Os
cães são verdadeiramente obcecados por guloseimas, sendo o seu primeiro alvo
preferencial. Nove em cada dez cães escolheram comida ao invés de brinquedos no
primeiro estudo deste tipo, conduzido por psicólogos da Universidade da
Flórida. O estudo permitiu que os cães escolhessem a sua comida e brinquedo
favoritos, que foram colocados na sua frente numa experiência que simulava uma
experiência de treino. A maioria dos cães respondeu mais fortemente à
recompensa alimentar. “Fiquei surpreso, mas ninguém havia analisado como os
cães funcionariam em termos de brinquedos e de comida”, disse Nicole Dorey,
professora do Departamento de Psicologia da Universidade da Flórida que
realizou o estudo com os seus alunos e outros colaboradores.
Os
pesquisadores recrutaram 10 cães de estimação da região. Cada cão recebeu seis
alimentos – incluindo guloseimas, queijo, cenoura e cachorro-quente – e seis
brinquedos, como uma bola de ténis, um brinquedo que faz barulho, um osso de
plástico ou um bicho de peluche. Cada cão teve então a oportunidade de escolher
a sua comida e brinquedo preferidos. "Ninguém havia pensado como os cães
funcionariam em termos de brinquedos e de comida antes." Noutro conjunto
de experimentos, os cães tiveram que trabalhar cada vez mais para receberem uma
recompensa. A maioria dos cães desistiu mais cedo quando teve como recompensa o
seu brinquedo preferido do que quando recebeu a sua guloseima favorita. Outros
estudos mostraram que os cães podem preferir a atenção humana à comida.
“Acho
que o próximo estudo deveria analisar os três – atenção, comida e brinquedos –
e do que os cães gostam mais quando treinam”, disse Dorey. Alguns treinadores
de cães sugerem o uso de brinquedos ao invés de comida no treino para evitar o
excesso de calorias e tornar a experiência mais divertida para o cão. Se os
donos de cães quiserem seguir este conselho, o segredo é não ter brinquedos a
competir com a comida, disseram os pesquisadores. “Você pode treinar o seu cão
com brinquedos se começar bem cedo”, disse Dorey. “Isto é o que é feito com os
cães de busca e resgate: eles começam muito cedo com os brinquedos como
reforço.” O estudo foi liderado pelos alunos de graduação da Universidade da
Flórida Xenabeth Lazaro e John Winter, que já se formaram. Colaboradores do
Instituto de Tecnologia da Flórida e da Universidade Johns Hopkins também contribuíram.
Os autores publicaram recentemente as suas descobertas na revista Animals.
Sem me armar em profeta ou querer fazer
futorologia, estou em crer que os cães preferem a atenção humana à comida,
porque muitos deixam de comer quando têm os seus donos ausentes ou preferem sair
com eles do que permanecer junto ao seu repasto a encher a barriga. Por outro
lado, tirando algumas raças específicas, que comem quase até rebentar, os cães
comem por necessidade de sobrevivência, mas conseguem suportar por alguns dias
de carências alimentares (fome inclusive) sem abandonar os seus donos, podendo
encontrar comida e voltar depois para a sua companhia, porque a sua componente
social é superior à sua carga instintiva. Por via disto é que conseguimos
ensinar um cão a recusar engodos, porque ele prefere a aprovação do dono à
tentação da comida.
PS: Não faltam casos em que os cães se entregam à letargia, deixam de comer e sucumbem após a morte dos seus donos. Talvez também por isto se reconheça aos cães um carácter fiel, ainda que nem todos o sejam, o que aponta na maioria dos para a culpa dos donos, por não terem conseguido desenvolver os necessários vínculos afectivos com os seus animais.
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