Foi de propósito que
usámos o verbo “comprar” no lugar de “adoptar”, porque os cães adoptados são na
sua esmagadora maioria mansos e dóceis, ficando a dever isso a três razões
principais: ao facto de não serem de um raça específica, ao seu histórico de
vida e à castração de que são alvo. O mesmo não podemos dizer dos cães de
determinadas raças, que continuam a ser procurados e vendidos por bom dinheiro,
alguns inclusive por não se agradarem de estranhos e carregarem sobre desconhecidos.
Viver em sociedade e
comprar ou treinar um cão para ser anti-social é a partida um contra-senso que
envolverá um sem número de riscos, alguns deles esquecidos ou desconsiderados
na hora da compra do animal. Para além das minhas expectativas, sou obrigado a
comprar um cão a pensar em mim, nos meus e nos outros, porque os acidentes
acontecem e as vítimas preferenciais são por norma os mais frágeis, como
crianças, cinófobos, idosos e deficientes.
Neste Domingo, em Winton,
na Nova Zelândia, segundo noticia o THE
SOUTHLAND TIMES online, um autista de 22 anos foi atacado
por dois Rottweilers numa rua secundária quando se encontrava a passear,
ficando com 60 perfurações no corpo, predominantemente no rosto e na cabeça.
Levado para o hospital, foi sujeito a uma extensa cirurgia à cabeça,
encontrando-se agora a convalescer enquanto não for sujeito a novas operações.
Os cães pertenciam a diferentes donos e ambos encontravam-se soltos no meio da
rua. Quando viram o autista, OLIVER
BEAUMONT, um atacou-lhe imediatamente uma perna e o outro saltou-lhe
para a cabeça. Os autistas vivem em média menos 16 anos que os demais,
precisarão porventura que os cães lhes apressem a morte?
Se em fracções de segundo
se passa da vida para a morte e de homem livre para condenado, é bom que
sejamos precavidos na escolha do cão dos nossos sonhos, porque não podemos
escolher um que esteja para além do nosso controlo e saber, porque se assim
for, mais hoje, mais amanhã, estaremos a causar vítimas nem que seja dentro da
nossa própria casa. E se não temos tempo para treinar e sociabilizar um cão,
então não devemos ir buscá-lo, porque a breve trecho o animal irá pagar por ter
ido parar a mãos impróprias, resultando disso vários atentados ao seu
bem-estar.
Ter um cão valente exige
um dono capaz, alguém que para além da determinação e do saber, tem ainda a
disponibilidade e a força física necessárias para enfrentar as mais inesperadas
situações, um líder que não baixa a guarda, mas que ao mesmo tempo sabe recompensar
o animal pela sua entrega e submissão. Ora, se você não tem nenhuma destas
características e não se quer armar em herói, o melhor que tem a fazer é ir a
um abrigo de animais e adoptar ali um cão. Vai ver que vale a pena e que jamais
se arrependerá, porque terá um amigo ao seu lado que dificilmente causará dano
a alguém.
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