Alemães
e checos sempre viveram lado-a-lado, ainda que nem sempre da melhor maneira,
profundamente ligados pelo outrora Reino da Boémia, ao ponto da Alemanha nazi
ter considerado aquela região como “Lebensraum”(1) e ter invadido e anexado a Checoslováquia em 15 de
março de 1939. Hoje nações amigas, abrigadas debaixo da mesma bandeira, a da
União Europeia, é comum as suas polícias realizaram exercícios conjuntos, como
o exercício cinotécnico que realizaram ontem, terça-feira, dia 17 de outubro,
no porto de Prossen em Bad Schandau, no estado alemão de Sachsen, onde binómios
da Polícia de Dresden trabalharam conjuntamente com binómios checos da polícia
do distrito de Usti nad Labem.
Doze
binómios da Saxónia e oito da República Checa participaram num exercício com
uma duração de quatro dias que terminou ontem, ocasião destinada aos cães de
protecção, que se viram envolvidos em operações de assalto anfíbias, com os
pretensos criminosos em terra e os cães a serem lançados das lanchas policiais,
revezando-se os binómios alemães e checos durante o exercício. Os esquadrões
caninos dos dois países treinam em conjunto uma vez por ano desde 2003, cooperação
só interrompida pelo Covid 19 e depois retomada.
“A
cooperação é boa e é um intercâmbio importante”, diz o Major checo Petr Tomasek,
de 55 anos de idade, elogiando o treino conjunto (na foto seguinte com a
Inspectora-Chefe Manuela Brühl da companhia cinotécnica da polícia de Dresden).
Continuando, disse: “As diferenças são pequenas: enquanto os amigos de quatro
patas saxões são todos treinados como cães de protecção com outra especialização
(narcóticos, rastreamento ou explosivos), os checos fazem isso separadamente.
Até agora, os adestradores de cães dos dois países têm-se reunido com oito
patrulhas conjuntas todos os anos. Mas: “Em situações ad hoc, podem ocorrer
operações conjuntas”, disse a inspectora-chefe da polícia Manuela Brühl,
senhora de 42 e comandante da companhia cinotécnica de Dresden. O Major Tomasek
disse ainda que gostaria de ver um aumento das patrulhas conjuntas para
combater o crime relacionado com o narcotráfico.
Operações
deste tipo entre dois países fronteiriços, para além do intercâmbio que a todos
favorece e da actualização de métodos e práticas, favorece a cooperação no
combate ao crime transfronteiriço e torna possíveis várias acções policiais coordenadas
mais céleres e eficazes. Esta notícia levanta de imediato uma questão relativa à
operacionalidade dos cães policiais: quem é que terá mais razão, os
adestradores alemães que têm cães de protecção com outras especificações ou os
checos que separam os cães por especialidades? A resposta parece óbvia, mas
vale a pena meditar sobre o assunto tendo em conta o melhor aproveitamento dos
cães.
(1) Lebensraum (espaço vital) é um conceito da geografia política criado por Friedrich Ratzel (1844-1904) que foi adoptado pelo III Reich (1933-1945) e que dizia: “Toda a sociedade, num determinado grau de desenvolvimento, deverá conquistar territórios onde as pessoas são menos desenvolvidas” e “Um Estado deve ser do tamanho da sua capacidade de organização.” No mapa acima pode ver-se a concepção do Lebensraum nazi (zona marcada a verde). Este conceito de Friedrich Ratzel já havia sido posto em prática muito antes dele o ter criado, considerando a existência da escravatura e os distintos impérios desde a antiguidade até aos nossos dias. A invasão russa da Ucrânia é uma descarada acção de Lebensraum por parte de Putin, que ainda tem o desplante de chamar “nazis” aos ucranianos. Será a defesa da Ucrânia pelo Ocidente desinteressada face aos interesses dos Estados Unidos, da NATO e da Comunidade Europeia? Como dizia um bronco saloio: “dá-me ideia que andam todos à procura do mesmo!”
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