Não é preciso ler com
muita atenção o que hoje se escreve sobre animais, nomeadamente acerca dos cães,
para que fiquemos de imediato com a sensação de que são a panaceia dos tempos
que correm, porque fazem bem a tudo e não têm contra-indicações. Quanto a mim, que
sempre confundo panaceia com o “Elixir da Banha-da-Cobra”, também ele
milagroso, tais considerações ao não serem científicas, são enganosas e normalmente
tendem a tomar o todo pela parte, ainda que lhes queiram dar um cunho erudito e
pretensamente científico.
É verdade que os donos dos
cães tendem a viver mais e a ter menos ataques cardíacos que os demais, mas
isso não prova que a posse de cães seja a sua causa principal. É também
possível que as pessoas mais activas e saudáveis recebam com maior frequência
cães do que as sedentárias, como é possível também que os factores económicos
tenham algo a dizer, já que posse dos cães pode ser cara e aqueles que se dão
ao luxo de ter um cão, podem ter melhores cuidados de saúde, ter um seguro de
saúde ou ter estilos de vida mais saudáveis. Faltam, portanto, aos “estudos”
que vão saindo, as necessárias avaliações dos factores “extra cães”.
Nada do que dissemos
anteriormente invalida os quatro benefícios directos nas pessoas (já
comprovados) transmitidos pelos seus cães, a saber: função imunológica
melhorada, alteração do microbioma; melhor impacto social e melhoria de humor.
Quer se goste ou não, falando da função imunológica, ter um cão é trazer
sujidade para casa, sujidade essa que pode melhorar o funcionamento do sistema
imunológico e reduzir inflamações prejudiciais ao nosso corpo.
Quanto à alteração do
microbioma, importa dizer que grande número das bactérias encontradas no nosso
trato digestivo não muda apenas com a alteração de dietas, mas também com a
posse de animais de estimação. É possível que a posse de um cão altere os tipos
de bactérias que abrigamos, o que poderá reduzir a inflamação corporal
resultante do risco cardiovascular. Quanto ao impacto social que os cães
promovem, não é preciso alongar-nos muito, pois há até quem lhes chame “santos
casamenteiros”.
No que diz respeito à
melhoria de humor dos proprietários caninos não parecem restar dúvidas, uma vez
que a cumplicidade e afecto incondicional presente dos cães a isso induz, o que
terá ainda como consequência uma melhoria da saúde (lembrei-me agora de alguém
que me deu instrução militar, que sempre dizia ser a dor psicológica. Se calhar
o homem até tinha razão). Estas conclusões foram ratificadas num estudo
recentemente levado a cabo na Suécia.
Este mesmo estudo concluiu
que quem foi mais beneficiado pelos cães foram os proprietários de Retrievers e
de Terriers, mas não adiantando porquê, limitando-se a constatar o facto. Será
porque os primeiros não causam grandes embaraços quando à trela e os últimos
não se cansam de convidar os seus donos para a brincadeira? É possível, ao
certo não sabemos, mas parecem fazer bem à saúde.
Sem comentários:
Enviar um comentário