terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

SVENSKA ARMÉN: MAIS DE 1.209.476,86 € EM CÃES

No último trimestre do ano transacto a compra de cães por parte do exército sueco, ocorrida entre 2006 e 2014, para sustentar o seu programa de reprodução, mereceu o espanto dos seus parceiros internacionais e a suspeição do seu povo, porque esses animais foram adquiridos por preços exorbitantes, no mínimo 10 vezes acima do seu valor de mercado.
As suspeitas aumentaram ainda mais quando se descobriu que o exército dali não tinha aberto nenhum concurso público para a aquisição dos cães, que vieram todos da Alemanha e que chegaram à Suécia através de alguns intermediários, nomeadamente dum revendedor na Dinamarca que conhecia pessoalmente os funcionários e o chefe do “Programa de Serviço de Cães” responsável pelo programa de reprodução, que comprando cães baratos acabou por vendê-los bem caros ao exército sueco.
Contudo, os responsáveis pelos negócios do exército não detectaram nenhuma ilegalidade naquela transacção, adiantando uns que “ao oferecer preços tão atraentes, obtivemos acesso aos cachorros que queríamos", como disse Erik Wilson, antigo reprodutor principal das Forças Armadas da Suécia (Försvarsmakten), citando as linhas de sangue vantajosas dos cães, argumento que não convenceu ninguém, porque mesmo que os cães fossem da melhor linhagem do mundo, jamais justificariam a exorbitância do seu preço.
Para se ter uma ideia concreta acerca da marosca, basta dizer que um cão que foi comprado um mês antes pelo intermediário dinamarquês por 1.915.76€, acabou vendido ao exército sueco por 25.209.37€! E para agravar mais a situação, entre os 59 Pastores Alemães adquiridos, alguns deles ainda não tinham idade para reproduzir, outros apresentavam cicatrizes e outros ainda tinham displasia coxo-femoral, e isto apesar de terem custado em média 20.000€?!
Este negócio, como outros feitos por militares de todas as partes do mundo, não me espantam, porque certa vez conheci um capitão de cavalaria a cavalo que, para além dos cavalos que tinha ao seu encargo, comandava também uma magnífica vara de porcos, cuja venda dizia destinar-se às obras do quartel, beneméritos animais ignotos que nunca se prestaram a inspecções, mas que apesar disso nunca deixaram de dar lucro. Ainda bem que os cavalos daquela subunidade tinham fraco impulso ao alimento e os seus cavaleiros não eram de má boca, porque doutro modo morreriam os porcos à fome.
Tudo isto parece uma brincadeira de Carnaval, mas ainda há bem pouco tempo foi descoberto um “negócio” deste tipo na Força Aérea Portuguesa, que infelizmente julgamos não ser único no panorama das nossas Forças Armadas. O que mais dói nestes casos é que uma maioria sai emporcalhada pelos actos de meia-dúzia de salafrários, ladrões que não se escusaram a vestir uma farda que não lhes pertencia. Oxalá os velhos vícios não atinjam as novas gerações, que os novos ousem ser honestos mesmo que lhes chamem parvos, porque se assim suceder, todos os Estados de Direito agradecer-lhes-ão vivamente. 

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