sexta-feira, 3 de agosto de 2018

DA HARLEY PARA UMA CADEIRA DE RODAS MOTORIZADA

PREÂMBULO: já abordámos este assunto no artigo “NÃO HÁ BELA SEM SENÃO: A CAPNOCYTOPHAGA CANIMORSUS”, editado em 01/12/2017, pelo que não nos debruçaremos com maior incidência sobre esta bactéria presente na flora gengival normal das espécies canina e felina (cães e gatos).
GREG MANTEUFEL, americano de 48 anos, casado à 15, pintor da construção civil, residente em West Bend, Wiscosin, ao norte de Milwaukee, amante de cães e apaixonado por motos Harley-Davidson (tem uma que adora), de um momento para o outro começou a ter febre e vómitos, como se estivesse com um episódio de gripe. Daí para a frente a temperatura ainda aumentou mais  e começou a delirar. A sua esposa, vendo-a naquela situação, levou ao Hospital que ficava bem perto da sua casa. Já no Hospital e passados 5 minutos, o corpo do homem começou a ficar cheio de hematomas, como se tivesse sido espancado por um taco de baseball, usando as palavras da mulher. Uma semana no hospital e já tinha perdido as pernas e as mãos!!!
As inesperadas amputações resultaram de uma rara infecção no sangue produzida por bactérias nocivas provenientes da saliva dos cães, que ao penetrarem na sua corrente sanguínea causaram sépsis ou envenenamento do sangue por bactérias. A sépsis originou manchas de sangue pelo corpo todo que pareciam hematomas, particularmente no rosto e no peito. Os médicos, na tentativa de parar aquela infecção, valeram-se de antibióticos, mas os coágulos bloquearam o fluxo de sangue nas extremidades do corpo, fazendo com que tecidos e músculos morressem. A bactéria que havia atacado Manteufel era a “Capnocytophaga canimorsus”, uma bactéria comummente encontrada em cães e gatos, presente na saliva da maioria dos cães saudáveis e que geralmente não é prejudicial aos seres humanos, ainda que raramente possa envenenar o sangue e causar a morte.
O desafortunado paciente não sabe que cão lhe causou a infecção, porque tem 8 e as bactérias poderiam ter vindo de qualquer um deles que o lambeu. Greg Manteufel está internado no FROEDTERT & MEDICAL COLLEGE OF WISCONSIN há cerca de um mês. Na última Terça-feira de manhã, vários médicos reuniram-se à volta da sua cama para verificar os seus sinais vitais e fazer-lhe perguntas, enquanto se encontrava deitado com as coxas apoiadas num travesseiro, porque tinha acabado de passar por uma cirurgia que lhe retirou o tecido morto e o músculo que restavam das suas extremidades inferiores, segundo disse sua esposa ao The Washington Post. Esta semana ainda será objecto de mais duas intervenções para limpar o tecido morto.
Apesar do infortúnio, do que perdeu e das alterações daí resultantes, Manteufel continua em paz e de bom humor, muito embora a sua Harley ceda lugar, daqui por diante, a uma cadeira de rodas motorizada. Dotado de uma vontade de viver incrível, disse para os médicos “que fizessem tudo para o manter vivo, porque o que importa é seguir em frente”. Depois de ter alta deverá voltar a viver temporariamente com os pais, onde poderá locomover-se com mais facilidade. Entretanto, a sua mulher porá à venda a casa onde sempre moraram, em West Bend, para comprarem outra de piso térreo. Greg não voltará a montar a sua Harley, nem a conduzir o seu camião, nem a pintar casas e a sua permanência no Hospital está longe de terminar.
Pode ainda ter que passar por uma cirurgia de reconstrução do nariz, porque a falta de fluxo sanguíneo fez com que ficasse preto, para além de necessitar de membros protéticos e tratamento num centro de reabilitação. Entretanto as economias da família foram-se e uma campanha no GoFundMe veio em seu auxílio, arrecadando quase 30.000 na passada Quarta-feira. DAWN MANTEUFEL, a esposa, guarda prisional na cadeia do Condado de Washington, sita em West Bend, gastou todos os seus dias de férias para acompanhar o marido. Para além das pouco higiénicas lambidelas, a “Capnocytophaga canimorsus” é comummente transmitida por dentadas de cães, sendo uma infecção fatal para alcoólicos e para pessoas cujos baços não funcionem normalmente (esplénicas).  
Eu gosto imenso de cães, raros foram os anos em que não coabitei com algum dentro casa, tenho um com 50 kg a viver comigo, mas não concordo que as crianças tenham que dividir os jardins com os eles por justificadas razões higiossanitárias, como discordo com a presença de cães em campos desportivos pelas mesmíssimas razões. Eu posso não me importar de correr riscos, estou no meio pleno direito, mas não posso obrigar os outros a corrê-los quando posso matá-los. Uma lambidela ou dentada de cão podem ser para alguns “um beijo da morte”!
Estou convencido que o bom senso do futuro acabará por levar de vencida os exageros do presente, porque todas as coisas carecem de equilíbrio ou, como diz o povo, “nem tanto ao mar nem tanto à terra!”

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