sexta-feira, 8 de junho de 2018

A SOLUÇÃO ESTÁ NO ENCORAJAR

Através da revista APPLIED ANIMAL BEHAVIOR SCIENCE ficámos a saber de um estudo realizado pela UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OREGON (OSU), cuja principal autora é LAUREN BRUBAKER, uma concorrente ao doutoramento no Laboratório de Interação Humano-Animal deste estabelecimento de ensino superior, onde se concluiu que o encorajamento humano pode influenciar na resolução dos problemas colocados aos cães, indiciando também como as pessoas influenciam o comportamento animal.
BRUBAKER a avaliou dois grupos de cães distintos e de várias raças, sendo o primeiro constituído por cães de busca e salvamento e o segundo composto por cães de estimação, a quem apresentou a mesma tarefa a resolver. Os dois grupos dispuseram sensivelmente do mesmo tempo para encontrar a solução, mas os cães de busca e salvamento foram melhor sucedidos na resolução da tarefa quando encorajados pelos seus donos, apesar de não a resolverem com eles ausentes
Os cães de estimação conseguiram resolver a tarefa com os seus donos presentes, mas sem o seu incentivo, conseguindo resolvê-la mesmo quando se encontravam sozinhos. Os investigadores acharam tal incomum, porque os cães de busca e salvamento são treinados para trabalhar de modo independente e esperava-se que eles superassem o desempenho dos cães de estimação, o que não veio a acontecer. Este facto sugere que o comportamento do dono, junto com a expectativa do seu cão e a cumplicidade que alcançam no seu quotidiano, podem influenciar decisivamente na solução de tarefas por parte do animal, pormenores que levaram os investigadores a acreditar que a comunicação entre os cães de resgate e salvamento com os seus donos poderá ser mais eficaz do que a verificada entre os cães de estimação e os seus donos.
MONIQUE UDELL, cientista de animais que dirige o Laboratório de Interação Humano-Animal na Faculdade de Ciências Agrárias, que assistiu ao estudo e às experiências que nele fossem desenvolvidas, caracterizando o comportamento distintivo dos cães envolvidos, disse que enquanto maioria dos cães procura por mais tempo a solução de um quebra-cabeças quando incentivada, os cães de estimação acabam por tratar o quebra-cabeça como um brinquedo, ao invés de se envolverem num comportamento direccionado aos objectivos, acabando por agir como se os seus donos tivessem a encorajá-los para a brincadeira.
A título de conclusão, a mesma cientista disse ser possível que os cães de busca e salvamento, quando dirigidos pelos seus donos, possam entender qualquer tarefa solicitada como trabalho, talvez porque os seus donos sejam mais eficientes na comunicação da tarefa em questão ou porque talvez haja algo inerente e diferenciador nestes cães que os torna mais aptos para a resolução dos problemas. Para se ter a certeza, UDELL adianta que vão ser necessárias mais pesquisas (vamos esperar por elas).
Sobre esta temática, deveras interessante e de grande importância, lembro aqui a tremenda estupidez e consequente prejuízo para o serviço, quanto um cão, seja qual for a sua especialidade, se vê obrigado à troca constante de condutores, adaptação por vezes morosa e nalguns casos até impossível, entre os cães mais fiéis e valorosos. O cão é uma arma que trabalha com o coração e não exclusivamente com manuais de utilização! Sabendo isto, nunca empresto o meu cão a ninguém. Onde for, eu irei, pois é parte de mim mesmo e nenhum de nós deseja ser rachado ou privado um do outro.

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