Muita gente nova está a
realizar estudos e pesquisas ao abrigo das universidades sobre coisas que há
muito aceitamos como verdades, mas que nunca foram cientificamente provadas
como tal. Graças a este espírito de investigação, que ganha alento a cada dia
que passa, cada vez sabemos mais acerca do mundo que nos rodeia e daqueles que
estão à nossa volta, como é o caso dos cães. Infelizmente muitas pesquisas são
parcas em conclusões, como se só procurassem méritos académicos ou servissem
apenas para preencher currículos. A este tipo de investigações, que parecem não
ter fim, chamamos-lhes pesquisas do “MAY”, particularmente quando publicadas em
língua inglesa, onde o dito “MAY” é usado para expressar uma possibilidade e
toma o lugar de uma conclusão. Vamos a uma delas.
BETTY
McGUIRE (na foto seguinte), uma ecologista comportamental da
privada CORNELL UNIVERSITY, sediada
em Ithaca/New York/USA, junto com outros colegas, estudaram 45 cães adultos,
machos e de raça mista (rafeiros) pertencentes a dois abrigos nova-iorquinos,
por serem mais propensos a levantarem as pernas quando urinam, com o objectivo
de comprovarem que os cães mais pequenos levantam-nas num ângulo maior do que
os maiores e procurar saber porque procedem assim.
Por seu lado, LYNDA SHARPE (na
foto abaixo), ecologista da UNIVERSIDADE
NACIONAL DA AUSTRÁLIA em Camberra, que estudou mangustos anões e
as marcas de odor por eles deixadas através das suas glândulas anais, que os
leva a “fazer o pino” (só apoiados nas
mãos), descobriu que os machos pequenos deixam marcas enganosamente altas. Esta
etóloga, ao ter conhecimento do trabalho de McGuire e colegas, considerou-o
importante por abordar o aspecto até hoje negligenciado da marcação de odores,
concluindo que seria surpreendente se outras espécies fossem objecto de um
estudo semelhante.
Os pesquisadores
conduziram os cães para o exterior, para áreas onde existiam árvores, bancos,
tufos de ervas e outros alvos tentadores. Enquanto os animais urinavam, os
cientistas gravavam as suas marcas com um iPhone e tinham que medi-las antes
que secassem, tudo isto sem atrapalhar os cães. Alguns deles, depois de cheirar
um ponto e de levantarem a perna, erravam completamente os seus alvos. Este
trabalho durou perto de 2 anos e não dispensou horas infindas na rua.
Os ângulos urinários
médios dos cães, que variavam entre 85 ° e 147 °, ficaram mais extremos à
medida que os animais se tornaram menores, relatou a equipa no JOURNAL OF ZOOLOGY. McGUIRE e
os seus colegas dizem que os cães pequenos “poderão” elevar as suas pernas mais
alto na tentativa de enganarem os outros acerca do seu tamanho, como que “a
enviar uma mensagem do tipo: “afaste-se de mim”, para evitarem interacções
cara-a-cara com outros que provavelmente os venceriam numa briga”.
JAMES
SERPELL (na foto seguinte), etólogo da ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DA
UNIVERSIDADE DA PENSILVÂNIA, rebate as probabilidades de McGUIRE
ao dizer que os cães “podem” não estar a mentir, mas simplesmente interessados
em ultrapassar os outros, porque gostam de encobrir o odor dos chichis alheios
com o seu, pormenor que obrigará os cães mais pequenos a levantar mais alto a
perna para alcançarem as marcas de urina de cães maiores. SERPELL adianta ainda
outra alternativa: “a explicação pode ser tão simples quanto a anatomia. “Talvez”
todos os machos levantem as pernas o mais alto possível para fazer chichi, mas os
mais pequenos são mais ágeis.”
Como certezas nesta
matéria ninguém tem, aguardam-se novos desenvolvimentos e as conclusões que continuam em
falta!
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