terça-feira, 3 de outubro de 2023

SALVAR PLANTAS NATIVAS DE ASSASSINO SILENCIOSO

 

Em Nova Gales do Sul (NSW), na Austrália, dois cães detectores de odores foram especialmente treinados para farejar uma doença transmitida pelo solo que danifica as plantas nativas e que ameaça a saúde e a resiliência dos parques nacionais, viveiros e jardins públicos. Com o financiamento do SAVING OUR SPECIES PROGRAM do governo de NSW, adestradores especializados têm treinado Alice, uma Springer Spaniel e Echo, um Spaniel da Bretanha, a identificar um patogénico chamado PHYTOPHTHORA CINNAMOMI, que pode causar doenças em milhares de espécies de plantas nativas, danificando permanentemente os ecossistemas e destruindo o habitat da vida selvagem nativa, incluindo o Bandicoot Castanho do Sul e o Rato Esfumaçado.

Depois de 10 meses de treino, a Alice e o Echo podem agora distinguir com segurança plantas infectadas de plantas não-infectadas num ambiente de laboratório e estão a aprender como detectar o patogénico latente no solo, bem como em veículos, roupas e equipamentos de corte. Estes cães têm praticado em plantas fornecidas pelo NORTHERN BEACHES COUNCIL, que está a trabalhar afincadamente para proteger a grevillea de Caley (Grevillea caleyi), criticamente ameaçada, contra infecções.

Com base no sucesso deste teste, o governo de NSW está a conceder uma doação adicional de 50.000 dólares americanos para aprimorar as habilidades dos cães e enviá-los para testar o solo no Parque Nacional Barrington Tops e no Parque Nacional Scheyville, onde a Phytophthora representa uma séria ameaça para várias espécies de plantas ameaçadas. O projecto de 2 anos envolverá o Serviço de Parques Nacionais e Vida Selvagem de NSW, a TATE Animal Training Enterprises, a Universidade de Sydney, o Jardim Botânico da PlantClinic de Sydney, o Conselho de Praias do Norte e o Departamento de Planeamento e Meio Ambiente de NSW.

Como em Portugal o PHYTOPHTHORA CINNAMOMI também se encontra presente, afectando principalmente o CASTANHEIRO (Castanea sativa), a AZINHEIRA (Quercus ilex) e várias espécies do coberto arbustivo como as dos géneros Cistus, Lavandula, Phyllirea e Genista. O SOBREIRO (Quercus suber), que é mais resistente à doença, é igualmente afectado na presença de outros factores debilitantes. O patogénico infelizmente já cá está e provavelmente há mais tempo do que julga, quando viremos a ter cães para nos ajudar a detectá-lo? Mistérios!

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