Two
middle-aged english fellows, na instrução nocturna de anteontem, sexta-feira,
13 de outubro (dia farto no Santuário de Fátima), ao reparem no nosso Beagle
dentro do círculo de obediência, a trabalhar de igual para igual com os outros
cães, não queriam acreditar no que estavam a ver, detiveram-se durante um pouco
a observar o comportamento do pequeno cão e um deles disse-me na sua língua mãe
o que passo a traduzir: “Aquela raça de cães é muito estúpida, não aprende
nada. Nós tivemos dois durante 14 anos e em vão tentámos ensinar-lhes alguma
coisa!” Sorrindo perante tão disparada exclamação, disse-lhes que o Beagle que
tinham na frente (Luca) aprendia com muita facilidade e que apenas tinha tido 4
lições até àquele momento. Incrédulos, despediram-se cortesmente e
afastaram-se, olhando ocasionalmente para trás na esperança de verem o Beagle
fazer qualquer disparate, mas não tiveram essa sorte! Apostado em tornar o Luca o mais
multifacetado possível, para que mais gente possa testemunhar o seu potencial e não desacreditar a sua raça, aprendendo assim a olhar para as diferenças
individuais ao invés de os julgarem pela raça a que pertencem, comecei a
instruí-lo como cão de defesa, ciente da riqueza dos seus impulsos herdados,
tenacidade e resiliência, conforme atestam as fotos constantes neste texto.
Quando
não anda entretido a detectar e a extrair odores, o Luca é um cão que avisa bem
e que observa tudo à sua volta, porque é naturalmente curioso e tenta
compreender o mundo ao seu redor. A somar a isto, graças ao treino, ganhou
finalmente uma líder e condutora – já não está só, procura e adora a companhia
da Andreia! Ninguém está à espera que venha a ser um temível guardião, daqueles
que só a sua presença intimida, mas poderá e irá ser uma desagradável surpresa
para os carteiristas, para além de alertar para a presença de estranhos a
rondar os carros dos donos. Para que isso aconteça, iremos ter muito trabalho
pela frente e só seremos bem-sucedidos com a acertada colaboração da sua dona.
O
Luca não pára de surpreender a dona com as suas “inesperadas” aptidões e ontem
surpreendeu-nos a todos com mais uma ao começar a defendê-la,
impedindo que alguém se aproximasse dela com más intenções. Obstará esta nova
função à sociabilização deste Beagle? De maneira nenhuma! Pois o cão só agirá debaixo
de ordem, o que equivale a dizer que não executará a tarefa sem ordem explícita,
condições também exigidas a todo e qualquer cão destinado à segurança, quando
convenientemente treinado.
Contudo, a maior ênfase no ensino
deste Beagle recairá sobre a disciplina de obediência, sustentáculo multidisciplinar
da cinotecnia, que ao estabelecer a cumplicidade binomial, poderá projectar o
Luca para as distintas especialidades da detecção. Como mostra já hoje algum
potencial para isso, doravante, em paralelo com os exercícios de obediência, será convidado
para a solução de pequenos jogos de procura. Luca guardião? Porque não? Não é
um cão como os outros?
PS: Este cão está a ser treinado debaixo dos bons ofícios do reforço positivo e do contributo das aulas colectivas, onde tem como mestres os diferentes cães que compõem a matilha heterogénea escolar, sendo neste momento o mais pequeno deles.
Sem comentários:
Enviar um comentário