O
baptismo escolar entre nós não é uma praxe e muito menos uma exigência, uma vez
que ninguém é obrigado a fazê-lo e, aqueles que o não fazem, não irão ser
vítimas de qualquer tipo de discriminação ou de bullying, havendo sempre alguém
que é automaticamente dispensado de fazê-lo por razões de ordem etária, de
saúde, físicas e psicológicas. O tradicional “baptismo”, na sua forma original,
consistia em pedir ao aluno recém-chegado que pegasse na manga e recebesse o
ataque de um cão, geralmente um animal muito obediente e facílimo de travar
face a alguma eventualidade inesperada ou indesejável, tanto pelo dono como
pelo adestrador em exercício. Com o decorrer dos anos e por razões pedagógicas,
veio juntar-se ao ataque lançado o ensino de técnicas de defesa sem o concurso
de qualquer tipo de protecção para minorar o dolo causado por qualquer cão
desconhecido, enfurecido e solto na via pública. A foto acima diz respeito ao
ataque lançado de que a Andreia foi alvo e a seguinte à queda de decúbito ventral
que efectuou para diminuir o ímpeto do cão “atacante”.
O
CPA lobeiro que procedeu ao ataque lançado teve tanta pena da Andreia que não
se jogou para cima dela, antes fez o favor de morder a manga com delicadeza.
Com a Andreia já deitada no solo numa posição de defesa, o Pastor Alemão
cheirou-lhe apenas a cabeça e ao perceber que estava viva, ladrou-lhe com um
duplo propósito: avisar o dono da condição física da senhora e fazer com que
ela se levantasse. A Andreia, conforme foi previamente programado, não sofreu
qualquer beliscadura, apesar da posição não ser nada cómoda, a respiração do animal
junto ao pescoço ser desagradável e poder dar azo a pensamentos dantescos.
Como
o CPA Bohr já foi ensinado a capturar alvos imóveis, normalmente verifica se a
pessoa imobilizada mexe algum membro. Caso isso aconteça, ele imobiliza automaticamente
essa parte do corpo do intruso. Nesta situação, quando as pessoas se mexem,
tendem a movimentar levemente os pés. Como o cão convidado já tem essa
experiência, ele ficou à espera que os pés da Andreia se mexessem. Advertida
para o facto, a senhora nunca se mexeu, mas se eventualmente se mexesse, o cão
aguardaria ordem para actuar, pelo que ela não correu qualquer risco.
E assim decorreu o baptismo da Maria ministrado pelo CPA Bohr, um lobeiro com muita experiência e um excelente colaborador, que adivinha o que querem dele e que desaparece quando algo não lhe agrada (a velhice é um posto!), para além de ser amigo do seu amigo e ter uma paciência enorme para as crianças e para os outros cães – estamos na presença de um cão que não é, mas que parece e quer ser gente!
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