domingo, 12 de agosto de 2018

AS PESQUISAS DO “MAY”

Muita gente nova está a realizar estudos e pesquisas ao abrigo das universidades sobre coisas que há muito aceitamos como verdades, mas que nunca foram cientificamente provadas como tal. Graças a este espírito de investigação, que ganha alento a cada dia que passa, cada vez sabemos mais acerca do mundo que nos rodeia e daqueles que estão à nossa volta, como é o caso dos cães. Infelizmente muitas pesquisas são parcas em conclusões, como se só procurassem méritos académicos ou servissem apenas para preencher currículos. A este tipo de investigações, que parecem não ter fim, chamamos-lhes pesquisas do “MAY”, particularmente quando publicadas em língua inglesa, onde o dito “MAY” é usado para expressar uma possibilidade e toma o lugar de uma conclusão. Vamos a uma delas.
BETTY McGUIRE (na foto seguinte), uma ecologista comportamental da privada CORNELL UNIVERSITY, sediada em Ithaca/New York/USA, junto com outros colegas, estudaram 45 cães adultos, machos e de raça mista (rafeiros) pertencentes a dois abrigos nova-iorquinos, por serem mais propensos a levantarem as pernas quando urinam, com o objectivo de comprovarem que os cães mais pequenos levantam-nas num ângulo maior do que os maiores e procurar saber porque procedem assim.
Por seu lado, LYNDA SHARPE (na foto abaixo), ecologista da UNIVERSIDADE NACIONAL DA AUSTRÁLIA em Camberra, que estudou mangustos anões e as marcas de odor por eles deixadas através das suas glândulas anais, que os leva  a “fazer o pino” (só apoiados nas mãos), descobriu que os machos pequenos deixam marcas enganosamente altas. Esta etóloga, ao ter conhecimento do trabalho de McGuire e colegas, considerou-o importante por abordar o aspecto até hoje negligenciado da marcação de odores, concluindo que seria surpreendente se outras espécies fossem objecto de um estudo semelhante.
Os pesquisadores conduziram os cães para o exterior, para áreas onde existiam árvores, bancos, tufos de ervas e outros alvos tentadores. Enquanto os animais urinavam, os cientistas gravavam as suas marcas com um iPhone e tinham que medi-las antes que secassem, tudo isto sem atrapalhar os cães. Alguns deles, depois de cheirar um ponto e de levantarem a perna, erravam completamente os seus alvos. Este trabalho durou perto de 2 anos e não dispensou horas infindas na rua.
Os ângulos urinários médios dos cães, que variavam entre 85 ° e 147 °, ficaram mais extremos à medida que os animais se tornaram menores, relatou a equipa no JOURNAL OF ZOOLOGY. McGUIRE e os seus colegas dizem que os cães pequenos “poderão” elevar as suas pernas mais alto na tentativa de enganarem os outros acerca do seu tamanho, como que “a enviar uma mensagem do tipo: “afaste-se de mim”, para evitarem interacções cara-a-cara com outros que provavelmente os venceriam numa briga”.
JAMES SERPELL (na foto seguinte), etólogo da ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE DA PENSILVÂNIA, rebate as probabilidades de McGUIRE ao dizer que os cães “podem” não estar a mentir, mas simplesmente interessados em ultrapassar os outros, porque gostam de encobrir o odor dos chichis alheios com o seu, pormenor que obrigará os cães mais pequenos a levantar mais alto a perna para alcançarem as marcas de urina de cães maiores. SERPELL adianta ainda outra alternativa: “a explicação pode ser tão simples quanto a anatomia. “Talvez” todos os machos levantem as pernas o mais alto possível para fazer chichi, mas os mais pequenos são mais ágeis.”
Como certezas nesta matéria ninguém tem, aguardam-se novos desenvolvimentos e as conclusões que continuam em falta!

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