Logo pela manhã, tenho por
hábito ler todas as notícias relativas a cães editadas pelos media alemães,
americanos, franceses, ingleses e italianos. Do seu grosso, ¾ são autênticos
disparates, desabafos e verdades subjectivas de quem à força se tornou colunista
de animais, aproveitando relatos isentos de bom senso e cheios de pormenores
sórdidos ou rocambolescos. Os piores são os jornais ingleses “que trazem muita
parra e pouca uva” e os mais objectivos são os alemães e os franceses. Dito
isto, vamos a uma curiosa e sintomática notícia americana.
SAMANTHA
ORR
viajava do Kansas para o Colorado, tendo como companheiros de viagem a sua mãe,
JENNIFER LYNN ORR,
e o seu cão BENTLEY,
um GOLDEN DOODLE
(cruzado de Golden com Poodle). Quando Jennifer, de 43 anos, intentou virar o
jipe numa estrada montanhosa, o carro acabou por descer uma encosta com 180
metros de comprimento. A condutora não sobreviveu ao desastre, Samantha foi
hospitalizada e o cão foi expelido do carro, permanecendo desaparecido durante
19 dias.
Nos dias em que Samantha
esteve hospitalizada, familiares e amigos tudo fizeram para encontrar o Golden
Doodle, mas a sorte não lhes sorriu. Recuperada, a sua jovem dona encetou a sua
viagem para o Kansas sem o seu adorado cão. Ao chegar a casa, abre uma página
no facebook onde relata o desastre e pede ajuda. Mais de 5.000 pessoas oferecem-se
para a ajudar a encontrar o Bentley. Duas semanas decorridas e ela recebe uma
mensagem a dizer que o cão foi avistado. Ela parte imediatamente no encalce do
animal e duas horas depois de caminhar pelas montanhas, avista o Bentley que a
princípio se mostra tímido. Passados alguns instantes, o animal reconhece a
dona e acerca-se dela.
Com o cão de volta,
Samantha agradeceu num recente post no Facebook o empenho dos seus numerosos ajudantes,
não se esquecendo de mencionar os seus companheiros de 4 patas. Feliz e com o
cão a seu lado disse: “Eu sabia que a
minha maravilhosa mãe e Deus sempre ficaram de olho nele nos últimos 19 dias.
DEUS É TÃO BOM! Lá que Deus é bom não tenho dúvidas, porque me deu a fé
para acreditar n’Ele, ignoro é como a desaparecida mãe da jovem olhou pelo cão,
já que em vida nem por ela soube olhar, também não compreendo para que
precisaria Deus da sua ajuda, estaria porventura cansado ou demasiado ocupado?
Este hábito entranhado de
invocar os mortos e deles esperar ajuda não é cristão e só causa confusão, é
uma fezada tão certa como aquela que leva milhões a jogar na lotaria,
esperançados que um dia a vão ganhar. Compreendo perfeitamente que é preciso
amparar a jovem pela morte da mãe, mas jamais aceitaria confortá-la com
mentiras por mais piedosas que fossem. Eu nasci praticamente órfão, toda a vida
clamei pela ajuda do meu pai, por um sinal da sua presença, e sempre que me
portei indevidamente, acabei por pagar o preço das minhas transgressões. Nunca
senti a sua mão entre a minha e a palmatória, o amparo dos seus braços quando me
estatelava no chão, os seus conselhos quando tanto precisava deles. À medida que os anos foram passando, compreendi que estava
mais perto de mim do que julgava, vivia em mim e que eu era tão falho quanto
ele. Certo disso, só posso confiar em Deus!
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