PREÂMBULO:
Independentemente das linguagens empregues na comunicação com os cães, só a
recompensa garantirá aos animais a melhor, mais célere e duradoura assimilação
de qualquer uma delas.
Há muito que a linguagem
verbal perdeu a exclusividade na comunicação entre homens e cães, sendo agora
complementada pela sonora não-verbal, pela gestual e … pela odorífera, não
apresentando nenhuma delas sérios entraves ao condicionamento procurado, porque
estes animais têm uma excelente máquina sensorial e o faro bastante
desenvolvido.
Para além dos aspectos
ligados à busca, resgate e salvamento, quase tudo o que recebemos através de
outras linguagens conseguimos alcançar com a odorífera, com a vantagem de ser
silenciosa, de não exigir a presença dos líderes dos cães e no caso de suprema
necessidade contribuir decisivamente para a sobrevivência dos nossos fiéis
companheiros, quando não temos como deixar-lhes a “mesa posta”.
A comunicação odorífera,
que pode tanto pode anteceder como suceder à aprovação na disciplina de
pistagem e que pode ser desenvolvida desde tenra idade sem contra-indicações,
possibilita cinco acções primordiais no adestramento clássico, sendo elas: o
aviso da presença de perigos e inimigos; o sinalizar de alvos; a delimitação de
áreas; a tomada de esconderijos e pontos observação e o despoletar das acções.
Conscientes de que nem
tudo é gratuito, vamos levantar “a ponta do véu” através do que está a suceder
na Holanda, notícia que recebemos através da AFP (AGENCE FRANCE-PRESS).
Na cidade costeira de ZANDVOORT,
localizada a oeste de Amesterdão, veados errantes invadem regularmente os
jardins dos seus habitantes, ruas e parques da cidade, causando alguma
ansiedade nos seus moradores. Estes cervídeos são provenientes das dunas junto
à cidade.
No intuito de os fazer
permanecer no perímetro das dunas, um empresa ferroviária holandesa surgiu com
uma ideia original: usar o odor do esterco de Leão. PATRICK
STEIJGER, porta-voz da companhia, disse à agência noticiosa
atrás mencionada que o cheiro deste grande predador torna os veados ansiosos e
que eles preferem abandonar as áreas onde esse odor está presente. A empresa
criou uma substância (isto é mesmo de holandeses) que imita o odor do estrume
de leão, desenvolvida em laboratório a partir de óleos e 17 tipos de ervas.
As “fragrâncias” deverão
ser difundidas por vaporizadores fixados em cima de pilares e dispostos ao longo das estradas, sistema já
usado com êxito para raposas e coelhos. A Companhia das Águas de Amesterdão,
responsável pelas dunas em questão, já por várias vezes tentou sem sucesso
controlar os movimentos dos veados errantes. A proposta ferroviária, ao usar
novas substâncias, está a trazer uma nova esperança às pessoas preocupadas com
os seus jardins.
Steijger adianta que estes
emissores de odores deverão ser instalados dentro de um mês ou dois e que já
foram utilizados em alguns lugares na Holanda, particularmente aos longo das
ferrovias para afoguentar raposas, coelhos e veados. A validade do método foi
assim explicada por NICO
VAN STAALEN, professor da VRIJE
UNIVERSITEIT AMSTERDAM
(Universidade Livre de Amesterdão), ao jornal holandês HET PAROOL: “Apesar
de nenhum destes veados ter encontrado um leão verdadeiro, o cheiro do predador
causa-lhes um medo profundo”.
Esperamos
ter despertado o interesse dos nossos leitores sobre a linguagem odorífera a
desenvolver com os cães. Responderemos às dúvidas que nos solicitarem sobre
esta matéria e estamos à disposição daqueles que nos quiserem visitar para
aquilatar da instalação e vantagens desta linguagem tão ao gosto canino.
PS. Na Europa tradicionalmente
é assim: uns têm as ideias e os holandeses põem-nas em prática!
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