domingo, 26 de agosto de 2018

HOJE É DIA MUNDIAL DO CÃO

Hoje celebramos o DIA MUNDIAL DO CÃO e amanhã continuará tudo na mesma, porque a maioria das efemérides só serve para avivar a esperança e lutar contra o esquecimento. As celebrações portuguesas são muito pobrezinhas, nada incómodas para o poder estabelecido e bem ao jeito popular, apesar de algumas serem bastante concorridas. Geralmente fazemos duas ou 3 feiras para adoptar gatos e cães, os cães da polícia “dão à costa”, alguns centros de treino canino dizem estar vivos e nos jardins públicos acontecem exibições/provas de obediência e agility. No meio da algazarra, nem sempre do agrado dos moradores ao redor dos eventos, não faltam brincadeiras e concursos para as crianças e há sempre alguém quem leva um saco ou um braçado de amostras de ração, o que nos tempos que correm é deveras conveniente. A ocasião também é propícia para a publicidade das grandes marcas de alimentação e acessórios para animais de estimação, que neste dia pretendem ser as maiores amigas dos cães e gatos lá de casa, desatando cautelosa e programadamente os “cordões à bolsa”.
Infelizmente, estas celebrações não comportam espaços para o esclarecimento, discussão e reflexão de temas importantes para os proprietários caninos, como é o caso da qualidade das rações e o referente à endogamia e consanguinidade presente nos cães com pedigree, que acabam por atentar contra o seu bem-estar e promover o encurtamento dos seus dias. Apesar de todos sabermos da necessidade de mais e melhor apetrechados parques municipais para cães, ninguém irá tocar no assunto e as Câmaras ainda sairão por cima à conta da cedência de uns tantos separadores para o evento. Em ocasiões como estas ninguém se lembra de alertar para a exagerada proliferação de cães e gatos, cujo número está a promover desequilíbrios ecológicos e a contribuir para a extinção de algumas espécies autóctones. A festa vale por si mesma e o que o povo quer é festa. Por causa disso, muitos assuntos importantes em Portugal são relegados para discussão posterior, aguardando alguns deles, provavelmente os mais prementes, pela ressurreição da carne.
Quem gosta de cães é obrigado a pensar nos vindouros, libertando-os dos achaques que hoje os afligem, o que poderá implicar no desaparecimento ou reconversão de algumas raças actuais e no aparecimento de novas, necessariamente mais saudáveis e com maior esperança de vida. Por outro lado, importa questionar o impacto ambiental que cães e gatos estão a causar nos mais diversos ecossistemas, uma vez que a sua presença não se restringe apenas aos espaços urbanos e citadinos. Em simultâneo, convém esclarecer os proprietários de cães acerca da qualidade das rações, ensiná-los a cuidar da higiene e limpeza dos seus mascotes e incentivá-los ao treino e sociabilização dos seus companheiros de 4 patas. O DIA MUNDIAL DO CÃO é para nós um dia de reflexão, uma ocasião em que relembramos o passado para alcançarmos um futuro mais risonho para os cães.

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