O hábito enraizado que
tenho de ouvir os mais velhos e de não me cansar dos seus relatos, tem-me
tornado numa pessoa mais perspicaz e num prolífero contador de histórias verídicas
de tempos idos. Há sessenta anos atrás, numa aldeia recôndita do Alto Minho,
onde rarissimamente se avistava um médico, uma mãe não tinha como aliviar as
fortes dores abdominais que apoquentavam o seu filho de tenra idade.
Desesperada, desabafou com
os vizinhos e um deles sugeriu-lhe que apanhasse uma ou duas bolas de fezes de burro,
que as envolvesse e atasse num pano, que as deixasse ferver por um minuto ou
dois, retirando-as depois e dando a beber aquela “chazada” à criança. A pobre
mulher, que aprendera a ler sozinha, enojou-se e temeu a solução apresentada,
mas vendo o estado em que o filho se encontrava, que ia de mal a pior,
contrariada, aceitou o conselho e assim fez. E não é que o miúdo rapidamente
ficou bom?! Apesar das melhoras do garoto, a mãe, agora octogenária, lamenta
ainda hoje ter dado tal bebida ao filho.
Lá para os Estados Unidos,
uma jovem mulher branca, ainda por identificar e de um lugar ainda por determinar,
a mesma da foto que encabeça este artigo, aparece num vídeo, postado por uma
tal de LYNN LEW no
Facebook, a colectar a urina de um cão para dentro de um copo de plástico,
bebendo-a em seguida, adiantando que tal “bebida” é boa para combater as
depressões e o acne ruim, que graças à sua ingestão a sua pele tem um constante
brilho natural.
Mostrando-se conhecedora dos
benefícios daquela urinoterapia, que diz responsável pela sua beleza, a mesma
jovem adianta que o chichi do cão contém vitamina A, vitamina E, 10 gramas de
cálcio e que também está comprovado que ajuda na cura do cancro. Se assim
fosse, os cães dos pobres, para além de castrados, nasceriam sem rins!
Insanidades destas nem a IGREJA UNIVERSAL seria
capaz de inventar, mas também não precisa, tem por lá uns copos de água que são
também milagreiros e que curam todos os males não só os físicos, mas também os espirituais,
a mesma água que afirma ser a que MOISÉS também
bebeu!
Ainda bem que esta tola
norte-americana, a necessitar de apoio psicológico ou de auxílio psiquiátrico
para seu bem e dos demais, não se lembrou também de comer o cocó do animal, a
pretexto de lhe fazer bem as gengivas e de lhe dar um brilho espectacular aos
dentes.
Apesar da urinoterapia ter
sido praticada nas antigas civilizações chinesa, romana, grega e egípcia, os
seus resultados nunca foram muito concludentes. Talvez por causa disso e por
estar a associada à religiosidade popular, a sua prática tenha sido há muito
abandonada. Não obstante, o culto dos animais e em particular o do cão vai
crescendo a cada dia que passa, ao ponto da sua urina ser considerada altamente
medicinal. Nesta matéria, como em tantas outras onde reina a ignorância e a
crendice, ninguém sabe o que nos trará o dia de amanhã. Será que o Solstício de Verão, que ocorreu hoje no Hemisfério Norte às 11 horas e 7 minutos tem algo a ver com isto?
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