Nesta
área como noutras, estamos a falar de convenções que viram regra, de valores
pretensamente médios em relação ao total dos indivíduos de um grupo, onde todos
diferem uns dos outros e de grupo para grupo. Uma vez dito isto, que é uma
verdade insofismável, passemos aos factores que irão determinar o tempo de
recuperação de um cão (descanso), para que possa retomar funções completamente
recuperado, isento de stresse, distante da saturação e livre de qualquer fadiga.
São 9 os factores individuais directamente relacionados com o cão, a saber: a
idade dele; a alimentação que tem à sua disposição, o seu preparo físico, grau
de resistência à fadiga, o tempo de recuperação dos seus ritmos vitais, o seu
equilíbrio psicológico, grau de desgaste, a qualidade da sua parceria e o local
onde irá recuperar.
Como
é sabido, cachorros e cães mais velhos demoram mais tempo a recuperar e
cansam-se mais depressa; uma alimentação precária induz a menor rendimento e a
maior esforço; cães mal preparados ou isentos de preparação depressa atingem o
cansaço e necessitam de mais tempo de descanso; será também a resistência à
fadiga a determinar o ritmo dos trabalhos e o tempo de recobro; Os cães que
demoram na recuperação dos seus ritmos vitais ou que os têm muito elevados,
acusam os exercícios continuados, cansam-se rapidamente e necessitam de mais paragens
para recuperarem; os cães nervosos tendem a entrar mais rapidamente em esforço;
aqueles que já acusam algum tipo de desgaste, necessitarão de mais tempo para
descansar e recuperar; os cães que fazem boa parceria com os seus condutores
mantêm a sua aptidão por mais tempo e acusam menos o esforço; a qualidade do
alojamento onde os cães irão descansar determinará em muito o seu tempo de
descanso e de recuperação.
Para
determinar qual tempo necessário para o meu cão recuperar plenamente de um
esforço, há ainda a considerar os seguintes factores: a natureza do trabalho
efectuado (tipo de esforço); a sua duração e distância; a hora da sua
realização; a temperatura, a humidade e a altitude em que foi realizado,
sabendo-se de antemão que as acções sensoriais caninas saturam mais e que a
evoluções anfíbias são muito mais cansativas para os animais, mas não tanto
como aquelas que os obrigam a descer de pára-quedas. No meio disto tudo ainda há
a considerar o tipo de solo e a sua inclinação, se os cães tiveram ou não que
calçar botas de protecção ou se foram obrigados a sucessivas transições de
andamentos e saltos constantes em terrenos desconhecidos.
Segundo
a experiência, um cão que marche diariamente 5 km, a uma velocidade horária
entre 5,75 e 6,25 km/h sem esforço, recuperará rapidamente, de um dia para o
outro, do triplo dessa distância, desde que a temperatura oscile entre os 15 e
os 23 graus celsius e a humidade ronde os 30%. Mas se for sujeito a uma
caminhada de 30 km, mesmo durante a noite, irá precisar de descansar pelo menos
48 horas. Caminhadas simples, livres de emboscadas e de outros percalços, de 8
a 10 km de extensão, podem obrigar a um descanso de 24 horas, caso os cães não estejam
a acostumados a caminhar uma milha diária e se apenas a fizerem (de 8 a 10Km)
uma vez por semana, particularmente perante cães obesos, braquicéfalos, com
problemas cardíacos e/ou respiratórios ou com outras insuficiências dolorosas e
debilitantes. Se ocasionalmente percorrer com o meu cão as distâncias atrás
mencionadas com ele atrelado a uma bicicleta, obviamente que ele irá necessitar
de mais tempo de recuperação, provavelmente o dobro.
Se
não entrarmos em exageros, depois das 48 horas de descanso, qualquer cão
saudável estará completamente recuperado, que é período de tempo aconselhado
entre o trabalho e a pausa. Poderemos reduzir para metade o tempo de
recuperação? Poder, podemos, mas não devemos, porque se o fizermos
sistematicamente, corremos o risco de a atentar contra a saúde, o bem-estar e a
longevidade dos cães, que sujeitos a um esforço destes depressa tropeçarão em
achaques e mais cedo terminarão a sua interacção e vida útil. Há cães capazes
de trabalhar em ritmos frenéticos sem atentarem contra a sua saúde? Há, mas são
os excepcionais, e terão que ter idades compreendidas entre os 18 meses e os 6
anos de idade. Poderá um cão fazer uma prova dinâmica com 50km de extensão?
Pode, ocasionalmente, se estiver preparado para isso, mas poderá precisar de
uma semana ou mais para recuperar.
Se eu fizer diariamente 5 km de
caminhada com o meu cão, sem que ele perca peso e chegue a casa completamente
normal, é certo que no dia seguinte, quiçá no próprio dia, seja ele a
convidar-me para um passeio com idêntica extensão, preferencialmente noutro
sentido ou direcção, porque é curioso e um excursionista por natureza. Os cães,
como os homens, necessitam de preparação específica para os esforços que irão enfrentar
e serão eles (os cães) que determinarão também o seu tempo de recuperação.
Caminhar com os cães é algo vital para a sua saúde e bem-estar, mas caminhar
com eles grandes distâncias, consecutivamente, não dispensará uma ração
adequada para ajudar na reposição das suas energias. As caminhadas que
acontecem apenas no “dia em que o rei faz anos”, as ocasionais, deverão
considerar as condições adiantadas neste texto. Mais importante do que saber
quanto tempo vai precisar o meu cão para recuperar de um esforço, é evitar a
sua prostração, da qual poderá nunca recuperar. Cães sem exercício regular
não deverão empreender caminhadas acima dos 5 km, quer as façam sozinhos ou na
companhia de outros cães, porque o embalo não lhes evitará o esforço e pode até
aumentá-lo, já que os nossos amigos de quatro patas são competitivos. Voltaremos
a este assunto quando necessário e dispomo-nos desde já a mais esclarecimentos sobre
o tema.
PS: Só um veterinário poderá atestar se um cão está apto ou não para fazer caminhadas, pelo que deverá procurar o parecer do veterinário do cão.
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