Sempre
entendi o adestramento canino como uma actividade agregadora de pessoas com a mesma
paixão e projecto comum: o amor pelos cães e o prazer de aprender a melhor
comunicar com eles. Em simultâneo, gratuitamente e sem qualquer distinção,
sempre me dispus e mantenho-me nessa disposição de ajudar aqueles que, temendo os
cães, gostariam de levar esse medo de vencida. Ontem, durante a instrução
matinal, descortinei uma senhora que assistia ao treino a alguma distância. Ao
dirigir-me a ela, confessou-me que tinha medo de cães, porque no passado foi
mordida na rua por um cão sem raça definida, aparentemente sem qualquer razão.
Perguntei-lhe se queria vencer esse medo, uma vez que se encontrava num local
propício para isso (uma escola canina). Num sim a lembrar um “nim”, lá se
dispôs a seguir as minhas orientações. Primeiro mandei-a colocar-se atrás de um
banco, mandando depois o CPA Bohr sentar-se na sua frente. Como a
sociabilização deste lobeiro é inquestionável, pedi à jovem senhora que lhe
fizesse festas onde quisesse, ao que ela obedeceu com algum receio (coloquei o
cão de costas não por necessidade objectiva, mas por apego aos procedimentos no
intuito de evitar o indesejável enfrentamento do cão pela senhora). Bem mais descontraída,
passei-lhe para a mão um cão bem mais pequeno para conduzir, o simpático Luca,
um Beagle amoroso e divertido.
Vendo-a
mais animada e com um sorriso estampado no rosto, sabendo do excepcional grau
de obediência do FSM Doc, substitui o Beagle pelo Fila e pedi-lhe que o
conduzisse ao longo da Pista Táctica. A obediência daquele alano-molosso acabou
por serená-la diante do seu maior tamanho. Como já o havia feito quando
conduziu o Beagle, também a acompanhei a par e passo nas evoluções com o Fila
de São Miguel.
Apostado
em alcançar maior interacção naquele binómio eventual, ensinei a senhora a
executar o tricomando básico com o cão, transmitindo-lhe desse modo os subsídios
de travamento de que eventualmente viesse a precisar. O GIF seguinte espelha o
que acabei de dizer.
Para
remate do trabalho realizado e torná-lo duradouro enquanto experiência feliz,
solicitei à jovem senhora, agora de disposição renovada, que executasse com FSM
Doc os bidões, tarefa que ainda mais a desanuviou e que é testemunhada pelo GIF
abaixo.
Curiosamente, nada sei acerca desta
senhora que ajudei a perder o medo dos cães (tampouco o seu nome), que julgo
ter vindo de um alojamento rural cercano onde teria passado o
fim-de-semana com o companheiro. Apesar de não me importar de voltar a ajudá-la,
penso que não voltarei a vê-la. Oxalá encontre brevemente mais alguém disposto
a auxiliá-la. Tudo isto se passou no sábado, dia 07 de outubro, quando segundo
o calendário religioso hebraico se celebra o “SUCOT” (1),
ocasião que o HAMAS (2) aproveitou para bombardear Israel com 500 mísseis a
partir da Faixa de Gaza, causando centenas de mortos e milhares de feridos,
para além de se ter apoderado de alguns reféns. A vingança de Netanyahu não se irá
fazer esperar e será como sempre, ainda mais violenta, o que transforma o nosso
planeta num grande incêndio com demasiadas frentes activas. Para ajudar à “festa”,
só falta o gorducho da Coreia do Norte (Kim Jong-un) começar a fazer das suas!
(1)Também conhecido por “FESTA DOS TABERNÀCULOS”, ocasião que se relembra os 40 anos de êxodo dos hebreus no deserto após a sua saída do Egipto. (2) O Hamas ou Movimento de Resistência Islâmica é um grupo extremista que foi fundado em 1987 durante a primeira Intifada, ou revolta palestina, sendo um movimento inspiração sunita com um braço armado: as BRIGADAS IZZ AL-DIN AL-QASSAM, com fortes ligações ao Irão, à Síria e ao grupo islâmico xiita Hezbollah no Líbano, que se opõem declaradamente à política dos Estados Unidos no Médio Oriente e em Israel.
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