segunda-feira, 11 de junho de 2018

COMPRAR UM CÃO A PENSAR NOS OUTROS

Foi de propósito que usámos o verbo “comprar” no lugar de “adoptar”, porque os cães adoptados são na sua esmagadora maioria mansos e dóceis, ficando a dever isso a três razões principais: ao facto de não serem de um raça específica, ao seu histórico de vida e à castração de que são alvo. O mesmo não podemos dizer dos cães de determinadas raças, que continuam a ser procurados e vendidos por bom dinheiro, alguns inclusive por não se agradarem de estranhos e carregarem sobre desconhecidos.
Viver em sociedade e comprar ou treinar um cão para ser anti-social é a partida um contra-senso que envolverá um sem número de riscos, alguns deles esquecidos ou desconsiderados na hora da compra do animal. Para além das minhas expectativas, sou obrigado a comprar um cão a pensar em mim, nos meus e nos outros, porque os acidentes acontecem e as vítimas preferenciais são por norma os mais frágeis, como crianças, cinófobos, idosos e deficientes.
Neste Domingo, em Winton, na Nova Zelândia, segundo noticia o THE SOUTHLAND TIMES online, um autista de 22 anos foi atacado por dois Rottweilers numa rua secundária quando se encontrava a passear, ficando com 60 perfurações no corpo, predominantemente no rosto e na cabeça. Levado para o hospital, foi sujeito a uma extensa cirurgia à cabeça, encontrando-se agora a convalescer enquanto não for sujeito a novas operações. Os cães pertenciam a diferentes donos e ambos encontravam-se soltos no meio da rua. Quando viram o autista, OLIVER BEAUMONT, um atacou-lhe imediatamente uma perna e o outro saltou-lhe para a cabeça. Os autistas vivem em média menos 16 anos que os demais, precisarão porventura que os cães lhes apressem a morte?
Se em fracções de segundo se passa da vida para a morte e de homem livre para condenado, é bom que sejamos precavidos na escolha do cão dos nossos sonhos, porque não podemos escolher um que esteja para além do nosso controlo e saber, porque se assim for, mais hoje, mais amanhã, estaremos a causar vítimas nem que seja dentro da nossa própria casa. E se não temos tempo para treinar e sociabilizar um cão, então não devemos ir buscá-lo, porque a breve trecho o animal irá pagar por ter ido parar a mãos impróprias, resultando disso vários atentados ao seu bem-estar.
Ter um cão valente exige um dono capaz, alguém que para além da determinação e do saber, tem ainda a disponibilidade e a força física necessárias para enfrentar as mais inesperadas situações, um líder que não baixa a guarda, mas que ao mesmo tempo sabe recompensar o animal pela sua entrega e submissão. Ora, se você não tem nenhuma destas características e não se quer armar em herói, o melhor que tem a fazer é ir a um abrigo de animais e adoptar ali um cão. Vai ver que vale a pena e que jamais se arrependerá, porque terá um amigo ao seu lado que dificilmente causará dano a alguém.

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