domingo, 15 de outubro de 2023

O BAPTISMO DA ANDREIA

 

O baptismo escolar entre nós não é uma praxe e muito menos uma exigência, uma vez que ninguém é obrigado a fazê-lo e, aqueles que o não fazem, não irão ser vítimas de qualquer tipo de discriminação ou de bullying, havendo sempre alguém que é automaticamente dispensado de fazê-lo por razões de ordem etária, de saúde, físicas e psicológicas. O tradicional “baptismo”, na sua forma original, consistia em pedir ao aluno recém-chegado que pegasse na manga e recebesse o ataque de um cão, geralmente um animal muito obediente e facílimo de travar face a alguma eventualidade inesperada ou indesejável, tanto pelo dono como pelo adestrador em exercício. Com o decorrer dos anos e por razões pedagógicas, veio juntar-se ao ataque lançado o ensino de técnicas de defesa sem o concurso de qualquer tipo de protecção para minorar o dolo causado por qualquer cão desconhecido, enfurecido e solto na via pública. A foto acima diz respeito ao ataque lançado de que a Andreia foi alvo e a seguinte à queda de decúbito ventral que efectuou para diminuir o ímpeto do cão “atacante”.

O CPA lobeiro que procedeu ao ataque lançado teve tanta pena da Andreia que não se jogou para cima dela, antes fez o favor de morder a manga com delicadeza. Com a Andreia já deitada no solo numa posição de defesa, o Pastor Alemão cheirou-lhe apenas a cabeça e ao perceber que estava viva, ladrou-lhe com um duplo propósito: avisar o dono da condição física da senhora e fazer com que ela se levantasse. A Andreia, conforme foi previamente programado, não sofreu qualquer beliscadura, apesar da posição não ser nada cómoda, a respiração do animal junto ao pescoço ser desagradável e poder dar azo a pensamentos dantescos.

Como o CPA Bohr já foi ensinado a capturar alvos imóveis, normalmente verifica se a pessoa imobilizada mexe algum membro. Caso isso aconteça, ele imobiliza automaticamente essa parte do corpo do intruso. Nesta situação, quando as pessoas se mexem, tendem a movimentar levemente os pés. Como o cão convidado já tem essa experiência, ele ficou à espera que os pés da Andreia se mexessem. Advertida para o facto, a senhora nunca se mexeu, mas se eventualmente se mexesse, o cão aguardaria ordem para actuar, pelo que ela não correu qualquer risco.

E assim decorreu o baptismo da Maria ministrado pelo CPA Bohr, um lobeiro com muita experiência e um excelente colaborador, que adivinha o que querem dele e que desaparece quando algo não lhe agrada (a velhice é um posto!), para além de ser amigo do seu amigo e ter uma paciência enorme para as crianças e para os outros cães – estamos na presença de um cão que não é, mas que parece e quer ser gente!

Sem comentários:

Enviar um comentário