CRATE é o termo inglês para designar na cinecultura a caixa onde se enjaulam
os cães e vem da palavra latina “crātis”
que é usada para vime. CRATE TRAINING é processo de ensinar um cão a aceitar uma
caixa ou gaiola como local familiar e seguro, permanecendo ordinariamente nela
ou sempre que se torne necessário. Os seus defensores argumentam que a caixa
substitui o covil de outrora e que nela os animais sentem-se mais seguros e
confortáveis, o que nunca foi provado mas que goza de alguma aceitação.
Lança mão do CRATE TRAINING quem deseja confinar um cachorro e
restringir o seu movimento e liberdade dentro de casa, por razões de princípio,
higiénicas, psicológicas, pedagógicas e sociais, porquanto é um condicionamento
que actua pela punição negativa, que simultaneamente priva os animais da
liberdade e da recompensa. É normalmente usado por expositores de cães de
beleza, que doutro modo não teriam como alojar tanto cão dentro de um
apartamento; por quem procura uma liderança mais forçada que consentida; por
quem procura robustecer artificialmente cães medrosos, que sentindo-se
protegidos dentro da caixa ganham agressividade; por quem deseja castigar cães desregrados,
abusadores ou agressivos (a gaiola “desmonta” qualquer cão) e finalmente por
quem pretende ajudar os cães a terem maior controle sobre a bexiga e os
intestinos, porque enquanto dentro das caixas dificilmente urinarão ou
defecarão, já que são naturalmente asseados por razões ligadas ao seu bem-estar
e sobrevivência. Como se deduz, o CRATE TRAINING pode ser e normalmente é usado como subsídio
na reeducação canina (certos “encantadores” que o digam).
Ao contrário de outros, nunca optámos pelo CRATE TRAINING tanto na educação como na reeducação caninas,
por entendermos ser uma violação da cumplicidade binomial que procuramos e um atentado
ao viver social do lobo familiar, que não nasceu para estar só e não necessita
de ficar deprimido, retraído, ansioso ou hiperactivo. Por outro lado, temendo o
abuso de tal prática, nunca a aconselhámos aos nossos alunos, por temermos a
inusitada reactividade dos seus cães e a sua deterioração emocional e
comportamental, que tanto poderia reverter-se em medo, agressividade ou intolerância, entraves mais do que
suficientes para a sociabilização que sempre procurámos. Para além disto,
porque os cães são animais de hábitos (os homens também) poderia acontecer, como
já aconteceu, que algum cão ao gostar mais da caixa, acabasse por agredir o seu
dono, porque o pequeno habitáculo pode interferir nos vínculos afectivos entre
homens e cães e exacerbar problemas comportamentais como a agressão.
Do ponto de vista prático e no que concerne aos seus
benefícios/malefícios, o recurso ao CRATING veio dar seguimento ao que se procurava através dos cães
acorrentados, método hoje ainda muito usado pelos aficionados das lutas de
cães, porque tanto a caixa como a corrente têm os mesmos propósitos e dividem
os mesmos problemas, apesar de 1,5 m de corrente ser substancialmente mais
barato que uma caixa de inox para o efeito.
Poderá a irreverência de algum cão justificar o CRATE
TRAINING? É possível que sim,
depois de esgotados todos os métodos que lhe são anteriores e que não são nada
poucos! Nos cães e nos homens, quando se procura uma amizade inquebrável e
duradoura, a liderança deverá ser alcançada pelo exemplo e pela caminhada comum
que suporta os revezes e induz à vitória.
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