quarta-feira, 4 de outubro de 2023

UM PASSEIO PARA RECUPERAR O PASSADO E CONSTRUIR O FUTURO

 

Com muito mais facilidade se eliminarão erros, lacunas, impropriedades, violências e outras más experiências nos cães do que nos humanos, não é fácil, mas é possível, porque doutro modo qualquer processo de reeducação canina estaria votado ao fracasso. Para o bem e para o mal, os cães acreditam nas histórias que lhe contamos, não naquelas que alguns lêem para eles, mas nas resultantes da comunhão de vida com os seus líderes, experiências felizes realmente regenero-transformadoras. Na sua infância e juventude, o Luca, o nosso Beagle, passeou muito pouco no meio da cidade, pelo que nela se sente incómodo e tende a rebocar a dona. O facto de ter sido castrado também não lhe abona muito em termos de valentia e a ausência de longos passeios diários muito tem atentado contra a sua propensão excursionista, pois apesar de pequeno, não deixa de ser um cão de caça e como tal não é um cão próprio para apartamento, onde enclausurado tende a ladrar desalmadamente. Como caçador também não é bobo e não se inibe em mostrar os dentes quando se sente ameaçado ou abusado. Ontem, ao cair da tarde, saí com o binómio Andreia/Luca para um passeio citadino, visando a recuperação do equilíbrio emocional do cão e a capacitação da sua condutora através do deambular pelas ruas apinhadas de gente e do concurso a pequenas tarefas. Na foto acima vemos este binómio a executar um banco de pedra pouco elevado e na seguinte a proceder à introdução e aprendizagem das escadas.

É por demais evidente que a evolução do Beagle acontecerá ao ritmo da aprendizagem da sua dona, porque o pequeno cão caçador não aprende sozinho e é socialmente dependente. Já há muito que sabemos quão importantes são para o ensino de um cão a postura corporal do seu condutor, a sua respiração e o seu modo de entoar os comandos, tripla condição pela qual avaliamos os comuns condutores de cães. Apesar de arredada do exercício físico continuado, a Andreia não aumenta facilmente o seu ritmo respiratório e é calma e comedida na entoação dos comandos, denunciando uma empatia assaz louvável. Contudo, tem que lutar contra uma postura corporal curvada e pouco elegante, que normalmente induz o cão ao stresse e a rebocá-la. No adestramento é o cão que deve olhar para o dono e não contrário, porque doutro modo assiste-se a uma indesejável inversão de papéis. E porque é justo dar o mérito a quem o tem, no que concerne à sua postura corporal, a Andreia em apenas duas aulas tem melhorado bastante. Ontem, de forma bem descontraída, também iniciámos o ensino do “quieto” ao Luca e o Beagle respondeu afirmativamente ao comando (foto abaixo).

Isto foi sucintamente o que andámos a fazer no dia em que a Zezinha não compareceu e a sua ausência foi notada, o que não impediu o cumprimento do Plano de Aula e o alcance das suas metas e objectivos. Pelo trabalho realizado, estão a Andreia e o Luca de parabéns. 

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