sexta-feira, 31 de agosto de 2018

FEZADAS AMERICANAS COM CÃES À MISTURA

Logo pela manhã, tenho por hábito ler todas as notícias relativas a cães editadas pelos media alemães, americanos, franceses, ingleses e italianos. Do seu grosso, ¾ são autênticos disparates, desabafos e verdades subjectivas de quem à força se tornou colunista de animais, aproveitando relatos isentos de bom senso e cheios de pormenores sórdidos ou rocambolescos. Os piores são os jornais ingleses “que trazem muita parra e pouca uva” e os mais objectivos são os alemães e os franceses. Dito isto, vamos a uma curiosa e sintomática notícia americana.
SAMANTHA ORR viajava do Kansas para o Colorado, tendo como companheiros de viagem a sua mãe, JENNIFER LYNN ORR, e o seu cão BENTLEY, um GOLDEN DOODLE (cruzado de Golden com Poodle). Quando Jennifer, de 43 anos, intentou virar o jipe numa estrada montanhosa, o carro acabou por descer uma encosta com 180 metros de comprimento. A condutora não sobreviveu ao desastre, Samantha foi hospitalizada e o cão foi expelido do carro, permanecendo desaparecido durante 19 dias.
Nos dias em que Samantha esteve hospitalizada, familiares e amigos tudo fizeram para encontrar o Golden Doodle, mas a sorte não lhes sorriu. Recuperada, a sua jovem dona encetou a sua viagem para o Kansas sem o seu adorado cão. Ao chegar a casa, abre uma página no facebook onde relata o desastre e pede ajuda. Mais de 5.000 pessoas oferecem-se para a ajudar a encontrar o Bentley. Duas semanas decorridas e ela recebe uma mensagem a dizer que o cão foi avistado. Ela parte imediatamente no encalce do animal e duas horas depois de caminhar pelas montanhas, avista o Bentley que a princípio se mostra tímido. Passados alguns instantes, o animal reconhece a dona e acerca-se dela.
Com o cão de volta, Samantha agradeceu num recente post no Facebook o empenho dos seus numerosos ajudantes, não se esquecendo de mencionar os seus companheiros de 4 patas. Feliz e com o cão a seu lado disse: “Eu sabia que a minha maravilhosa mãe e Deus sempre ficaram de olho nele nos últimos 19 dias. DEUS É TÃO BOM! Lá que Deus é bom não tenho dúvidas, porque me deu a fé para acreditar n’Ele, ignoro é como a desaparecida mãe da jovem olhou pelo cão, já que em vida nem por ela soube olhar, também não compreendo para que precisaria Deus da sua ajuda, estaria porventura cansado ou demasiado ocupado?
Este hábito entranhado de invocar os mortos e deles esperar ajuda não é cristão e só causa confusão, é uma fezada tão certa como aquela que leva milhões a jogar na lotaria, esperançados que um dia a vão ganhar. Compreendo perfeitamente que é preciso amparar a jovem pela morte da mãe, mas jamais aceitaria confortá-la com mentiras por mais piedosas que fossem. Eu nasci praticamente órfão, toda a vida clamei pela ajuda do meu pai, por um sinal da sua presença, e sempre que me portei indevidamente, acabei por pagar o preço das minhas transgressões. Nunca senti a sua mão entre a minha e a palmatória, o amparo dos seus braços quando me estatelava no chão, os seus conselhos quando tanto precisava deles. À medida que os anos foram passando, compreendi que estava mais perto de mim do que julgava, vivia em mim e que eu era tão falho quanto ele. Certo disso, só posso confiar em Deus!

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