Depois do tragicamente
ocorrido no liceu de Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Florida/USA, no
passado dia 14 do corrente mês, onde um jovem alienado matou a tiro 17 pessoas,
dissemos imediatamente para nós mesmos: “Lá vêm os cães de conforto outra
vez!”.
Para que não sobrem equívocos, achamos meritório e louvável o uso e o
recurso aos cães de conforto, animais que são transportados para os locais onde
as tragédias acontecem e as pessoas mais precisam deles. E nesse sentido há que
dar os parabéns à Lutheran Church Charities (LCC), organização pertencente ao
Missouri Synod, que mais uma vez e nesta ocasião se fez presente com tratadores
e cães em Parkland.
Não obstante, melhor seria
que aquele massacre não houvesse sucedido e que os cães fossem dispensados, o
que para já parece difícil perante a relutância de Donald Trump em proibir a
venda livre de armas de fogo no território norte-americano (dinheiro é bom e
ele gosta). Ainda que os cães possam suavizar momentaneamente as dores dos
sobreviventes e ajudá-los a descomprimir, transmitindo-lhes uma sensação de
conforto, condição essencial para a sua recuperação, jamais conseguirão
substituir per semper um ente
querido, um pai, uma mãe, um filho ou um irmão.
Aos negociantes de armas
mais interessa que se fale do socorro aos sobreviventes do que do massacre
propriamente dito, nomeadamente das suas causas, porque assim poderiam ver a
sua actividade de algum modo comprometida ou a assistir a algumas restrições na
venda da suas “mercadorias”. Como o interesse deles não é o nosso e lamentamos
as vítimas, hoje não vamos aqui falar de cães mas sim de armas, das que são
postas à disposição de qualquer norte-americano com mais de 18 anos de idade,
que não trazem paz e não garantem a segurança a ninguém.
Todos sabemos dos ódios
raciais que os Estados Unidos ainda não digeriram e que ciclicamente explodem
por lá, que a sociedade norte-americana nunca estranhou os pistoleiros, do número e proezas dos gangues ali existentes, da existência e
proliferação de crimes violentos que raramente acontecem noutras partes do
globo, do crime organizado, do contrabando e do narcotráfico, de todo um
conjunto de actividades consideradas ilegais, cujos responsáveis trazem a morte
doutros pendurada na lapela dos seus casacos.
Facilitar a aquisição de uma de
fogo a um jovem não é convidá-lo para o crime? Recrutá-lo para a procura de
dinheiro fácil e dar-lhe condições para seguir outros piores do que ele, quando
ignorante, desenraizado, carente e marginalizado? Violência não gera violência?
O que fará com a arma quando se encontrar revoltado, drogado, ébrio ou
simplesmente exaltado?
Caberá aos americanos
encontrar a solução. Doravante, em situações idênticas, por amor e respeito às
pessoas, não esqueceremos as vítimas e denunciaremos as causas do seu
desaparecimento, sabendo que os cães de conforto sempre estarão ao lado dos
sobreviventes para os consolar.
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