Dificilmente haverá alguma
imprensa mais tendenciosa e menos rigorosa que a dedicada aos pets, que apela descaradamente
às emoções dos seus leitores e que falta constantemente à verdade. Talvez isso
se deva em parte a um inesperado aumento dos animais e ao despreparo de quem é
obrigado a escrever ou a falar deles. Julgo até que nalgumas redacções de
jornais (escritos ou audiovisuais), os jornalistas ou repórteres recém-formados
serão de imediato recambiados para a secção de animais de companhia, sendo esse
o seu primeiro patamar. Para demonstrar o que acabámos de dizer, escolhemos uma
notícia publicada no dia de hoje pelo MAIL
ONLINE, sob o extensivo título “ THREE
ADORABLE GUARD DOGS STICKING THEIR HEADS OUT OF HOLES IN A WALL IS PROVING A
HUGE HITH VISITORS”, cuja foto introdutória é a mesma que
encima este texto.
Para os leitores a quem o substantivo
feminino “bifalhada” possa parecer estranho, adiantamos que os bifes donde
advém não são de vaca ou de porco, mas do termo “bifes” maliciosamente atribuído
aos ingleses que connosco coabitam, sendo “bifalhada” interpretado como “coisas
de ingleses”, normalmente condenáveis ou menos boas. E, segundo a mesma ordem
de ideias, “japonesada”, porque obedece ao mesmo espírito, deve ser aqui também
entendido como “coisas de japoneses”. Respeitando a ordem alfabética, vamos
então à “bifalhada”.
Por pouco não divulgávamos
os autores do artigo, que são os S.rs TED
THORNHILL e TIFFANY
LO.
Sobre a senhora não há nada a destacar, a não ser que é uma novata. Sobre o
cavalheiro (na foto baixo) sabemos que já passou por vários jornais, que é adepto
do Manchester United, que adora violino, snowboard e ciclismo, para além de ser
um entusiasta do vinho, sendo ao momento um editor de viagens no MailOnline, pormenores ou predicados
que o capacitam a escrever sobre cães?! Resta dizer que o “furo” foi
aproveitado de um blogueiro de Taiwan, que até fez um vídeo sobre o assunto, um
tal de MIGUEL YEH
com 34 anos de idade.
Em primeiro lugar convém
dizer que o assunto é de pouco interesse e que a notícia não o beneficiou, que
foi aproveitado somente porque um japonês mandou uma foto dos 3 cães para o TWITTER e
esta foi vista 105.000
vezes. No artigo os cães são tratados como “adoráveis cães de guarda”, que a sê-lo,
seriam para os donos e não para os estranhos. Jamais poderiam ser cães de
guarda por razões que o próprio artigo esclarece, ao dizer que os seus donos
chegam a levá-los para o aqueles buracos para que tenham “um pouco de diversão”.
Caso fossem cães de guarda autênticos colocariam em risco a integridade física
de quem ali passasse e sem dificuldade seriam eliminados. Perante isto,
contrariamente ao que é adiantado, aqueles Shiba-Inu, residentes em SHIMABARA,
na ILHA DE KYUSHU,
não têm quaisquer “security duties”,
o faz do artigo do Sr. Thornhill uma grande “bifalhada” e um deplorável
trabalho jornalístico, se assim o pudermos considerar.
O artigo revela em
simultâneo, e é aqui que está a “japonesada”, apesar de termos por cá muita
gente com os olhos em bico sem ser oriental, que o dono dos cães ou é tolo ou
irreflectido, ao avisar os transeuntes que não devem alimentá-los para que “não
entrem em diarreia”, porque nada disso aconteceria se impedisse a ida dos cães
para aquele muro de três buracos. Não seria melhor para os animais sair com o
seu dono à rua duas ou três vezes por dia? Estará ele demasiado frágil para
fazê-lo? Como é o dia-a-dia dos animais? Que idade têm? Qual é o seu grau de
parentesco? Foram ensinados e estão sociabilizados? A resposta a estas e a
outras perguntas tornaria este artigo mais válido e interessante, mas infelizmente
mais caro. Ao fim e ao cabo sempre vamos dar no mesmo – dinheiro! E se a “TROPA DOS BICHINHOS”
papa tudo, para quê dar-lhe rosbife quando se contenta com hambúrgueres de
qualidade menos recomendável?
Se
só os assuntos relativos aos animais de estimação fossem alvo da desinformação e
da má informação, mesmo assim, não viria grande mal a este mundo, o pior é que ambas
abrangem todos os assuntos da nossa vida e continuam a ter por detrás vários
censores, gente poderosa que os líderes temem, que o grosso das pessoas
desconhece e que dizem o que deve ser notícia ou não. Como dizia o Ti Evaristo,
um velho e franzino saloio que fazia fretes com um burro e uma carroça: “estamos
entregues ao diabo!”
PS: O Ti Evaristo em
questão era um homem bem-disposto e com graça, pai da Maria “Amela”, avô do Zé
Raul, que diziam as más-línguas ser ainda meu parente, e provavelmente bisavô e
até tetravô doutros que desconheço. Ao que parece, os meus tios-avôs maternos
eram como os cucos, que põem os ovos nos ninhos alheios, e do meu lado paterno
sempre ouvi dizer que só as mulheres se aproveitavam. Desconheço se há alguma
verdade nisto, porque se há, eu nasci degenerado. Sempre se diz por aí tanta
coisa que chega a bradar aos céus, “onde Deus vai e chega”, conforme completava um
parente meu que era ferreiro e que nunca se esquecia de mencionar o Profeta Daniel nas suas orações, vá-se
lá saber porquê!
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