Com
muito mais facilidade se eliminarão erros, lacunas, impropriedades, violências
e outras más experiências nos cães do que nos humanos, não é fácil, mas é
possível, porque doutro modo qualquer processo de reeducação canina estaria
votado ao fracasso. Para o bem e para o mal, os cães acreditam nas histórias
que lhe contamos, não naquelas que alguns lêem para eles, mas nas resultantes
da comunhão de vida com os seus líderes, experiências felizes realmente
regenero-transformadoras. Na sua infância e juventude, o Luca, o nosso Beagle,
passeou muito pouco no meio da cidade, pelo que nela se sente incómodo e tende
a rebocar a dona. O facto de ter sido castrado também não lhe abona muito em
termos de valentia e a ausência de longos passeios diários muito tem atentado
contra a sua propensão excursionista, pois apesar de pequeno, não deixa de ser
um cão de caça e como tal não é um cão próprio para apartamento, onde
enclausurado tende a ladrar desalmadamente. Como caçador também não é bobo e
não se inibe em mostrar os dentes quando se sente ameaçado ou abusado. Ontem,
ao cair da tarde, saí com o binómio Andreia/Luca para um passeio citadino,
visando a recuperação do equilíbrio emocional do cão e a capacitação da sua
condutora através do deambular pelas ruas apinhadas de gente e do concurso a
pequenas tarefas. Na foto acima vemos este binómio a executar um banco de pedra
pouco elevado e na seguinte a proceder à introdução e aprendizagem das escadas.
É
por demais evidente que a evolução do Beagle acontecerá ao ritmo da
aprendizagem da sua dona, porque o pequeno cão caçador não aprende sozinho e é
socialmente dependente. Já há muito que sabemos quão importantes são para o
ensino de um cão a postura corporal do seu condutor, a sua respiração e o seu
modo de entoar os comandos, tripla condição pela qual avaliamos os comuns
condutores de cães. Apesar de arredada do exercício físico continuado, a
Andreia não aumenta facilmente o seu ritmo respiratório e é calma e comedida na
entoação dos comandos, denunciando uma empatia assaz louvável. Contudo, tem que
lutar contra uma postura corporal curvada e pouco elegante, que normalmente
induz o cão ao stresse e a rebocá-la. No adestramento é o cão que deve olhar
para o dono e não contrário, porque doutro modo assiste-se a uma indesejável
inversão de papéis. E porque é justo dar o mérito a quem o tem, no que concerne
à sua postura corporal, a Andreia em apenas duas aulas tem melhorado bastante.
Ontem, de forma bem descontraída, também iniciámos o ensino do “quieto” ao Luca
e o Beagle respondeu afirmativamente ao comando (foto abaixo).
Isto foi sucintamente o que andámos a fazer no dia em que a Zezinha não compareceu e a sua ausência foi notada, o que não impediu o cumprimento do Plano de Aula e o alcance das suas metas e objectivos. Pelo trabalho realizado, estão a Andreia e o Luca de parabéns.
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