terça-feira, 21 de agosto de 2018

7 FACTOS SOBRE CÃES PERIGOSOS NA ALEMANHA

Como já não estamos orgulhosamente sós e o mundo não acaba nas nossas fronteiras, é de todo conveniente saber o que se passa nos outros países, nomeadamente naqueles que como nós constituem a UNIÃO EUROPEIA, para que aprendamos com as suas dificuldades, conclusões e soluções. Num artigo do STUTTGARTER NACHRICHTEN, um jornal alemão publicado em Stuttgart-Möhringen que se vende conjuntamente com o STTUTGARTER ZEITUNG por serem da mesma editora, num artigo datado de 12 de ABRIL deste ano, da autoria de MARKUS BRAUERT e sob o título “SIEBEN FAKTEN ÜBER GEFÄHRLICHE HUNDE” (SETE FACTOS SOBRE CÃES PERIGOSOS), são revelados os 7 factos mais importantes que contribuem para os ataques caninos que sucedem na Alemanha, dados que vale a pena considerar não termos um problema de idêntica natureza.
O PRIMEIRO FACTO É QUE O NÚMERO DE CÃES NA ALEMANHA NÃO PÁRA DE AUMENTAR. Segundo a Associação Central de Especialista em Zoologia da Alemanha, vivem naquele país 31,6 milhões de animais de estimação. Destes, 8,6 milhões são cães (17%) e 13,4 milhões são gatos (22%). O seu número tem aumentado significativamente nos últimos anos. Em 2000, havia 5 milhões de cães - um acréscimo de mais de 70% - e 6,8 milhões de gatos. Em 2017, 8,76 milhões de pessoas na Alemanha tinham um cão, 1,4 milhão dois e 280 mil três ou mais cães. Diante deste facto, o MINISTÉRIO DO INTERIOR DA BAVIERA concluiu que a principal razão para o crescente número de ataques caninos deve-se ao exagerado aumento do número de cães: “Mais cães nas ruas, mais ataques caninos”.
O SEGUNDO FACTO APONTA PARA O PIOR MORDEDOR. Na Alemanha 30.000 a 50.000 pessoas são mordidas por animais de estimação. De acordo com um estudo do Departamento de Cirurgia Pediátrica do Hospital Charité de Berlim (2015), 60 a 80% SÃO OBRA DE CÃES e 20 a 30 % de gatos. Outras espécies, como coelhos, cobaias, ratos e outros roedores, mordem com muito menos frequência. No entanto, os dados são imprecisos, porque na Alemanha não há obrigação de relatar os ataques às autoridades, o que leva a não haver estatísticas nacionais sobre mordeduras. Apenas estados federais como a Renânia do Norte-Vestfália, Berlim e Baviera emitem números e diferenciam as raças dos cães.
O TERCEIRO FACTO DIZ QUE O TAMANHO INFLUI. Pastores Alemães, Dobermans, Rottweilers e grandes cães mestiços mordem mais e causam maior dolo, porque são mais populares e numerosos. De acordo com um estudo de Cirurgia Pediátrica da Universidade de Graz , O PASTOR ALEMÃO E O DOBERMAN LIDERAM AS ESTATÍSTICAS DOS ATAQUES À DENTADA, ainda que raças menores como Spitz, Schnauzer, Pequinois ou Dachshund estejam constantemente a atacar pessoas. Na Renânia do Norte-Vestfália, cujas estatísticas são mais diferenciadas, em 2014, foram registados 458.000 cães de grande porte (de 20 kg e 40 cm de altura). Dos 657 incidentes, os pastores foram responsáveis por 101 ataques à dentada. O motivo: a maioria dos cães de raça em NRW são pastores (45 000). Na conta dos Dobermans foram creditadas 20 mordeduras e na do Rottweiler 19. Entre os 7.252 "cães perigosos" (2839 eram American Staffordshire Terrier), houve 17 ataques, cabendo ao Staffordshire 8.
O QUARTO FACTO REVELA QUE AS CRIANÇAS SÃO AS PRINCIPAIS VÍTIMAS. Segundo o DEPARTAMENTO FEDERAL DE ESTATÍSTICAS, entre uma e seis pessoas morrem a cada ano na Alemanha como resultado de mordeduras de cães. Para as crianças pequenas, as lesões por dentada são particularmente perigosas. De acordo com o Estudo Charité, 2/3 das vítimas são adolescentes; 25% de todas as vítimas são menores de seis anos e 34% tem idades compreendidas entre os 6 e os 17 anos. Os homens são mais mordidos por cães e as mulheres por gatos. Ataques caninos pesados e mortais atingem principalmente crianças e idosos, por serem incapazes de se defender.
O QUINTO FACTO DIZ-NOS ONDE MORDEM OS CÃES. Os ataques caninos aos braços e às pernas ocorrem entre 70 e 80% dos casos e os dirigidos à cabeça e ao pescoço das vítimas oscilam entre 10 e 30%. As crianças com idades inferiores aos 4 anos são comummente atacadas na cabeça e no pescoço. Cães maiores podem abocanhar a cabeça de um bebê e perfurá-la. Segundo o citado estudo Charité, as lesões variam entre lesões de raspagem, perfurações, esmagamento, lesões de demolição, lesões vasculares graves e lesões cerebrais traumáticas. Mesmo as pequenas dentadas podem ser perigosas, porque as bactérias presentes nos dentes e na saliva dos cães entram nas feridas. Dez a 25 % dos ataques à dentada são responsáveis por infecções posteriores.  
O SEXTO FACTO FALA-NOS DO QUE OCORRE EM BADEN-WÜRTTEMBERG. Nos Regulamentos do Cão de Combate de Baden-Württemberg, não é obrigatório o levantamento do número de mordeduras caninas pelas autoridades policiais locais. Os ataques caninos são considerados assalto negligente e são listados nas estatísticas anuais de crimes policiais . Consequentemente, houve 1.319 lesões corporais negligentes com o "Tatmittel Hund" (com cães farejadores de drogas) e 30 lesões com o "Tatmittel Kampfhund (com cães de dissuasão e patrulha) no sudoeste em 2017. O Ministério do Interior atribuiu esse aumento ao crescente número de cães no país.
O SÉTIMO FACTO DIZ-NOS QUE É MELHOR SER CAUTELOSO. De acordo com o estudo elaborado pelo hospital universitário berlinense (Charité), os cães mordem 3 vezes mais que as cadelas; em 90% dos ataques caninos as vítimas conheciam os cães por pertencerem à família, a parentes ou vizinhos; a maioria dos cães morde quando assustada ou incomodada; os ataques sobre estranhos a correr ou a passear são raros e a maioria dos ataques que ocorrem foram e são de natureza defensiva. KARIN ROTHE (na foto seguinte), directora do Departamento de Cirurgia Pediátrica do Charité, diz que as lesões resultantes dos ataques caninos podem ser evitáveis, que a prevenção é uma tarefa social e que são necessárias regras para a criação de animais e uma melhor educação das crianças para lidarem com eles. Ainda segundo esta clínica, programas especiais de treino administrados por veterinários para adestradores, teriam funcionado bem.
Os factos sobre os cães perigosos adiantados pelo STUTTGARTER NACHRICHTEN são aqui também evidentes, mas é bom sabermos com o que contamos para não sermos apanhados desprevenidos. Os dados estatísticos adiantados no artigo de MARKUS BRAUERT são preciosos para a compreensão do problema e para esclarecimento das vítimas. Ainda se fazem bons trabalhos jornalísticos, infelizmente, como sempre aconteceu, não são muitos!

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