segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

NÓS POR CÁ: ABSTINÊNCIA SEXUAL PARA OS RECASADOS

D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca Católico de Lisboa, que de clemente parece não ter nada, através da “Nota para a recepção do capítulo VIII da exortação apostólica ‘Amoris Laetitia’”, por si assinada, defende que a igreja católica tem o dever de propor a vida em continência (sem relações sexuais) aos católicos divorciados que vivem em "situação irregular", ou seja, que vivem um novo casamento civil após o divórcio ou que vivem uma união fora do casamento, para que excepcionalmente possam concorrer aos sacramentos da confissão e da comunhão, parecer apenas válido para a Diocese da Capital que não vincula os demais bispos portugueses, não hesitando alguns em manifestar a sua total discórdia em relação ao documento agora elaborado pelo Bispo de Lisboa.
Todos sabemos que historicamente a Igreja Católica tem uma má relação com o sexo, sendo por isso de lamentar os actos de pedofilia e de estupro perpetrados por alguns dos seus sacerdotes, grei que há partida deveria ser celibatária e liberta das “demoníacas” tentações carnais, como lhe é imposto e já vivessem a vida vindoura. Por outro lado, a Igreja Católica já deveria há muito ter-se libertado da confusão entre o reino do poder e o da Glória, parado de inventar sacramentos que não constam dos Meios da Graça adiantados pelo Evangelho. Os sacramentos adiantados pela doutrina bíblica e bem compreendidos pelos Pais da Igreja são apenas dois: Baptismo e Santa Ceia.
Para que haja um sacramento é necessário que aos elementos naturais esteja associada uma promessa divina de perdão, porque doutro modo estaremos diante de ritos que apenas servem a vaidade e a vanglória de quem os pratica, actos que ofendem Deus por colocarem em pé de igualdade o sacrifício de Cristo por toda a humanidade e o sacrifício de cada um, o que sempre terá como consequência directa a incerteza da salvação. No Baptismo, à água (elemento natural) está associada à promessa que diz: “quem crer e for baptizado será salvo”; Na Santa Ceia (Eucaristia), o pão e vinho estão também associados à promessa da remissão dos pecados. Em que capítulo da Bíblia está escrito que o simples acto de casar oferece o perdão de Deus? Se assim fosse, os padres viveriam em grande pecado e desgraça! Será que alguns não vivem?
O casamento é um contrato nupcial entre dois indivíduos e coisa própria deste mundo, não uma condição pela qual alguém mereça a condenação ou a salvação eternas. Quando um casal acabado de casar vai à igreja, vai ali pedir a bênção de Deus sobre o compromisso que voluntariamente assumiram um com o outro, sabendo que não será fácil mantê-lo válido ao longo da vida face ao grau e número das dificuldades encontradas.
Trapalhadas como a motivada pela “nota” de D. Clemente, para além de contribuírem para a divisão da Igreja Católica Portuguesa, servem perfeitamente para aumentar o número dos católicos nominais e diminuir proporcionalmente o dos praticantes, aumentando ainda mais a hipocrisia reinante nesta igreja histórica. O Sr. Cardeal-Patriarca, que já não chega a Papa, gratias ago Deo, já que gosta tanto de mandar e proibir, que ordene à erva ao redor da Sé Patriarcal que pare de crescer, milagre que a acontecer, mereceria por certo a gratidão dos serviços de limpeza da Câmara Municipal de Lisboa. É evidente que para quem não é católico, o parecer deste prelado é de igual valor ao das vozes daquele burro que não chegam ao Céu. 

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