PREÂMBULO:
já abordámos este assunto no artigo “NÃO
HÁ BELA SEM SENÃO: A
CAPNOCYTOPHAGA CANIMORSUS”, editado em 01/12/2017, pelo que não
nos debruçaremos com maior incidência sobre esta bactéria presente na flora
gengival normal das espécies canina e felina (cães e gatos).
GREG
MANTEUFEL, americano de 48 anos, casado à 15, pintor da
construção civil, residente em West Bend, Wiscosin, ao norte de Milwaukee,
amante de cães e apaixonado por motos Harley-Davidson (tem uma que adora), de
um momento para o outro começou a ter febre e vómitos, como se estivesse com um
episódio de gripe. Daí para a frente a temperatura ainda aumentou mais e começou a delirar. A sua esposa, vendo-a
naquela situação, levou ao Hospital que ficava bem perto da sua casa. Já no
Hospital e passados 5 minutos, o corpo do homem começou a ficar cheio de
hematomas, como se tivesse sido espancado por um taco de baseball, usando as
palavras da mulher. Uma semana no hospital e já tinha perdido as pernas e as
mãos!!!
As inesperadas amputações
resultaram de uma rara infecção no sangue produzida por bactérias nocivas provenientes
da saliva dos cães, que ao penetrarem na sua corrente sanguínea causaram sépsis
ou envenenamento do sangue por bactérias. A sépsis originou manchas de sangue
pelo corpo todo que pareciam hematomas, particularmente no rosto e no peito. Os
médicos, na tentativa de parar aquela infecção, valeram-se de antibióticos, mas
os coágulos bloquearam o fluxo de sangue nas extremidades do corpo, fazendo com
que tecidos e músculos morressem. A bactéria que havia atacado Manteufel era a “Capnocytophaga
canimorsus”, uma bactéria comummente encontrada em cães e gatos, presente na
saliva da maioria dos cães saudáveis e que geralmente não é prejudicial aos seres
humanos, ainda que raramente possa envenenar o sangue e causar a morte.
O
desafortunado paciente não sabe que cão lhe causou a infecção, porque tem 8 e
as bactérias poderiam ter vindo de qualquer um deles que o lambeu. Greg
Manteufel está internado no FROEDTERT
& MEDICAL COLLEGE OF WISCONSIN há cerca de um mês. Na
última Terça-feira de manhã, vários médicos reuniram-se à volta da sua cama para
verificar os seus sinais vitais e fazer-lhe perguntas, enquanto se encontrava
deitado com as coxas apoiadas num travesseiro, porque tinha acabado de passar por
uma cirurgia que lhe retirou o tecido morto e o músculo que restavam das suas
extremidades inferiores, segundo disse sua esposa ao The Washington Post. Esta
semana ainda será objecto de mais duas intervenções para limpar o tecido morto.
Apesar do infortúnio, do
que perdeu e das alterações daí resultantes, Manteufel continua em paz e de bom
humor, muito embora a sua Harley ceda lugar, daqui por diante, a uma cadeira de
rodas motorizada. Dotado de uma vontade de viver incrível, disse para os
médicos “que fizessem tudo para o manter vivo, porque o que importa é seguir em
frente”. Depois de ter alta deverá voltar a viver temporariamente com os pais,
onde poderá locomover-se com mais facilidade. Entretanto, a sua mulher porá à
venda a casa onde sempre moraram, em West Bend, para comprarem outra de piso
térreo. Greg não voltará a montar a sua Harley, nem a conduzir o seu camião,
nem a pintar casas e a sua permanência no Hospital está longe de terminar.
Pode ainda ter que passar
por uma cirurgia de reconstrução do nariz, porque a falta de fluxo sanguíneo
fez com que ficasse preto, para além de necessitar de membros protéticos e
tratamento num centro de reabilitação. Entretanto as economias da família
foram-se e uma campanha no GoFundMe veio em seu auxílio, arrecadando quase
30.000 na passada Quarta-feira. DAWN
MANTEUFEL, a esposa, guarda prisional na cadeia do Condado de
Washington, sita em West Bend, gastou todos os seus dias de férias para
acompanhar o marido. Para além das pouco higiénicas lambidelas, a “Capnocytophaga
canimorsus” é comummente transmitida por dentadas de cães, sendo uma infecção
fatal para alcoólicos e para pessoas cujos baços não funcionem normalmente
(esplénicas).
Eu gosto imenso de cães,
raros foram os anos em que não coabitei com algum dentro casa, tenho um com 50
kg a viver comigo, mas não concordo que as crianças tenham que dividir os
jardins com os eles por justificadas razões higiossanitárias, como discordo com
a presença de cães em campos desportivos pelas mesmíssimas razões. Eu posso não
me importar de correr riscos, estou no meio pleno direito, mas não posso
obrigar os outros a corrê-los quando posso matá-los. Uma lambidela ou dentada
de cão podem ser para alguns “um beijo da morte”!
Estou convencido que o bom
senso do futuro acabará por levar de vencida os exageros do presente, porque
todas as coisas carecem de equilíbrio ou, como diz o povo, “nem tanto ao mar
nem tanto à terra!”
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