quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A APRENDER NUMA RADIOSA MANHÃ

 

Ontem, aproveitando uma radiosa manhã, dedicámo-nos à aprendizagem do Luca, o Beagle que é neste momento a mascote da escola, por ser o seu aluno mais recente e o mais pequeno, o que junto à sua tenacidade lhe confere um estatuto especial. O Plano de Aula teve como metas ensinar-lhe o tricomando básico (alto, senta e deita) num plano elevado e o duplo salto nas transposições verticais, objectivando o seu controlo e a sua sobrevivência em situações excepcionais por via do robustecimento atlético. No GIF acima, em estreia mundial, vemos a Andreia a executar o tricomando básico com o Luca, exercício onde é ainda visível algum desfasamento temporal entre o gesto da condutora e a resposta do animal. Todavia, o Beagle aprendeu a parar, a sentar.se a deitar-se mediante duas linguagens (verbal e gestual). Na foto abaixo vemos o Beagle a saltar um peculiar assento de jardim circular, que na ocasião serviu-lhe de obstáculo Tipo Alvo.

Com o “Castelo” (1) já vencido na Pista Táctica, convidámos o Luca a transpor um pequeno muro de alvenaria com 80 cm de alto, como preparação para a transposição de muros mais altos que lhe exigirão o duplo salto, o que para este cão, considerando a sua pouca altura, são todos aqueles dos 80 cm para cima, esperando-se que venha a saltar comodamente e sem ajuda muros até 120 cm, quando surpreendido no meio de um incêndio ou para se evadir em caso de necessidade. A foto abaixo, que se reporta a este trabalho, denuncia uma coisa boa e outra má. A boa é que a Andreia já está a melhorar a sua postura no treino e a má, quiçá por distracção, é que a Andreia deveria ter chamado para si o Luca na transposição, que indevidamente acaba por saltar “pendurado à esquerda”.

De acordo com as metas atrás adiantadas e para conclusão dos trabalhos, ensinámos e condicionámos o Luca a saltar muros de 100 cm de altura com a ajuda da trela e pelo adiantamento da sua condutora, que funcionou assim como subsídio de ânimo (motivação). O Luca depressa aprendeu a vencer aquela caixa eléctrica. Dizem que com o decorrer do tempo os cães ficam a parecer-se com os donos ou que adquirem feições deles, o que eventualmente fará algum sentido se atentarmos para as expressões da Andreia e do Luca no salto retratado a seguir.

O simpático Beagle teve o privilégio de ir aprender numa radiosa manhã, rodeado de um ambiente fresco e relaxante, sem ter ninguém que o incomodasse (2). Quando o Luca chegou, vinha rotulado de “cão de muitos medos” com um “grande défice de atenção”, quando na verdade é um refilão de peito aberto extraordinariamente curioso. Ontem, por momentos lembrei-me de São Paulo capital, das mornas neblinas matinais que adornam os seus bairros mais baixos e que invariavelmente acompanham o malcheiroso Tietê, vítima e repositório dos esgotos domésticos, rio que ao invés de correr para o oceano, rasga a terra para o interior. Tirando o fedor do rio, os assaltos, o sangue vertido nas ruas, o helicóptero da polícia que assombra as noites e os diferentes camburões, São Paulo é único e deixa saudades.

(1)Obstáculo balizado em forma de muro de superfície redonda. (2) A Andreia não se pode esquecer de trazer água para o Luca quando está a trabalhar no exterior.

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