multidões, não vá algum achar por bem fugir desalmadamente na sua frente, vulnerabilizando o seu condutor e expondo-se aos mais variados perigos.

Apesar do nosso Redentor ter dito “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus", o Deus dos portugueses parece ser em tudo idêntico ao veterotestamentário, aquele que se dizia habitar nas estranhas, porque quem quiser ver um português feliz, é vê-lo de barriga cheia (por vezes bem regado). Assim não sou eu, que toda a vida fui um pisco para comer e para beber. Depois de muita insistência e para não ser desagradável, contrariado, lá comi uma fartura na companhia do Jorge, que fez questão de ma oferecer (um bom samaritano).

Como tem vindo a acontecer ultimamente, em que sempre gravamos um subsídio direccional em cruzamento frontal, ontem a escolha recaiu sobre o comando de “atrás”, executando pelos binómios João/Bohr e Jorge/Gaia.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: João/Bohr; Jorge/Gaia e Paulo/Bohr. Sentiu-se a falta da Kira, da Luna, do Oliver e do Tommy; os responsáveis pela reportagem fotográfica foram os mesmos; a Gaia aproveitou e a ida até à feira foi muito agradável, porque aconteceu ao cair da tarde com o “Vento Suão” sobre as nossas cabeças. Os meteorologistas estão a anunciar que iremos ter por estes dias noites tropicais, com temperaturas a rondar os 30 graus celsius. Se assim for, quem não tiver ar condicionado vai passar um mau bocado, porque quando o tempo aquece no continente português, até os turistas e emigrantes brasileiros e africanos se queixam! Com os percentuais de seca severa e de seca extrema altíssimos, este verão tem tudo para ser literalmente escaldante.

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