quarta-feira, 8 de agosto de 2018

SÓ FALTA O TRUMP ASSINAR

Não existe nos Estados Unidos nenhuma medalha equivalente à DICKIN MEDAL do Reino Unido para homenagear os animais que mais se distinguiram no esforço de guerra. Esta medalha foi instituída por MARIA DICKIN em 1943, senhora que também fundou a instituição veterinária de caridade britânica PDSA (People's Dispensary for Sick Animals).
Trata-se de um medalhão de bronze gravado com as palavras "For Gallantry" e "We Also Serve" dentro de uma coroa de louros, suspenso numa fita tricolor verde, cor de vinho e azul. A DICKIN MEDAL é comummente referida como a “VICTORIA CROSS DOS ANIMAIS” e compreende-se muito bem porquê.
Acontece que em NEW JERSEY há um senador democrata latino que precisa de ser reeleito, o advogado nascido em Nova Iorque e filho de emigrantes cubanos ROBERT (BOB) MENENDEZ, que decidiu, sabe-se lá porquê, anunciar no final da sua legislatura a criação de uma medalha que premeie os veteranos cães de guerra que mais se destacaram, uma DICKIN MEDAL AMERICANA. Este político, por mera coincidência, há 3 anos atrás foi indiciado por acusações federais de corrupção no Tribunal Distrital dos Estados Unidos do Distrito de Nova Jersey e a 31 de Janeiro deste ano, o Departamento de Justiça anunciou que suspendeu-lhe todas as acusações.
A comenda, que será a primeira do Departamento de Estado norte-americano para cães de trabalho militares, terá o nome de “MEDALHA DA LIBERDADE DOS GUARDIÕES DA AMÉRICA” (Guardians of America’s Freedom Medal). Melhor seria não levar os cães para a guerra, mas medalha por medalha, os cães também as merecem, além do mais porque regressam a casa traumatizados, estropiados, cegos e surdos, exactamente como muitos veteranos humanos. Para que esta medalha passe à distribuição só falta Donald Trump assinar.
Porém, como poderemos condenar as lutas de cães e as corridas de galgos, quando consentimos na ida dos cães para a guerra? Não será esta uma atitude profundamente hipócrita? A incorporação dos cães não obedecerá àquele abusivo princípio que diz “que os fins justificam os meios”? Já não basta que nos matemos uns aos outros? Os cães não esperam medalhas e muito menos aguardam aquilo que a guerra tem para lhes dar! Os homens sabem ao que vão, os cães não.
Por tudo isto e pelo nosso descaramento, é mais do que justo homenagear os cães, mesmo quando essa atitude parte de um político possivelmente oportunista e menos escrupuloso que tudo faz para ser eleito. É por estas e por outras que ouvimos tantas vezes dizer “que Deus escreve direito por linhas tortas”, muito embora o Altíssimo nada tenha a ver com isto. Deseja-se que o número dos cães a medalhar seja insignificante e que um dia já não haja nenhum, o que não nos parece possível nos tempos mais próximos, enquanto os cães forem baratos, eficazes e fáceis de transportar. Mas estou certo que esse dia virá!

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