segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

NÃO FALEM NAS ARMAS, CHAMEM OS CÃES QUANTO ANTES!

Depois do tragicamente ocorrido no liceu de Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Florida/USA, no passado dia 14 do corrente mês, onde um jovem alienado matou a tiro 17 pessoas, dissemos imediatamente para nós mesmos: “Lá vêm os cães de conforto outra vez!”. 
Para que não sobrem equívocos, achamos meritório e louvável o uso e o recurso aos cães de conforto, animais que são transportados para os locais onde as tragédias acontecem e as pessoas mais precisam deles. E nesse sentido há que dar os parabéns à Lutheran Church Charities (LCC), organização pertencente ao Missouri Synod, que mais uma vez e nesta ocasião se fez presente com tratadores e cães em Parkland.
Não obstante, melhor seria que aquele massacre não houvesse sucedido e que os cães fossem dispensados, o que para já parece difícil perante a relutância de Donald Trump em proibir a venda livre de armas de fogo no território norte-americano (dinheiro é bom e ele gosta). Ainda que os cães possam suavizar momentaneamente as dores dos sobreviventes e ajudá-los a descomprimir, transmitindo-lhes uma sensação de conforto, condição essencial para a sua recuperação, jamais conseguirão substituir per semper um ente querido, um pai, uma mãe, um filho ou um irmão.
Aos negociantes de armas mais interessa que se fale do socorro aos sobreviventes do que do massacre propriamente dito, nomeadamente das suas causas, porque assim poderiam ver a sua actividade de algum modo comprometida ou a assistir a algumas restrições na venda da suas “mercadorias”. Como o interesse deles não é o nosso e lamentamos as vítimas, hoje não vamos aqui falar de cães mas sim de armas, das que são postas à disposição de qualquer norte-americano com mais de 18 anos de idade, que não trazem paz e não garantem a segurança a ninguém.
Todos sabemos dos ódios raciais que os Estados Unidos ainda não digeriram e que ciclicamente explodem por lá, que a sociedade norte-americana nunca estranhou os pistoleiros, do número e proezas dos gangues ali existentes, da existência e proliferação de crimes violentos que raramente acontecem noutras partes do globo, do crime organizado, do contrabando e do narcotráfico, de todo um conjunto de actividades consideradas ilegais, cujos responsáveis trazem a morte doutros pendurada na lapela dos seus casacos. 
Facilitar a aquisição de uma de fogo a um jovem não é convidá-lo para o crime? Recrutá-lo para a procura de dinheiro fácil e dar-lhe condições para seguir outros piores do que ele, quando ignorante, desenraizado, carente e marginalizado? Violência não gera violência? O que fará com a arma quando se encontrar revoltado, drogado, ébrio ou simplesmente exaltado?
Caberá aos americanos encontrar a solução. Doravante, em situações idênticas, por amor e respeito às pessoas, não esqueceremos as vítimas e denunciaremos as causas do seu desaparecimento, sabendo que os cães de conforto sempre estarão ao lado dos sobreviventes para os consolar.

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