Ontem à noite optámos pela
instrução nocturna e fizemo-lo para manter e comprovar a operacionalidade
guardiã de uma cadela adulta e induzir dois cachorros ao mesmo ofício. Os exercícios
propostos passaram por manobras de estímulo, induções defensivas e ofensivas,
perseguições, operações de sequestro, procura de intrusos e manobras de
surpresa, trabalhos que visavam juntar ao instinto de presa a potenciação do
olfacto e o equilíbrio nas acções.
O intruso escolhido foi o
Paulo Motrena, amigo mais versado em apanhar dentadas do que nas artes da
bandidagem, mas que mesmo assim trabalhou sem qualquer tipo de protecção para
melhor sentir e exalar estados de aflição. No papel de raptor “abarbatou” os
donos da casa e saiu ileso, graças uma vedação que o protegia dos cães e ao
facto de ter usado o corpo dos sequestrados como escudo.
É sabido que tanto a
surpresa como os alvos imóveis tendem a confundir os cães, ainda mais quando
desusam o olfacto e são dominados pela excitação, o que os vulnerabiliza, põe
em causa a sua salvaguarda e sujeita-os a contra-ataques rápidos, violentos e
inesperados, podendo sem grande dificuldade transitar de predadores a presa, inversão
de papéis que é-lhes altamente desfavorável. O Paulo escondeu-se dentro da arca
visível na foto abaixo e a cadela passou por ele vez sem conta, até que
finalmente decidiu usar o nariz.
O nosso intruso/bandido
circunstancial saltou da estreita arca, que mais parecia um esquife, para cima
de uma mesa de matraquilhos, sendo “encoberto” por duas toalhas de banho,
permanecendo ali quedo e mudo, numa posição análoga aquela que “levou a
Alemanha a perder a guerra”, até que fosse descoberto pelos cães, descoberta que
aconteceu com alguma delonga.
Estou certo que a noite de
ontem será inolvidável para o Paulo e para os cães, porque o “ladrão” saiu
ileso e os seus perseguidores vão continuar a procurá-lo. Uma noite amena e bem
passada à luz da lua, onde rodeados por árvores sempiternas, decidimos
trabalhar.
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