quinta-feira, 23 de agosto de 2018

NÓS POR CÁ: NÃO HÁ FOME QUE NÃO DÊ EM FARTURA!

Grandes calamidades e momentos de grande agitação social sempre geraram novos-ricos, porque O DINHEIRO CORROMPE E HÁ SEMPRE QUEM SE APROVEITE. Na transição da Monarquia para a República houve quem se apossasse fraudulentamente de baldios e na passagem da Ditadura para a Democracia quem pilhasse casas, propriedades, máquinas, sementes e gado(1). Por via da guerra, quando aqui houve racionamento de bens essenciais, cresceu o mercado negro, o compadrio e houve quem enriquecesse desmesuradamente. Agora temos outro caso escandaloso, o relativo ao alegado ESQUEMA DE COMPADRIO NA ATRIBUIÇÃO DE DONATIVOS PARA AS VÍTIMAS DOS INCÊNDIOS DE PEDROGÃO GRANDE.
Passou ontem à noite na TVI(2), no programa JORNAL DAS 8, uma reportagem da autoria da jornalista ANA LEAL com o título “COMPADRIO”, onde ficámos a saber do uso fraudulento de donativos em Pedrogão Grande com o consentimento e ajuda de poderes públicos locais. Dois autarcas “não ficaram bem na fotografia”: VALDEMAR ALVES, Presidente da Câmara de Pedrogão Grande e o então Vereador BRUNO GOMES, que sabiam desde o ano passado, da existência de irregularidades no processo que envolveu a atribuição de donativos para a recuperação de casas que arderam no incêndio. Testemunhos inéditos, na primeira pessoa, de quem não escondeu a cara ou alterou a voz, garantem que tiveram mesmo INDICAÇÕES PARA ALTERAR OS PROCESSOS DE CANDIDATURA, forjando moradas de residência COM A CONIVÊNCIA DOS PODERES PÚBLICOS LOCAIS, o que teve como consequência “transformar” palheiros e casas de segunda habitação em primeira, deixando igual número de desgraçados à espera de auxílio.
Agora temos as VÍTIMAS DO INCÊNDIO DA SERRA DE MONCHIQUE, na sua maioria pessoas idosas e iletradas. Irá ali também haver alguma entidade que lhes sugará parte do seu socorro? Far-se-á negócio com os donativos que lhes destinarem? Para além das terras algarvias valerem muito dinheiro, a história diz-nos que sim e não me custa acreditar! E não me custa acreditar porque os actuais compadrios são descendentes directos dos ancestrais “tachos(3)” e “cunhas(4)”, não fossemos também nós descendentes parciais dos godos que pilharam e incendiaram Roma(5). Quem se irá “abotoar” com o dinheiro dos desgraçados a quem o fogo roubou casas, pomares e animais? De momento não sabemos, mas não tardaremos a saber!
(1) Muito poucos ou quase nenhuns destes assaltantes pseudo-revolucionários responderam pelos seus crimes. (2) Canal privado de televisão português. (3) Emprego rendoso; colocação que dá regalias e bom salário. (4) Empenho ou recomendação de pessoa importante ou influente; o equivalente ao termo brasileiro “pistolão”. (5) Visigodos, povo germânico que em 410, sob o comando de Alarico tomou, saqueou e incendiou Roma, vindo posteriormente a estabelecer-se na Península Ibérica onde fundou vários reinos.

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