quarta-feira, 15 de agosto de 2018

A LINGUAGEM ODORÍFERA E A SOLUÇÃO HOLANDESA

PREÂMBULO: Independentemente das linguagens empregues na comunicação com os cães, só a recompensa garantirá aos animais a melhor, mais célere e duradoura assimilação de qualquer uma delas.
Há muito que a linguagem verbal perdeu a exclusividade na comunicação entre homens e cães, sendo agora complementada pela sonora não-verbal, pela gestual e … pela odorífera, não apresentando nenhuma delas sérios entraves ao condicionamento procurado, porque estes animais têm uma excelente máquina sensorial e o faro bastante desenvolvido.
Para além dos aspectos ligados à busca, resgate e salvamento, quase tudo o que recebemos através de outras linguagens conseguimos alcançar com a odorífera, com a vantagem de ser silenciosa, de não exigir a presença dos líderes dos cães e no caso de suprema necessidade contribuir decisivamente para a sobrevivência dos nossos fiéis companheiros, quando não temos como deixar-lhes a “mesa posta”.
A comunicação odorífera, que pode tanto pode anteceder como suceder à aprovação na disciplina de pistagem e que pode ser desenvolvida desde tenra idade sem contra-indicações, possibilita cinco acções primordiais no adestramento clássico, sendo elas: o aviso da presença de perigos e inimigos; o sinalizar de alvos; a delimitação de áreas; a tomada de esconderijos e pontos observação e o despoletar das acções.
Conscientes de que nem tudo é gratuito, vamos levantar “a ponta do véu” através do que está a suceder na Holanda, notícia que recebemos através da AFP (AGENCE FRANCE-PRESS). Na cidade costeira de ZANDVOORT, localizada a oeste de Amesterdão, veados errantes invadem regularmente os jardins dos seus habitantes, ruas e parques da cidade, causando alguma ansiedade nos seus moradores. Estes cervídeos são provenientes das dunas junto à cidade.
No intuito de os fazer permanecer no perímetro das dunas, um empresa ferroviária holandesa surgiu com uma ideia original: usar o odor do esterco de Leão. PATRICK STEIJGER, porta-voz da companhia, disse à agência noticiosa atrás mencionada que o cheiro deste grande predador torna os veados ansiosos e que eles preferem abandonar as áreas onde esse odor está presente. A empresa criou uma substância (isto é mesmo de holandeses) que imita o odor do estrume de leão, desenvolvida em laboratório a partir de óleos e 17 tipos de ervas.
As “fragrâncias” deverão ser difundidas por vaporizadores fixados em cima de pilares  e dispostos ao longo das estradas, sistema já usado com êxito para raposas e coelhos. A Companhia das Águas de Amesterdão, responsável pelas dunas em questão, já por várias vezes tentou sem sucesso controlar os movimentos dos veados errantes. A proposta ferroviária, ao usar novas substâncias, está a trazer uma nova esperança às pessoas preocupadas com os seus jardins.
Steijger adianta que estes emissores de odores deverão ser instalados dentro de um mês ou dois e que já foram utilizados em alguns lugares na Holanda, particularmente aos longo das ferrovias para afoguentar raposas, coelhos e veados. A validade do método foi assim explicada por NICO VAN STAALEN, professor da  VRIJE UNIVERSITEIT AMSTERDAM  (Universidade Livre de Amesterdão), ao jornal holandês HET PAROOL: “Apesar de nenhum destes veados ter encontrado um leão verdadeiro, o cheiro do predador causa-lhes um medo profundo”.
Esperamos ter despertado o interesse dos nossos leitores sobre a linguagem odorífera a desenvolver com os cães. Responderemos às dúvidas que nos solicitarem sobre esta matéria e estamos à disposição daqueles que nos quiserem visitar para aquilatar da instalação e vantagens desta linguagem tão ao gosto canino.
PS. Na Europa tradicionalmente é assim: uns têm as ideias e os holandeses põem-nas em prática!

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