Como já não estamos
orgulhosamente sós e o mundo não acaba nas nossas fronteiras, é de todo
conveniente saber o que se passa nos outros países, nomeadamente naqueles que como
nós constituem a UNIÃO
EUROPEIA, para que aprendamos com as suas dificuldades,
conclusões e soluções. Num artigo do STUTTGARTER
NACHRICHTEN, um jornal alemão publicado em
Stuttgart-Möhringen que se vende conjuntamente com o STTUTGARTER ZEITUNG
por serem da mesma editora, num artigo datado de 12
de ABRIL deste ano, da autoria de MARKUS
BRAUERT e sob o título “SIEBEN
FAKTEN ÜBER GEFÄHRLICHE HUNDE” (SETE FACTOS SOBRE CÃES PERIGOSOS),
são revelados os 7 factos mais importantes que contribuem para os ataques
caninos que sucedem na Alemanha, dados que vale a pena considerar não termos um
problema de idêntica natureza.
O
PRIMEIRO FACTO É QUE O NÚMERO DE CÃES NA ALEMANHA NÃO PÁRA DE AUMENTAR. Segundo
a Associação Central de Especialista em Zoologia da Alemanha, vivem naquele
país 31,6 milhões de animais de estimação. Destes, 8,6 milhões são cães (17%) e
13,4 milhões são gatos (22%). O seu número tem aumentado significativamente nos
últimos anos. Em 2000, havia 5 milhões de cães - um acréscimo de mais de 70% -
e 6,8 milhões de gatos. Em 2017, 8,76 milhões de pessoas na Alemanha tinham um cão,
1,4 milhão dois e 280 mil três ou mais cães. Diante deste facto, o MINISTÉRIO DO INTERIOR DA BAVIERA
concluiu que a principal razão para o crescente número de ataques caninos
deve-se ao exagerado aumento do número de cães: “Mais cães nas ruas, mais
ataques caninos”.
O
SEGUNDO FACTO APONTA PARA O PIOR MORDEDOR. Na Alemanha
30.000 a 50.000 pessoas são mordidas por animais de estimação. De acordo com um
estudo do Departamento de Cirurgia Pediátrica do Hospital Charité de Berlim (2015),
60 a 80% SÃO OBRA DE CÃES e
20 a 30 % de gatos. Outras espécies, como coelhos, cobaias, ratos e outros
roedores, mordem com muito menos frequência. No entanto, os dados são
imprecisos, porque na Alemanha não há obrigação de relatar os ataques às
autoridades, o que leva a não haver estatísticas nacionais sobre mordeduras.
Apenas estados federais como a Renânia do Norte-Vestfália, Berlim e Baviera
emitem números e diferenciam as raças dos cães.
O
TERCEIRO FACTO DIZ QUE O TAMANHO INFLUI. Pastores Alemães,
Dobermans, Rottweilers e grandes cães mestiços mordem mais e causam maior dolo,
porque são mais populares e numerosos. De acordo com um estudo de Cirurgia
Pediátrica da Universidade de Graz , O
PASTOR ALEMÃO E O DOBERMAN LIDERAM AS ESTATÍSTICAS DOS ATAQUES À DENTADA,
ainda que raças menores como Spitz, Schnauzer, Pequinois ou Dachshund estejam
constantemente a atacar pessoas. Na Renânia do Norte-Vestfália, cujas
estatísticas são mais diferenciadas, em 2014, foram registados 458.000 cães de
grande porte (de 20 kg
e 40 cm
de altura). Dos 657 incidentes, os pastores foram responsáveis por 101 ataques à
dentada. O motivo: a maioria dos cães de raça em NRW são pastores (45 000). Na
conta dos Dobermans foram creditadas 20 mordeduras e na do Rottweiler 19. Entre
os 7.252 "cães perigosos" (2839 eram American Staffordshire Terrier),
houve 17 ataques, cabendo ao Staffordshire 8.
O
QUARTO FACTO REVELA QUE AS CRIANÇAS SÃO AS PRINCIPAIS VÍTIMAS.
Segundo
o DEPARTAMENTO FEDERAL DE
ESTATÍSTICAS, entre uma e seis pessoas morrem a cada
ano na Alemanha como resultado de mordeduras de cães. Para as crianças
pequenas, as lesões por dentada são particularmente perigosas. De acordo com o
Estudo Charité, 2/3 das vítimas são adolescentes; 25% de todas as vítimas são
menores de seis anos e 34% tem idades compreendidas entre os 6 e os 17 anos. Os
homens são mais mordidos por cães e as mulheres por gatos. Ataques caninos
pesados e mortais atingem principalmente crianças e idosos, por serem incapazes
de se defender.
O
QUINTO FACTO DIZ-NOS ONDE MORDEM OS CÃES. Os ataques caninos
aos braços e às pernas ocorrem entre 70 e 80% dos casos e os dirigidos à cabeça
e ao pescoço das vítimas oscilam entre 10 e 30%. As crianças com idades
inferiores aos 4 anos são comummente atacadas na cabeça e no pescoço. Cães
maiores podem abocanhar a cabeça de um bebê e perfurá-la. Segundo o citado
estudo Charité, as lesões variam entre lesões de raspagem, perfurações,
esmagamento, lesões de demolição, lesões vasculares graves e lesões cerebrais
traumáticas. Mesmo as pequenas dentadas podem ser perigosas, porque as
bactérias presentes nos dentes e na saliva dos cães entram nas feridas. Dez a
25 % dos ataques à dentada são responsáveis por infecções posteriores.
O
SEXTO FACTO FALA-NOS DO QUE OCORRE EM BADEN-WÜRTTEMBERG. Nos
Regulamentos do Cão de Combate de Baden-Württemberg, não é obrigatório o
levantamento do número de mordeduras caninas pelas autoridades policiais
locais. Os ataques caninos são considerados assalto negligente e são listados
nas estatísticas anuais de crimes policiais . Consequentemente, houve 1.319
lesões corporais negligentes com o "Tatmittel Hund" (com cães
farejadores de drogas) e 30 lesões com o "Tatmittel Kampfhund (com cães de
dissuasão e patrulha) no sudoeste em 2017. O Ministério do Interior atribuiu esse aumento ao crescente número
de cães no país.
O
SÉTIMO FACTO DIZ-NOS QUE É MELHOR SER CAUTELOSO.
De acordo com o estudo elaborado pelo hospital universitário berlinense
(Charité), os cães mordem 3 vezes mais que as cadelas; em 90% dos ataques
caninos as vítimas conheciam os cães por pertencerem à família, a parentes ou
vizinhos; a maioria dos cães morde quando assustada ou incomodada; os ataques
sobre estranhos a correr ou a passear são raros e a maioria dos ataques que
ocorrem foram e são de natureza defensiva. KARIN
ROTHE (na foto seguinte), directora do Departamento de
Cirurgia Pediátrica do Charité, diz que as lesões resultantes dos ataques
caninos podem ser evitáveis, que a prevenção é uma tarefa social e que são
necessárias regras para a criação de animais e uma melhor educação das crianças
para lidarem com eles. Ainda segundo esta clínica, programas especiais de
treino administrados por veterinários para adestradores, teriam funcionado bem.
Os factos sobre os cães
perigosos adiantados pelo STUTTGARTER
NACHRICHTEN são aqui também evidentes, mas é bom
sabermos com o que contamos para não sermos apanhados desprevenidos. Os dados
estatísticos adiantados no artigo de MARKUS
BRAUERT são preciosos para a compreensão do problema e para
esclarecimento das vítimas. Ainda se fazem bons trabalhos jornalísticos,
infelizmente, como sempre aconteceu, não são muitos!
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