Através da revista APPLIED ANIMAL BEHAVIOR SCIENCE
ficámos a saber de um estudo realizado pela UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO OREGON (OSU), cuja principal autora é LAUREN BRUBAKER, uma
concorrente ao doutoramento no Laboratório de Interação Humano-Animal deste
estabelecimento de ensino superior, onde se concluiu que o encorajamento humano
pode influenciar na resolução dos problemas colocados aos cães, indiciando também
como as pessoas influenciam o comportamento animal.
BRUBAKER a avaliou dois
grupos de cães distintos e de várias raças, sendo o primeiro constituído por
cães de busca e salvamento e o segundo composto por cães de estimação, a quem
apresentou a mesma tarefa a resolver. Os dois grupos dispuseram sensivelmente do
mesmo tempo para encontrar a solução, mas os cães de busca e salvamento foram
melhor sucedidos na resolução da tarefa quando encorajados pelos seus donos,
apesar de não a resolverem com eles ausentes
Os cães de estimação
conseguiram resolver a tarefa com os seus donos presentes, mas sem o seu
incentivo, conseguindo resolvê-la mesmo quando se encontravam sozinhos. Os
investigadores acharam tal incomum, porque os cães de busca e salvamento são
treinados para trabalhar de modo independente e esperava-se que eles superassem
o desempenho dos cães de estimação, o que não veio a acontecer. Este facto
sugere que o comportamento do dono, junto com a expectativa do seu cão e a
cumplicidade que alcançam no seu quotidiano, podem influenciar decisivamente na
solução de tarefas por parte do animal, pormenores que levaram os investigadores
a acreditar que a comunicação entre os cães de resgate e salvamento com os seus
donos poderá ser mais eficaz do que a verificada entre os cães de estimação e
os seus donos.
MONIQUE
UDELL, cientista de animais que dirige o Laboratório de
Interação Humano-Animal na Faculdade de Ciências Agrárias, que assistiu ao
estudo e às experiências que nele fossem desenvolvidas, caracterizando o
comportamento distintivo dos cães envolvidos, disse que enquanto maioria dos
cães procura por mais tempo a solução de um quebra-cabeças quando incentivada, os
cães de estimação acabam por tratar o quebra-cabeça como um brinquedo, ao invés
de se envolverem num comportamento direccionado aos objectivos, acabando por
agir como se os seus donos tivessem a encorajá-los para a brincadeira.
A título de conclusão, a mesma
cientista disse ser possível que os cães de busca e salvamento, quando
dirigidos pelos seus donos, possam entender qualquer tarefa solicitada como
trabalho, talvez porque os seus donos sejam mais eficientes na comunicação da
tarefa em questão ou porque talvez haja algo inerente e diferenciador nestes
cães que os torna mais aptos para a resolução dos problemas. Para se ter a
certeza, UDELL adianta que vão ser necessárias mais pesquisas (vamos esperar
por elas).
Sobre esta temática,
deveras interessante e de grande importância, lembro aqui a tremenda estupidez
e consequente prejuízo para o serviço, quanto um cão, seja qual for a sua
especialidade, se vê obrigado à troca constante de condutores, adaptação por
vezes morosa e nalguns casos até impossível, entre os cães mais fiéis e
valorosos. O cão é uma arma que trabalha com o coração e não exclusivamente com
manuais de utilização! Sabendo isto, nunca empresto o meu cão a ninguém. Onde
for, eu irei, pois é parte de mim mesmo e nenhum de nós deseja ser rachado ou
privado um do outro.
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