terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

INDIVÍDUOS ANSIOSOS E ATAQUES CANINOS

Uma pesquisa levada a cabo pela Universidade de Liverpool, cujos resultados foram publicados no Journal of Epidemiology and Community Health, concluiu que os indivíduos ansiosos são muito mais propensos a ser mordidos por cães e que os ataques caninos a pessoas são muito mais comuns do que sugerem as actuais estimativas. Este estudo abrangeu 700 pessoas e descobriu que um quarto delas já havia sido mordida pelo menos uma vez. Os pesquisadores adiantaram que levaram em consideração nos entrevistados a sua idade, sexo e posse ou não de cães. Concluíram também que os homens têm mais de 81% de chances de virem a ser mordidos do que as mulheres e que os proprietários caninos são em média mordidos três vezes mais do que os indivíduos que não têm cão.
Os entrevistados que se disseram emocionalmente mais estáveis e calmos relataram que eram menos propensos a ser mordidos, o que só por si não comprova se o comportamento ansioso aumenta o risco. Os autores do presente estudo não descartam outros fenómenos para a eclosão do fenómeno, adiantando que o status socioeconómico possa também alimentá-lo. Contra 740 mordeduras por 100.000 indivíduos adiantadas pelas estimativas oficiais, este estudo contrapões outro valor: 1.873 mordeduras por 100.000 pessoas. A disparidade dos números resulta das estimativas oficiais, que apenas consideram os indivíduos que deram entrada nos hospitais quando mordidas por cães, o que não esclarece qual o montante das pessoas mordidas e quantas delas requerem tratamento médico.
De acordo com as estatísticas oficiais inglesas de 2015, as admissões hospitalares por ataques caninos por 100.000 habitantes variaram de 27 em Merseyside e de 7.3 em Kent e Medway. Quando foi pedido aos entrevistados que se concentrassem apenas num ataque canino, os investigadores descobriram que apenas 0,6% exigiam admissão hospitalar, muito embora 33% precisasse de alguns cuidados médicos. Ficou a saber-se por outro lado que quase 55% dos inquiridos foi mordido por cães desconhecidos. Os investigadores admitem que o seu estudo tem algumas limitações, porque se baseou no auto-relato, não considerou a idade, sexo e raça dos cães e que só abrangeu uma pequena amostra de indivíduos de uma parte do Reino Unido.
O estudo é válido para se entenderem as causas por detrás dos ataques caninos e operar a sua prevenção, sabendo-se em simultâneo que a maioria das vítimas não chega a dar entrada num hospital. Olhando com mais cuidado para os dados adiantados, espanta-nos o número de pessoas que acaba ali mordida pelos seus próprios cães. Estará na moda ser atacado por eles ou estaremos perante uma nova paranóia? 

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